O aumento da sensação de insegurança, que permeia a rotina da população brasileira, tem relação direta com a migração da criminalidade nos últimos anos. De acordo com o Atlas da Violência 2025, houve uma queda significativa nos crimes violentos contra o patrimônio, como roubos em geral, e também nos homicídios. No entanto, esse alívio nas ruas contrasta com o avanço silencioso dos crimes digitais. O estelionato praticado por meios eletrônicos explodiu nos últimos anos, somando quase dois milhões de registros apenas em 2023 — o equivalente a um golpe a cada 16 segundos.
A mudança de perfil da criminalidade, já apontada também no Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, não é exclusiva do Brasil. Trata-se de uma tendência global, em que o ambiente digital se tornou o novo terreno de ação de criminosos, atraídos pela possibilidade de ganhos elevados com baixo risco de detecção. Neste novo cenário, o seguro cibernético tem ganhado cada vez mais protagonismo como uma resposta prática e estratégica para empresas de todos os portes.
"O seguro cibernético tem se mostrado uma ferramenta essencial para mitigar os danos causados por ataques digitais, oferecendo não apenas ressarcimento financeiro, mas suporte técnico e operacional para contenção de crises", explica Eduardo Fazio, representante do Sindicato das Seguradoras Norte e Nordeste (Sindsegnne).
As apólices costumam incluir serviços de consultorias técnicas e de imagem, recuperação de ativos digitais e bancos de dados, cobertura por interrupções de negócios e por ameaças cibernéticas, além de responsabilidade civil — especialmente importante em casos de vazamento de dados pessoais de clientes ou colaboradores, que podem resultar em ações judiciais e sanções administrativas.
Mas antes de contratar o seguro, as empresas passam por uma análise de risco detalhada. As seguradoras consideram aspectos como a infraestrutura de segurança da informação da empresa, o volume e a natureza dos dados que ela armazena, o nível de conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), o histórico de incidentes anteriores e os programas de capacitação voltados aos colaboradores. "Empresas que demonstram maturidade na gestão de riscos cibernéticos conseguem melhores condições de cobertura e prêmios mais competitivos", ressalta Fazio.
Entre as boas práticas recomendadas para reduzir o risco de incidentes — e também o custo do seguro — estão o controle rigoroso de acessos, atualizações periódicas de sistemas e softwares, monitoramento contínuo das redes para detecção precoce de comportamentos suspeitos, além de rotinas robustas de backup e recuperação de dados. A capacitação dos funcionários também é estratégica, já que grande parte dos incidentes se inicia com falhas humanas, como cliques em links maliciosos ou uso de senhas fracas.
O mercado de seguros reflete esse movimento. Segundo dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), a arrecadação com seguros cibernéticos saltou de R$ 20,7 milhões em 2019 para R$ 203,3 milhões em 2023 — um crescimento de 880% em apenas cinco anos. Uma pesquisa recente da ManageEngine mostrou que 63% das empresas brasileiras que sofreram ataques em 2023 recorreram às apólices contratadas, colocando o Brasil entre os países com maior uso desse tipo de cobertura na América Latina.
Além da proteção financeira, o seguro cibernético também tem se mostrado uma ferramenta relevante para o cumprimento da LGPD, ao oferecer estrutura para a resposta a incidentes, incluindo a notificação de titulares de dados afetados, a defesa jurídica da empresa e a compensação por danos materiais e morais. "Embora o seguro não substitua a responsabilidade legal da empresa, ele representa uma camada extra de proteção e governança, ajudando a preservar a reputação e a continuidade do negócio", afirma Fazio.
Empresas que não contam com essa proteção estão mais expostas não só a prejuízos operacionais, mas também a implicações legais severas. A LGPD prevê multas que podem chegar a 2% do faturamento anual da empresa — limitadas a R$ 50 milhões por infração —, além de sanções da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), como a suspensão do tratamento de dados. Há ainda o risco de ações judiciais por parte dos titulares de dados pessoais comprometidos.
Em um ambiente digital cada vez mais hostil, o seguro cibernético se consolida como um instrumento fundamental para a resiliência das organizações. "A criminalidade evoluiu, e as empresas precisam evoluir também. Ter uma apólice de seguro digital hoje é como ter um extintor de incêndio: não se espera usá-lo, mas é vital tê-lo quando a emergência acontece", conclui Fazio.
Fonte: Assessoria
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