Sabrina Lima
Em Sessão Solene Extraordinária do Conselho Universitário (Consuni), foi realizada a outorga dos títulos de Professor Emérito para os docentes aposentados Luiz Antônio Ferreira, José Geraldo Marques e Theresinha Calado. O evento aconteceu na tarde desta quarta-feira (14), no auditório da Reitoria, e contou com a presença da comunidade acadêmica do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBs).
A concessão das honrarias foi ratificada pelo Conselho Universitário em setembro do último ano, em comemoração ao Jubileu de Ouro do curso de Biologia. Os docentes, que são referência em diferentes áreas das ciências biológicas, foram homenageados por suas contribuições ao ensino, pesquisa, extensão e gestão.
A cerimônia teve início com o cortejo solene e com a leitura do juramento pelos homenageados. Na sequência, foram realizadas a outorga dos títulos e os discursos panegíricos, nos quais membros da comunidade acadêmica do ICBS relembraram a trajetória dos novos professores eméritos.
A professora Sineide Montenegro apresentou José Geraldo, que ela conheceu ainda como aluna de um cursinho pré-vestibular. Para Sineide, a primeira reação ao assistir as aulas de José Geraldo foi de encantamento. “Conheço o professor José Geraldo há mais de meio século e eu posso dizer que esse ser humano excepcional abriu caminhos e mentes, me abriu e a tantos outros alunos e colegas de profissão, as possibilidades de ver o mundo de uma forma diferente”, afirmou.
Em seu discurso, José Geraldo, membro da Academia Alagoana de Letras (AAL), recitou três poemas inéditos, de autoria própria. Dois deles, dedicados às suas primeiras professoras, e Confissão, sobre o orgulho que sente das raízes nordestinas e de ser brasileiro. O docente encerrou sua fala declamando trechos de My Way, canção escrita por Paul Anka e imortalizada na voz de Frank Sinatra. Para o professor, a música sintetiza seus sentimentos ao refletir sobre a vida que construiu. “Eu vivi uma vida plena, viajei por toda e cada estrada. E mais, muito mais que isso, eu fiz tudo do meu jeito”.
Na sequência, Iracilda Lima apresentou a trajetória de Luiz Antônio, destacando sua atuação no Laboratório de DNA Forense na Ufal e suas contribuições com a justiça do estado. Para ela, o professor é um exemplo de dedicação.uiz Antônio agradeceu a homenagem e reafirmou a importância das universidades públicas. “Agradeço, especialmente, aos colegas do ICBs. Todo trabalho que eu fiz foi um trabalho conjunto. Nunca faria isso fora de uma universidade pública e sem o apoio de todos. Falaram sobre a importância de abrir cabeças. É muito importante entender pra que estamos aqui, o que é o ser humano e temos uma dificuldade imensa pra trabalhar isso”, avaliou.
“Precisamos questionar sempre: Qual o nosso papel dentro de uma universidade? É de abrir as mentes mesmo, o processo é de serrar, forçar, ensinar a pensar. E isso só é possível em uma universidade, com liberdade de cátedra, com liberdade de pensar criticamente. Esse é o único ambiente que nos permite fazer esse tipo de trabalho e chegar onde nós chegamos. Universidade é esse templo do saber, é esse o nosso ambiente, é essa nossa casa. E é com muita alegria e muita honra que eu recebo essa homenagem”, finalizou.
A docente Leonora Tavares Bastos falou sobre a experiência de ter sua trajetória acadêmica acompanhada pela Theresinha Calado, com quem compartilhou o ensino da Histologia, quando tomou posse como professora na Ufal. “Eu tenho orgulho de ter sido aluna dos três professores homenageados hoje e lembro da aula de cada um deles”, iniciou. “É muito emocionante estar aqui. Theresinha sempre incentivou os alunos. A mim, mostrou a importância de fazer uma monitoria, ingressar em um projeto de pesquisa, de participar, ativamente e com seriedade. A cuidar dos laboratórios e do patrimônio público. Sempre tivemos o maior respeito por ela”.
Leonora se emocionou ao relembrar a dedicação de Theresinha na migração do ICBs, antigo CCBI, para o Campus A. C. Simões.
