Robertta Farias
O tema "Adoção e questões étnico-raciais" foi discutido pela ialorixá Mãe Neide e pela fisioterapeuta e professora Ticiane Leal durante a tarde desta sexta (23), no último dia do 14º Encontro Estadual de Adoção. O evento foi promovido pelo Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL) no Maceió Shopping.
Para Ticiane Leal, mãe por adoção do Davi, do João Lucas e da Ane Maria, é fundamental fortificar os filhos para enfrentarem o preconceito e vencer os obstáculos impostos pelo mundo.
"Hoje é muito mais fácil encontrar representatividade. E partindo de famílias brancas com adoções de crianças pretas, é muito importante a presença de um professor, de um pediatra, de um dentista preto para que esse olhar se multiplique. Hoje conseguimos ter barbes, princesas e desenhos com personagens pretos e isso vai fortalecendo cada vez mais", exemplificou.
Ticiane Leal destacou ainda que a adoção inter-racial foi uma oportunidade de conhecer uma realidade diferente da que estava acostumada. "Abriu um horizonte para que situações que, muitas vezes, eu como branca não tive, mas, hoje, por ser mãe de duas crianças pretas, precisei aprender. E isso é importante para fortalecer a formação dos meus filhos", falou.
A ialorixá Mãe Neide comentou sobre como o preconceito pode ser cruel na vida das pessoas negras e como preparar as crianças para o enfrentamento do mundo racista.
"Esse encontro veio fortalecer e auxiliar essas famílias para saberem como lidar com os preconceitos e seus filhos. Eu, como mulher preta, mãe, avó, tia, eu tive essa vivência, muitos sofrimentos no passado, que ainda temos. Mas, hoje, a gente tem a arma de dizer o não e sabemos os caminhos pelos quais devemos caminhar", disse a sacerdotisa.
Ticiane Leal e sua filha Ane Maria
Adoção e apadrinhamento
Os participantes também acompanharam uma mesa redonda que abordou "O papel de cada agente na condução do processo de adoção", com a juíza Fátima Pirauá, titular da 28ª Vara Cível da Capital - Infância e Juventude, o Gustavo Arns, promotor de justiça, Milena Ferro, assistente social, e Mônica Damasco, psicóloga.
Para a magistrada Fátima Pirauá, explicar para a sociedade sobre a adoção e o apadrinhamento é uma forma de proporcionar que os direitos das crianças e dos adolescentes sejam assegurados.
"O ideal é que a criança seja adotada porque vai ter uma família para o resto da vida. Mas se ela não consegue, pela idade, pelo grupo de irmãos, por alguma deficiência, então ela pode ser apadrinhada, porque ela vai conviver com os padrinhos, pode ir passear no shopping, qualquer outro local. É uma maneira de deixar que essa criança não fique apenas no abrigo".
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