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Maceió/Al, 29 de março de 2024

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07/06/2021 às 17:53

Crônica: A invasão dos pombos gigantes

Rodrigo Alves de Carvalho (*)

Os moradores avistaram aquelas criaturas horrendas descendo em vários pontos da cidade. 

Eram pombos gigantes! 

Tinham cerca de 6 metros de altura e de asa a asa podiam chegar a mais de 15 metros. Eram terríveis. Desceram em bandos de milhares. 

A população entrou em pânico, se escondiam dentro de suas casas, a polícia foi acionada, mas de nada poderiam fazer, era preciso muitas balas para derrubar um, mas a quantidade era enorme. 

Os pombos gigantes desciam sobre a fiação elétrica e os que não eram eletrocutados derrubavam fios e postes deixando a cidade sem energia elétrica, sem internet e sem telefone. 

Carros eram pisados e totalmente amassados, os pombos circulavam batendo uns aos outros pelas ruas do centro e da periferia, na zona rural e nas estradas de terra. 

Comiam tudo o que achavam pela frente, árvores, cachorros, gatos, só não comiam homens e crianças porque esses se escondiam debaixo das camas. 

Nas roças, os pombos gigantes acabaram com todas as plantações, cana, café, milho e não comiam só as frutas, comiam as árvores inteiras. Até o gado não suportavam as bicadas e acabavam morrendo e depois devorados. 

A situação ficou mais caótica quando os pombos começaram a fazer seus ninhos em cima das casas, só que não era embaixo das telhas e sim as arrancavam com os bicos e os pés e faziam os ninhos com troncos de árvores, o que muitas vezes as casas não suportando o peso vinham abaixo. 

Sem contar a sujeira, toneladas de estrume de pombos empestaram a cidade, o mau cheiro era insuportável e cada vez aumentava. 

Se não bastasse tudo isso, os piolhos dos pombos que eram do tamanho de aranhas caranguejeiras começaram a invadir as casas e atacar moradores, muitos morreram sem uma gota de sangue no corpo. 

O exército e a aeronáutica foram convocados, mas os aviões eram abatidos pelos pombos em pleno ar e os caminhões tanque pareciam brinquedos sendo bicados e jogados de um lado para o outro. 

O que restava da população viva da cidade esperava pelo pior, nunca imaginaram morrer daquela forma, atacado por pombos gigantes, entretanto, no terceiro dia de invasão, todo suprimento da cidade, nas plantações, árvores e animais haviam acabado. 

Sem ter o que comer, os pombos simplesmente alçaram voo e sumiram no ar, numa revoada sincronizada para alívio dos moradores sobreviventes. 

Alguns dias depois astrônomos dos Estados Unidos conseguiram observar em seus potentes telescópios, o bando de pombos gigantes entrando em uma enorme fenda no espaço, o que julgaram ser o portal para outra dimensão... 

- Pô Armando, essa é a história mais ridícula que já ouvi! 

O rapaz interrompe o amigo que contava a história dos pombos gigantes. 

Jogando milho para seus pombos no quintal de sua casa, continua a intervir na história do colega: 

- Se Você não gosta de pombos, o problema é seu, mas não fica inventando histórias e deixe-me cuidar das minhas pombinhas em paz! 

(*) Nasceu em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2018 lançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores.


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