Tárcila Cabral
Incentivando a produção científica qualificada, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), por meio do edital de Excelência Acadêmica, premiou, na última edição do programa, o trabalho da pesquisadora Ana Oliveira, com a produção de um artigo que investiga a associação entre adição por alimentos e estilo de vida sedentário em estudantes universitários.
O estudo sugere que níveis insuficientes de exercício físico estão relacionados a maiorpropensão à compulsão alimentar.
Vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Nutrição da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a pesquisadora investigou se padrões de sedentarismo poderiam estar associados a comportamentos alimentares disfuncionais em um público cada vez mais vulnerável: o universitário.
A pesquisa, já concluída, foi desenvolvida com base em dados coletados de estudantes de todas as regiões do país e traz contribuições para a compreensão de comportamentos alimentares disfuncionais entre jovens adultos.
Segundo a estudiosa, a escolha pelo tema “adição por alimentos” foi motivada pela observação do aumento expressivo de distúrbios alimentares entre o público jovem presente na universidade, conjunto populacional frequentemente exposto a mudanças bruscas na rotina, desafios emocionais e hábitos pouco saudáveis.
Nesse contexto, Ana Oliveira passou, então, a analisar, de forma inovadora em território nacional, como o comportamento sedentário pode estar relacionado a uma característica específica da compulsão alimentar.
“Buscamos compreender como o comportamento sedentário estaria relacionado à adição por alimentos, um fenômeno ainda pouco explorado no Brasil, mas que já é reconhecido em classificações internacionais, como o DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – Quinta Edição)”, relatou a cientista.
"A prática insuficiente de atividade física parece favorecer quadros de adição alimentar, segundo os critérios do DSM-V, que inclui desejos intensos e episódios de descontrole alimentar entre os comportamentos compulsivos”, frisou a nutricionista.
Além disso, estudantes fisicamente inativos apresentaram maior tendência à desinibição alimentar, ou seja, comer de forma impulsiva ou exagerada diante de estímulos externos, como ambientes obesogênicos.
Abordagem metodológica
O trabalho de Ana Oliveira foi orientado pelo professor Nassib Bueno, nutricionista, doutor em Ciências e coordenador do Laboratório de Nutrição e Metabolismo (Lanum/Ufal).
A proposta analisou dados coletados por meio de um questionário online, respondido por estudantes de 94 universidades públicas e privadas, distribuídas por todas as unidades da federação. Essa amplitude permitiu identificar diversificações nocomportamento alimentar e nos níveis de atividade física entre universitáriosbrasileiros.
“A abrangência nacional desse estudo permitiu identificar diferenças regionais, culturais e socioeconômicas, oferecendo um panorama mais abrangente da realidade brasileira”, explicou a nutricionista.
A acadêmica observou ainda que, apesar do crescimento de estudos internacionais sobre o tema, são escassos os dados nacionais que avaliem a relação entre o sedentarismo e a adição por alimentos.
A pesquisadora explicou que a coleta de informações foi viabilizada com o apoio de instituições de ensino superior, redes sociais e canais institucionais. A divulgação dos formulários teve como objetivo alcançar a maior diversidade possível de estudantes, respeitando o critério de voluntariedade e garantindo o anonimato dos participantes.
Contribuições futuras
Embora o estudo já tenha sido finalizado, a pesquisadora destaca que os próximos passos envolvem a disseminação dos resultados e a ampliação das discussões sobre saúde alimentar e mental entre jovens universitários. Os achados podem subsidiar estratégias de prevenção, sensibilização para a saúde e intervenções clínicas mais direcionadas.
“Acreditamos que, ao chamar atenção para a relação entre estilo de vida sedentário e adição por alimentos, o estudo possa fortalecer iniciativas voltadas à promoção da saúde mental, da alimentação equilibrada e da prática de atividade física nesse público”, pontuou a acadêmica.
Além da contribuição científica, a pesquisadora também ressaltou o impacto do fomento recebido pela Fapeal. “Esse apoio contribuiu para a divulgação dos resultados dentro e fora da universidade, além de servir como um estímulo para incentivar outros colegas pesquisadores e fortalecer mais a valorização da pesquisa acadêmica”.
O edital
O Prêmio de Excelência Acadêmica é voltado à valorização da produção científica de mestrandos e doutorandos vinculados a Programas de Pós-Graduação (PPG) sediados em Alagoas. O reconhecimento é concedido a artigos publicados em periódicos científicos enquadrados no sistema Qualis da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), apenas nos níveis “A”, os mais altos do índice.
Os recursos vêm do Programa Mais Ciência, Mais Futuro, uma iniciativa do Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Ciência, da Tecnologia e da Inovação (Secti) e da Fapeal. Lançado em abril de 2023, o programa planeja investir R$ 200 milhões em CT&I até 2026.
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