A partir desta quarta-feira, 24 de abril, cerca de 34,2 milhões de aposentados, pensionistas e beneficiários de auxílios do INSS começam a receber a primeira parcela do 13º salário de 2025. O pagamento será feito em duas partes: a primeira entre os dias 24 de abril e 8 de maio, e a segunda entre 26 de maio e 6 de junho, conforme o número final do benefício (NIS) e a faixa de renda do segurado.
Com a medida, o governo prevê injetar R$ 73,3 bilhões na economia. A antecipação do abono, oficializada por decreto no início do mês, é vista como um alívio para milhões de famílias, especialmente considerando que mais de 70% dos segurados do INSS recebem até um salário mínimo (R$ 1.518). No entanto, para que esse reforço financeiro não se transforme em frustração nos meses seguintes, é essencial que seja utilizado com educação financeira.
Para os aposentados que estão endividados, a orientação é ter cautela. De acordo com Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN), o 13º salário não deve ser encarado como solução mágica para as dívidas. “Usar esse recurso exclusivamente para pagar dívidas não resolve o problema financeiro — apenas atenua seus efeitos. O endividamento, em geral, tem origem em um desequilíbrio entre o que se ganha e o que se gasta. E é essa causa que precisa ser enfrentada”, afirma.
Domingos recomenda que, antes de qualquer decisão, o beneficiário faça um diagnóstico financeiro: levante exatamente quanto entra, quanto sai, quais compromissos estão assumidos, que despesas podem ser reduzidas e quais hábitos de consumo precisam ser revistos. Só depois disso é possível decidir se vale mais a pena quitar ou renegociar as dívidas.
A divisão entre as parcelas também deve ser pensada com cuidado. “Gastar tudo de forma imediata, sem planejamento, pode comprometer os meses seguintes, especialmente porque esse valor não estará disponível novamente no segundo semestre”, alerta Domingos. Segundo ele, uma alternativa mais saudável é usar a primeira parcela para equilibrar o orçamento e a segunda para despesas inevitáveis do início do ano seguinte, como IPVA, IPTU e matrícula escolar.
Mesmo quem não está endividado precisa ter cautela. Muitas vezes, o aposentado está sem dívidas formais, mas enfrenta diversas pendências — consertos domésticos, exames médicos, compromissos familiares — que podem pressionar o orçamento. “Estar sem dívidas não significa que a situação esteja confortável”, diz Domingos. Ele recomenda que, nesses casos, o aposentado faça uma lista de pendências e avalie o grau de urgência de cada uma, resolvendo apenas o que for essencial no momento. “O 13º não precisa ser um valor completamente comprometido. Ele pode — e deve — ser uma oportunidade para reorganizar a vida financeira com mais consciência”, afirma.
Para quem está com as contas em dia e tem a possibilidade de guardar o dinheiro, o 13º pode ser o início de uma reserva financeira. Nesse caso, a escolha do investimento depende do prazo e do objetivo. Se a ideia é usar o dinheiro em uma viagem dentro de seis meses, o ideal são aplicações com alta liquidez e baixo risco, como poupança, CDBs com liquidez diária ou Tesouro Selic. Já para quem pretende usar o dinheiro no fim do ano, pode-se buscar opções com vencimento em torno de sete a oito meses. “Guardar dinheiro de forma eficiente envolve mais do que simplesmente deixá-lo parado: exige planejamento, definição de objetivos e atenção ao perfil de quem vai aplicar”, orienta.
Se o objetivo for criar uma reserva estratégica, a prioridade deve ser a liquidez: o recurso precisa estar disponível a qualquer momento, para situações imprevistas como problemas de saúde ou emergências domésticas. “Guardar 50% do 13º já representa um grande avanço. Guardar 100% é ainda melhor, desde que isso não comprometa o bem-estar nem gere carências em outras áreas”, ressalta Domingos. “Mais importante do que o valor guardado é estabelecer o hábito. E isso pode começar agora.”
O calendário completo de pagamentos está disponível no aplicativo Meu INSS, no site gov.br/meuinss ou pelo telefone 135. A antecipação do 13º ocorre pelo sexto ano consecutivo, reforçando a importância de se preparar para usar esse valor de forma estratégica. Com planejamento, educação financeira e escolhas conscientes, o 13º pode deixar de ser um alívio momentâneo e se tornar um passo concreto rumo a uma vida financeira mais equilibrada e segura.
Ascom Abefin
(82) 996302401 (Redação) - Comercial: [email protected]
© 2025 Portal AL1 - Todos os direitos reservados.