O Estado de Alagoas celebrou dois anos, em maio último, desde que realizou o primeiro transplante de fígado. Até agora, já foram realizados 12 transplantes hepáticos, cabendo ao Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA-UFAL/Ebserh) o acompanhamento desses pacientes nas etapas de pré e pós-operatório. O transplante em si é realizado na Santa Casa de Misericórdia de Maceió.
O acompanhamento dos pacientes é feito no Ambulatório de Hepatologia do Hospital Dia do HUPAA.No período que antecede o transplante, o Hospital Universitário avalia os pacientes com indicação de realizar o procedimento e faz os exames necessários: avaliação de quadros infecciosos associados, coagulação, verificação de alterações metabólicas, avaliações cardiológica e renal, encaminhando, assim, um prontuário o mais completo possível às equipes transplantadoras.
Já no pós-operatório, a unidade hospitalar verifica evidências de rejeição do órgão e outras complicações, fazendo ajustes nas medicações em caso de necessidade. Segundo a hepatologista do HU, Leila Tojal, uma das manifestações pós-transplante mais frequentes é a alteração renal causada por imunossupressores (medicações tomadas para que não haja rejeição).
“Diante da avaliação clínica feita no HU, caso seja constatado que o paciente está evoluindo com alteração renal, são feitas modificações nos imunossupressores por medicamentos que não sejam tóxicos para os rins, em conjunto com as equipes transplantadoras. Quanto mais recente o transplante e o pós-operatório, mais cuidados são necessários”, detalha a especialista.
Indicação para o transplante
O Ambulatório de Hepatologia avalia a indicação para o transplante reunindo os materiais necessários para inclusão em lista, que vão desde exames do tipo sanguíneo até laboratoriais, sorologias, exames de imagem e avaliação cardiológica. A partir daí, o usuário é encaminhado para o centro transplantador.
Um desses pacientes foi o educador físico Jorge Ricardo Andrade, que passou a ter uma vida normal graças ao novo órgão que recebeu após a descompensação da doença hepática causada pela ascite refratária, quadro esse somado a várias internações no HUPAA para a realização de paracentese (punção de líquido acumulado).
“O portador de doença hepática crônica tem um ‘casamento indissolúvel’ com o HU”, resume Leila Tojal, lembrando que, quando esses usuários apresentam quadros de descompensação hepática, mesmo com tratamento clínico instituído, o HU funciona como mediador de um verdadeiro renascimento. “Colocamos o paciente de volta para a sua vida de trabalho, familiar, trazendo normalidade não apenas para ele, mas à família, ciclo de amigos e trabalho”, acrescenta.
Outro prisma destacado pela hepatologista é a oneração do Sistema Único de Saúde (SUS), já que há uma série de situações que representam dispêndios consideráveis, a exemplo dos quadros de encefalopatia hepática (que necessita internação em UTI), descompensação por ascite refratária (com reposição de medicamentos de albumina – uma proteína de alto custo) ou hemorragia digestiva (que precisa ser submetido à ligadura elástica por endoscopia).
Ganho para o SUS
“O transplante não apenas tem o papel de retomar a vida normal do paciente, como também representa um grande ganho para o SUS, porque há um investimento”, ressalta. “E a partir da realização do procedimento, ocorrem menos gastos, como em consultas médicas esporádicas e exames laboratoriais, que não se comparam às internações mensais anteriores”, conclui a médica.
A jornada dos pacientes transplantados rumo a uma nova vida é acompanhada por equipe multidisciplinar composta por profissionais das áreas de hepatologia, nutrição, odontologia, serviço social e enfermagem. O HU dispõe, ainda, de cirurgiões responsáveis pelo aparelho digestivo, que podem realizar cirurgias hepáticas e esplenectomia (retirada do baço), um dos procedimentos mais frequentes nos portadores de doença hepática e esquistossomótica.
Ascom HUPAA
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