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Maceió/Al, 28 de março de 2024

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01/03/2021 às 16:40

Crônica: Queria ser um urubu

Rodrigo Alves de Carvalho (*)

A professorinha pergunta aos alunos da primeira série qual animal gostariam de ser e a meninada se anima pensativas em qual bichinho seria o mais legal, o mais bonito ou o mais forte. 

- Que animal você gostaria de ser Sofia? 

- A menina loirinha com jeitinho angelical responde timidamente: 

- Gostaria de ser uma coelhinha. Bem branquinha e fofinha. 

Todos os alunos suspiram imaginando a linda coelhinha que seria a Sofia. 

- E você João? Qual bichinho seria? 

- Queria ser um leão, sabe tia. Um leão bem forte e bravo! 

Todos alunos temeram o feroz leão que João queria ser. 

- Agora você Aninha? 

- Ah Tia, queria ser uma gatinha bem alegre para brincar bastante. 

Todos alunos ficaram felizes em imagina-la como uma gatinha sapeca. 

- E você Luquinha, que bichinho fofinho queria ser? 

- Sabe Fêssora, queria ser um urubu! 

A professora confusa quer saber o porquê de ser um urubu. 

- Fêssora, o urubu é um dos passarinhos que voa mais alto, fica lá em cima voando de um lado para o outro. Também ninguém come urubu, nem o homem, nem o cachorro e nem o leão, por isso não tem inimigo... 

- Mas Luquinha, o urubu come carniça! 

- Ara Fêssora! A senhora não sabe que para o urubu a carniça é como um banquete? Quando o urubu come carniça é como se estivesse comendo filé mignon! 

Os alunos fazem cara de nojo e riem das explicações de Luquinha que continua: 

- O urubu tem essa fama de trazer azar para as pessoas, mas já que eu quero ser um urubu, não vou ter azar, quem vai ter são as pessoas, né Fêssora? 

A professora concorda, já impressionada com a opção de Luquinha em ser aquela ave. 

Outros alunos também começam a perceber as vantagens em ser um urubu. 

- Fêssora, até me vejo voando bem lá no alto, olhando pra baixo tudo pequenininho, as árvores, as casas, as pessoas... tudo igual formiguinhas... 

O sinal do recreio bate e os alunos da primeira série aos poucos saem da sala. 

Todos de braços abertos voando junto do Luquinha, pairando no ar, bem acima das nuvens. 

Pois eram todos alegres urubuzinhos. 


(*) Nasceu em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2018 lançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores. 


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