Livro reúne cultura e tradições de povos indígenas do Sertão de Alagoas

Livro foi escrito por educadores indígenas

Registrar a história dos povos originários, respeitando sua cultura e tradições. Essa foi a motivação que deu origem ao livro O tronco e as ramas: narrativas do povo indígena do Sertão de Alagoas, escrito por educadores indígenas que são estudantes de curso de especialização ofertado no Campus do Sertão da Ufal.

A obra reúne narrativas, histórias, mitos, memórias e já está disponível no site da Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal) para ser baixado gratuitamente e utilizado como material didático nas escolas.

O livro é dividido em 12 capítulos, além de conter uma parte dedicada a sugestões de leituras complementares.O lançamento oficial será durante a 1ª Feira Literária do Sertão, prevista para ocorrer nos dias 13 e 14 de maio, na Unidade Educacional Santana do Ipanema. A programação da Feira se estenderá no período de 15 a 18 do mesmo mês, na sede da Ufal em Delmiro Gouveia.

O organizador da obra, professor Evaldo Mendes da Silva, conta que o livro surgiu durante a pós-graduação em Cultura, Patrimônio e Identidade Indígena. A publicação do e-book, segundo ele, representa um marco importante do movimento que vem ganhando força na sociedade brasileira, principalmente no meio acadêmico, que é o ingresso dos indígenas nas universidades por meio das cotas étnico-raciais, possibilitando a formação na graduação e em cursos de pós.

“Com o ingresso destes povos, que no Brasil representam mais de 305 etnias diferentes, temos muito a ganhar levando em conta que novos pontos de vista sobre o mundo irão descolonizar a visão eurocêntrica de conhecimento que temos hoje em nossas universidades”, destacou. Evaldo espera que a publicação possa encorajar outras iniciativas para que as escolas indígenas se apresentem como espaços de valorização de suas culturas e elevação da autoestima dos estudantes que sofrem com a discriminação.

“De acordo com os alunos do curso, nas escolas indígenas em que atuam, muitos dos livros acabam descrevendo os indígenas de forma estereotipada, não valorizando a ampla diversidade de culturas, idiomas, crenças e sistemas de pensamento que possuem cada um desses povos”, explicou o organizador. Conforme o docente, o livro carrega ineditismo ao ser escrito pelos próprios indígenas, ajudando no processo de formação das crianças que, ao apresentarem dificuldade com os livros tradicionais, acabam sendo penalizadas com situações de repetência e evasão escolar.

“A obra cumpre um papel obrigatório das universidades públicas de divulgar conhecimentos de minorias étnicas que são discriminadas e pouco valorizadas dentro e fora da universidade. Ainda que haja um longo caminho a percorrer, consideramos que passos importantes estão sendo dados porque as minorias sociais organizadas não aceitam mais a submissão vivida há séculos e as transformações atuais são inevitáveis”, afirmou.

Para mais informações sobre o lançamento do livro, acesse @ufalsantana_oficial e @ufalsertao_oficial.

Para acessar o livro na página da Edufal, clique aqui.

Ascom Ufal