Crônica: O dono da bola decide quem brinca

Por Rodrigo Alves de Carvalho

Fã dos personagens de Wald Disney, um promissário empresário decidiu colocar o nome de Donald em seu filho recém-nascido, o que se acredita ter sido um erro, já que muitos anos mais tarde constatou-se que o nome que lhe caberia melhor seria o de Pateta.

Na infância, o mimado e emburrado Donald se mostrou extremamente egocêntrico e manipulador. Como tinha uma condição financeira privilegiada, sempre levava os melhores brinquedos para a escola e só deixava brincar os amiguinhos que lhe puxavam o saco, compartilhavam suas lições ou conheciam bem de sua cabeleira amarelada.

Por muitas graças, falava de chantagem para com as outras crianças para conseguir o que queria.
— Pisei no cocô de cachorro, limpe o meu sapato, senão não te convido para nadar na piscina da minha mansão!
— Estou cansado, me carregue em suas costas, senão não te deixo brincar com meu Ferrorama!
Tentou jogar futebol, mas era muito ruim, entretanto, como era o dono da bola, os outros garotos deixaram ele jogar (era café com leite), mas como sua ruindade acabou prejudicando seu tempo e ninguém lhe jogando a bola, o enfezadinho Donald fechou o jogo com a bola embaixo do braço.
— A bola é minha e não deixo mais ninguém brincar!

Nesta época, o pequeno Donald conheceu outro menininho enfezado que se tornou um de seus melhores amigos (pelo menos era a impressão que estava vendo). 

Os dois tinham ideias e pretensões muito parecidas, entretanto, o amiguinho não tinha lá uma boa tranquilidade na vizinhança, mesmo assim, uma parcela da criança do bairro o respeitavam e acreditavam nas histórias que ele contava. Entre essas crianças, era o pequeno Donald, que jurou defendê-lo com toda sua força, unhas, dentes e chantagens...

Dizem que os dois amigos cresceram e se tornaram homens muito conhecidos. Contudo, o amiguinho continua se metendo em confusões, se envolve em vários encrencas.
Já Donald, continua com suas manias chantageadoras. Vira e mexe inventa um jeitinho de fazer suas vontades, principalmente para livrar os amigos de situações periclitantes.

(*) Nasceu em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta, possui diversos prêmios em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas promovidas por editoras e órgãos literários. Atualmente colabora com suas crônicas em jornais brasileiros conceituados e Blogs dedicados à literatura. 

Em 2018, lançou seu primeiro livro intitulado “Contos Colhidos”, pela editora Clube de Autores. Trata-se de uma coletânea com contos e crônicas ficcionais, repleta de realismo fantástico e humor. Também pela editora Clube de Autores, em 2024, publicou o segundo livro: “Jacutinga em versos e lembranças” - coletânea de poemas que remetem à infância e juventude em Jacutinga, sua cidade natal, localizada no sul de Minas Gerais.