“No canto que não tem o manguezal não vai se criar nada, e no canto que tem mangue vai ter o caranguejo, o sururu, a abelha, o mel, a própolis. A gente não deixa ninguém desmatar nada aqui. Nesse trabalho eu criei 5 filhos e hoje já tenho 21 netos e 22 bisnetos”. As palavras são de dona Maria Sebastiana da Conceição, conhecida como Bastinha, 64 anos, que nasceu e sempre morou na Palateia, comunidade tradicional encravada em uma reserva ambiental entre os municípios de Barra de São Miguel e Roteiro, rodeada pela Lagoa de Roteiro, a maior área de manguezal preservado do estado e um fragmento de Mata Atlântica.
Dona Bastinha foi uma das condutoras de canoas que, nesta segunda-feira (28), levaram representantes de instituições parceiras que trabalham pela preservação do meio ambiente e capacitação dos moradores até um local estratégico para um plantio simbólico de mudas de mangue vermelho, espécie comum na localidade.
A ação marca o Dia Mundial de Proteção aos Manguezais, celebrado oficialmente em 26 de julho, e integra o projeto Pró-Manguezais, fruto de uma cooperação técnica entre 14 instituições públicas e privadas, entre elas o Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL).
Representante do MPAL na atividade, o promotor de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, Alberto Fonseca, titular da 4ª Promotoria de Justiça da Capital, reforçou a importância do manguezal para a comunidade Palateia e para o equilíbrio ambiental. “O plantio simbólico de hoje representa a importância da perpetuação e conservação de toda essa biodiversidade, de modo a garantir, assim, a pesca, a ostreicultura, a apicultura e a segurança alimentar dessa comunidade tradicional”, explicou.
Fundadora do Nosso Mangue, Mayris Nascimento acrescentou que o Pró-Manguezais é um pacto estadual em defesa do mangue “de pé”. “Estamos aqui celebrando essa parceria com o plantio de mudas nessa que é a maior área de conservação de manguezal em Alagoas, e nada melhor que fazer isso com a participação da comunidade, dos pescadores, marisqueiras e instituições parceiras, potencializando a riqueza cultural, histórica e ambiental desse lugar”, ressaltou.
A Usina Caeté, que possui trabalhos em prol da Palateia, também enviou representantes para a atividade. “É uma alegria estar aqui. A Usina tem contribuído há bastante tempo com a comunidade, especialmente com eventos que agregam parcerias”, disse Yuri Barbosa, coordenador de Gestão Ambiental da empresa. “Ao alinharmos o conhecimento popular ao conhecimento científico, podemos fazer daqui uma comunidade próspera”, afirmou Grazi Fritscher, que é coordenadora de Projetos do Instituto Beeva.
“Quem não conhece tem que conhecer o mangue, conhecer nosso trabalho, como a gente vive aqui. Eu dou conselho para quem não conhece: venha ver como a gente vive, para assim aprender também a respeitar e conservar os manguezais”, finalizou dona Bastinha.
Ascom MPAL
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