OPINIÃO E INFORMAÇÃO Facebook Twitter
Maceió/Al, 26 de novembro de 2024

Notícias

21/11/2024 às 16:41

Novas regras de financiamento da Caixa elevam custos e desafiam sonho da casa própria

Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN) Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN)

AL1

Desde 1º de novembro, a Caixa Econômica Federal, responsável por cerca de 70% dos financiamentos imobiliários do Brasil, implementou mudanças significativas nas condições de crédito imobiliário, que dificultou o acesso à casa própria para milhares de brasileiros. A instituição, que enfrenta um represamento de R$ 20 bilhões em financiamentos pré-aprovados e uma escassez de recursos disponíveis, anunciou a redução dos percentuais de financiamento para imóveis de até R$ 1,5 milhão.

No Sistema de Amortização Constante (SAC), o limite passará de 80% para 70% do valor do imóvel, enquanto na tabela Price, o teto será reduzido de 70% para 50%. Na prática, o aumento da entrada exigida é substancial: para um imóvel de R$ 1 milhão, por exemplo, o valor inicial no SAC subirá de R$ 200 mil para R$ 300 mil, e na tabela Price, de R$ 300 mil para R$ 500 mil.

“Isso torna o sonho da casa própria mais distante para muitas famílias”, afirma Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN). “Com o aumento na entrada exigida, a liquidez do brasileiro terá que ser maior, algo que nem todas as famílias conseguem garantir. Isso não apenas impede a compra da casa própria, mas também pode levar a um aumento no endividamento e na inadimplência.”

Cenário econômico e impactos diretos


A principal razão para as mudanças é a queda nos depósitos da poupança, a principal fonte de recursos para o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). A baixa rentabilidade da modalidade, em um cenário de juros altos, tem desestimulado os brasileiros a manterem seus recursos na caderneta, reduzindo drasticamente o funding disponível para financiamentos.

Diante disso, a Caixa busca ampliar a captação de recursos via Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e propõe que o Banco Central reduza o depósito compulsório exigido dos bancos, atualmente em 5%.

Para as famílias, o cenário se agrava com a disparidade entre os juros do financiamento imobiliário, que alcançam uma média de 10% ao ano, e o reajuste salarial, que não ultrapassa 4%. Domingos aponta que a inflação real, que afeta diretamente o poder de compra das famílias, pode estar entre 15% e 20% ao ano. “Enquanto os custos sobem rapidamente, os rendimentos não acompanham, pressionando ainda mais o orçamento das famílias e dificultando a formação de poupança para o pagamento de entradas maiores.”

Risco de crise imobiliária


Além das dificuldades enfrentadas pelos consumidores, o mercado imobiliário também enfrenta desafios. O aumento na construção de novos imóveis, sem uma demanda equivalente, pode levar a um desequilíbrio no setor. “A construção desenfreada, sem uma análise realista da demanda, pode culminar em um colapso no setor”, alerta Domingos. “Isso não afeta apenas os compradores, mas também compromete a estabilidade do sistema financeiro.”

O especialista também destaca que a alta inadimplência pode levar a um aumento nas devoluções de imóveis, pressionando ainda mais o mercado.

Diante desse cenário, Domingos recomenda cautela e planejamento financeiro. “Espere pelos próximos 3 a 5 anos. Quando essa bolha imobiliária vier à tona, os preços vão cair, e você poderá comprar com mais tranquilidade”, sugere.

Ele também indica o consórcio imobiliário como uma alternativa viável. Com taxas de administração mais baixas e sem juros, os consórcios podem ser uma forma mais acessível de adquirir um imóvel. Para investidores, o momento exige reavaliação de estratégias, considerando que os altos custos e a redução do poder aquisitivo tornam cada vez mais desafiadora a rentabilidade esperada de aluguéis ou vendas futuras.

Educação financeira: um caminho necessário


Domingos ressalta que, em momentos de crise, a educação financeira é fundamental. “A recomendação é preservar o capital em dinheiro líquido investido, reduzir excessos de gastos e adotar uma gestão financeira cautelosa. Paciência e disciplina são essenciais para superar esse período e se preparar para oportunidades futuras.”

Embora o cenário seja desafiador, a combinação de planejamento estratégico e educação financeira pode ajudar os brasileiros a atravessar este momento de incerteza e, no futuro, alcançar o sonho da casa própria de forma mais segura e sustentável.



Fonte: Assessoria

Comentários

Siga o AL1 nas redes sociais Facebook Twitter

(82) 996302401 (Redação) - Comercial: [email protected]

© 2024 Portal AL1 - Todos os direitos reservados.