OPINIÃO E INFORMAÇÃO Facebook Twitter
Maceió/Al, 21 de maio de 2025

Notícias

19/05/2025 às 11:48

Portabilidade do consignado impulsiona nova fase do Crédito do Trabalhador

einaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN) einaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN)

O Crédito do Trabalhador entra em uma nova fase, agora com a possibilidade de portabilidade de dívidas, incluindo créditos consignados e CDCs (Crédito Direto ao Consumidor). Desde o dia 16 de maio, trabalhadores com carteira assinada podem migrar empréstimos de instituições financeiras para o programa, com juros mais baixos e contratação facilitada. A mudança é vista como positiva por especialistas, desde que usada com planejamento e estratégia.

Para Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN), a medida tem potencial de beneficiar os trabalhadores ao reduzir o custo das dívidas. “A portabilidade pode ser uma grande oportunidade de economia, principalmente para quem tem empréstimos com juros mais altos. Porém, é fundamental analisar cuidadosamente se a troca realmente compensa, levando em conta não só os juros, mas também taxas adicionais, prazos e o impacto das novas parcelas no orçamento”, orienta.

Desde abril, o Crédito do Trabalhador pode ser contratado diretamente pelos canais digitais dos bancos, com uso do FGTS ou da multa rescisória como garantia. Agora, o programa permite que o trabalhador migre empréstimos já existentes – inclusive de outros bancos – para essa nova linha de crédito, desde que a taxa de juros seja menor. Essa condição é obrigatória por 120 dias, até 21 de julho, conforme a medida provisória que regulamenta o programa.

Para realizar a portabilidade, o trabalhador deve:

- Verificar se o banco de destino está habilitado para operar o Crédito do Trabalhador.

- Solicitar a portabilidade pelos canais digitais da instituição.

- A nova instituição quita a dívida antiga e assume o crédito com juros menores e prazos atualizados.

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, a linha já liberou mais de R$ 10,3 bilhões, com valor médio por contrato de R$ 5.383,22 e prestação mensal média de R$ 317,20. A taxa de juros pode chegar a 1,6% ao mês, bem abaixo da média de 7% a 8% do CDC.

Os riscos e cuidados ao contratar o Crédito do Trabalhador

Apesar das facilidades, especialistas alertam para os riscos do uso indiscriminado do crédito consignado. Reinaldo Domingos destaca que o trabalhador precisa analisar com profundidade o impacto das parcelas sobre a renda. “Comprometer até 35% do salário com um empréstimo é algo muito sério. Mesmo com juros menores, sem planejamento, a dívida pode virar uma armadilha”, afirma.

Outro ponto crítico apontado por Domingos é o uso do FGTS e da multa rescisória como garantia. “Esses valores existem como uma rede de proteção em situações como demissão ou aposentadoria. Ao oferecê-los como garantia, o trabalhador está abrindo mão dessa segurança. Em caso de desligamento, o banco pode abater até 30% da verba rescisória”, explica.

Veja as recomendações de Reinaldo Domingos para um uso consciente da portabilidade e do crédito consignado:

- Faça um diagnóstico financeiro completo

Entenda sua situação atual, avalie outras dívidas e defina se a portabilidade realmente representa economia.

- Compare todas as condições

Não observe apenas a taxa de juros. Analise o CET (Custo Efetivo Total), prazo, valor das parcelas e eventuais tarifas.

- Não use o consignado para alongar dívidas

Trocar uma dívida cara por outra mais barata é positivo, mas transformar uma dívida de curto prazo em uma de longo prazo sem reorganizar o orçamento pode agravar o problema.

- Ajuste o orçamento antes de contratar

Lembre-se de que o valor da parcela será descontado diretamente na folha de pagamento. Sem planejamento, imprevistos podem comprometer a saúde financeira.

- Use a portabilidade como ferramenta, não como solução mágica

É um recurso útil quando bem aproveitado, mas não substitui a necessidade de educação financeira.

Um crédito mais acessível e também mais exigente

A novidade da portabilidade vem reforçar o esforço do Governo Federal para tornar o crédito consignado mais competitivo e acessível ao trabalhador CLT, MEI e empregado doméstico. A contratação é feita por meio da Carteira de Trabalho Digital, com retorno das propostas em até 24 horas após a autorização de compartilhamento de dados pelo trabalhador.

O crédito também pode ser solicitado por quem já possui consignado ativo. A partir de 6 de junho, qualquer trabalhador poderá trocar de instituição financeira, inclusive migrar contratos já firmados no próprio programa. A Dataprev será responsável por gerenciar as operações, enquanto o Ministério do Trabalho acompanhará taxas e perfis dos contratos.

A possibilidade de portabilidade do consignado no Crédito do Trabalhador é, sim, um avanço importante. Porém, como destaca Reinaldo Domingos, é necessário agir com consciência. Mesmo com juros mais baixos, o crédito continua sendo uma dívida que impacta diretamente o orçamento. Com estratégia, planejamento e informação, é possível usar essa nova fase do programa a favor da estabilidade financeira — e não como um risco a mais.

Fonte: Assessoria

Comentários

Coqueiro Seco
Siga o AL1 nas redes sociais Facebook Twitter

(82) 996302401 (Redação) - Comercial: [email protected]

© 2025 Portal AL1 - Todos os direitos reservados.