Eliana Custódio - Jornalista e poeta
Domingo, para mim, tem gosto de fruta. Tem gosto de infância brincando entre as árvores, subindo no pé de goiabeira para colher a goiaba ali, no galho, ao alcance da minha mão. E, ao colhê-la madura, saborear ali mesmo, espichada num galho, com aquela sensação de desejo realizado. A perfeição desse momento só era quebrada pelo grito da minha mãe: “Desce daí, menina, você pode cair”.
Domingo, para mim, tem gosto de afeto. Iguais aos sabores, os afetos também são múltiplos. Depois de descer da goiabeira, corria para o abraço da minha avó, espertamente tentando me livrar do castigo da minha mãe. Sentir-me acolhida naquele abraço era a melhor sensação que uma criança poderia experimentar. E minha avó ainda cochichava no meu ouvido: “Vai lá na cozinha pegar a manga fresquinha que eu guardei para você”! Um domingo na mais pura vivência do amor!
Domingo, para mim, tem gosto de encontro. Porque, mais que uma data no calendário, domingo é sentimento. É ver a criança que você foi se divertindo de mãos dadas com a adulta que você é... indo passear com vontade de se arriscar... roubar um beijo, se lambuzar de sorvete, voar de asa-delta... vendo nos olhos e sentindo na alma aquela vontade de rodopiar e mergulhar no novo!
Domingo, para mim, tem gosto de música. Porque os ritmos embalam os temperos, os destemperos, as memórias e os esquecimentos. Domingo é escala musical... Dó maior chamando os semitons para o carnaval! E esperando na sacada enquanto o silêncio sobrevoa a partitura. Domingo é aquela vontade danada de dar o play e ver que a magia volta a acontecer... tocando a nossa playlist favorita!
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