Em sua fala, Theresinha relembrou o ingresso na Universidade, em 1975. A docente, reconhecida como uma gestora nata pelos colegas, foi uma das principais responsáveis pelo crescimento do ICBs e seus cursos, que hoje são muito bem avaliados pelo MEC. O Instituto também abrange três programas de pós-graduação: o de Ciências da Saúde; o de Diversidade Biológica e Conservação nos Trópicos e o Mestrado Profissional em Ensino de Biologia em Rede Nacional.
“Eu posso dizer que passei toda minha vida profissional em função daquela estrutura. Em certos momentos, eu abri mão da minha vida acadêmica porque eu precisava me dedicar ao ICBs”, afirmou. “Mas tudo valeu a pena, ver hoje o centro de excelência que nos tornamos me faz ter muito orgulho de ter colocado a mão na massa”, concluiu.
Caminhos cruzados em instituições públicas
Cícera Albuquerque, decana do Consuni, elogiou a trajetória dos homenageados e reafirmou a importância desses momentos de reconhecimento a quem contribuiu para a Ufal ser a instituição que é hoje. “Tem pessoas que deixam marcas profundas por onde passam. São vozes que ecoam, mesmo quando tudo se cala. Para essas pessoas, o tempo se curva porque elas para sempre estarão conosco e com os que virão por meio de seus legados”, refletiu.
Renato Rodarte, diretor do ICBs, relembrou sobre como sua trajetória acadêmica foi marcada pelo encontro com os novos professores eméritos. “Vinicius de Moraes, meu conterrâneo, já dizia que a vida é feita de encontros, mesmo havendo tantos desencontros na vida. E eu posso dizer que tive a sorte do encontro com esses homenageados hoje”, iniciou. “Luiz Antônio, que ainda sonhava em vir transferido pra Maceió enquanto eu, menino franzino, precisava de uma orientação que não foi assumida por ele, que estava concluindo o doutorado. Mas a quem eu acompanhava em seus trabalhos, não sei nem se ele lembra. Theresinha eu encontrei quando cheguei aqui. E foi como uma mãe, muitas vezes, quando eu me vi sozinho nessa cidade. O professor José Geraldo eu não encontrei pessoalmente, mas, coincidentemente, a vaga que assumi surgiu pela ocasião de sua aposentadoria”, complementou.
“O legado deles na universidade, no Instituto, foi marcado por muita dedicação. É um legado que estamos continuando, que se reflete em reconhecimento por sua excelência”, finalizou.
Tonholo encerrou o evento falando sobre a importância das universidades e sobre como o cenário financeiro desafiador se contrasta com os resultados do trabalho de tantos profissionais dedicados. “Nessas horas, refletimos sobre duas coisas: a primeira é como é triste participar de um momento de celebração desses, de uma dedicação ao serviço público e à educação, sabendo que a universidade não tem o que comemorar com o corte atual de verbas. A segunda, mais animadora, é sobre como o nosso principal ativo, nosso bem mais valoroso, são as pessoas que estão e que já passaram por aqui, com muita vontade de fazer dar certo. Essa é a nossa sorte”.
“A Ufal, como tantas outras instituições públicas de ensino superior, passa por um período difícil. Mas se tem uma coisa que precisamos reconhecer é a importância de nossa gente. Essa universidade, esse Instituto, que tanto contribuiu com a sociedade alagoana, na justiça, na saúde, na formação de um estado como o nosso, só existe e está de pé porque tem muita gente querendo fazer dar certo. Muitos dos professores hoje do ICBS foram formados por vocês. Eles trazem na formação valores, ética, compromisso com o serviço público, vontade de inovar e de contribuir com a sociedade. E isso é legado. Vai ser repassado pra quem está se formando agora. Vai se perpetuar”, concluiu.
A frente de honra também contou com a presença da reitora honorária Ana Dayse Dorea. As comemorações do jubileu continuam e, em julho, será realizada a cerimônia de outorga dos títulos de doutor honoris causa para os professores Alfredo Raimundo Dacal, Amundoson Portela Cavalcanti, e Rosângela Pereira Lyra.
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