Com o tema “Inovação financeira para a transição energética junto aos bancos regionais e de desenvolvimento”, o painel promovido pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) nesta quinta-feira (5), integrou a programação da Brazil Energy Conference 2025, em Teresina (PI). O encontro reuniu representantes de sete instituições financeiras públicas que compartilharam experiências concretas, soluções inovadoras e os principais desafios para acelerar a transição energética no Brasil, com foco em inclusão social, desenvolvimento regional e sustentabilidade econômica.
O painel da ABDE reafirmou o papel central dos bancos públicos e regionais na condução da transição energética brasileira. Com iniciativas que combinam inovação, captação internacional, parcerias estratégicas e foco regional, as instituições demonstraram que é possível alinhar sustentabilidade ambiental com inclusão produtiva e desenvolvimento econômico.
A mediação ficou a cargo de Márcia Maia, presidente da Desenvolve Rio Grande do Norte e diretora da ABDE, que destacou a importância de conectar inovação financeira à transformação socioeconômica dos territórios.
“Nosso objetivo é mobilizar capital para impulsionar a transição energética, promovendo também a inclusão social e o desenvolvimento regional. O Rio Grande do Norte, por exemplo, é hoje o maior gerador de energia eólica do país, com 304 parques em operação e mais de 10 GW de potência instalada, resultado de políticas públicas estratégicas iniciadas há décadas”, afirmou.
O presidente do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), Marcelo Saintive, apresentou o Fundo de Descarbonização da Economia Capixaba, vinculado ao Fundo Soberano do Espírito Santo, que será operado por meio de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios FDIC e contará com R$ 500 milhões em recursos iniciais para projetos de energia renovável, biogás, biomassa, tecnologias limpas e eficiência energética.
“Entre 2004 e 2024, os desastres climáticos custaram R$ 22 bilhões à economia do Espírito Santo. Precisamos transformar risco climático em estratégia de investimento. O fundo vai financiar projetos com retorno socioambiental claro e poderá receber cotistas privados”, explicou.
Ele também citou que 56% das empresas consultadas em 33 municípios afirmaram ter interesse em investir em descarbonização nos próximos 18 meses.
Gabriel Santamaria, Head de Sustentabilidade do Banco do Brasil, compartilhou a trajetória da instituição como líder em finanças sustentáveis e os instrumentos usados para incentivar a adoção de energia renovável por diferentes públicos.
“Em 2022 tínhamos menos de R$ 2 bilhões em carteira para energia renovável. Hoje são R$ 18 bilhões, e nossa meta é chegar a R$ 30 bilhões até 2030”, destacou.
Ele também ressaltou que mais de 184 mil empresas estão habilitadas para comprar energia no mercado livre, e que o BB captou R$ 33 bilhões com investidores internacionais para financiar agricultura de baixo carbono e geração renovável.
Já o superintendente de Negócios do Banco do Nordeste (BNB), Emiliano Portella, apresentou dados robustos sobre o papel da instituição na expansão da infraestrutura energética na região. De 2018 a 2025, o BNB destinou R$ 54 bilhões para geração, transmissão e distribuição de energia — representando 78,9% da carteira de infraestrutura.
“Temos 36,3 mil operações em geração distribuída e R$ 2,63 bilhões aplicados só com o FNE Sol. Nosso foco é apoiar desde grandes projetos até agricultores familiares com microgeração fotovoltaica, promovendo inclusão e eficiência produtiva”, explicou. Portella também destacou projetos industriais em curso no Piauí voltados à descarbonização, com investimentos acima de R$ 1 bilhão.
O analista sênior da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Hudney Antunes, ressaltou que a instituição já apoiou quase R$ 7 bilhões em 270 projetos de transição energética nos últimos dois anos. Ele reforçou o papel das parcerias regionais e da descentralização do crédito.
“A Finep atua como Secretaria Executiva do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Lançamos uma chamada conjunta com diversos parceiros — como BNDES, BB, BNB, Caixa, Sudene — com foco em energia renovável e descarbonização, para projetos a partir de R$ 10 milhões”, disse.
Morenno de Macedo, gerente Nacional de Finanças Sustentáveis da Caixa Econômica Federal, destacou o uso de instrumentos de crédito para induzir práticas sustentáveis no setor habitacional. A Caixa lidera o crédito imobiliário no país, com uma carteira de R$ 850 bilhões.
“Estamos captando cerca de US$ 400 milhões com o Banco Mundial e outras instituições para criar condições diferenciadas para empreendimentos certificados com selos de sustentabilidade, como o LEED, Procel Edifica ou o nosso Selo Casa Azul. Isso pode transformar a indústria da construção no Brasil”, afirmou.
Segundo ele, essa estratégia faz parte de uma operação de blended finance com foco na eficiência energética.
Fonte: Assessoria
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