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Maceió/Al, 16 de junho de 2025

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08/01/2025 às 14:34

Trabalho híbrido: tendência para 2025, mas realidade distante na maioria das empresas

O trabalho híbrido, que mistura os formatos presencial e remoto, tem sido amplamente discutido como a tendência mais promissora para o futuro do mercado de trabalho, principalmente para 2025. Contudo, por mais que esse seja um anseio por parte dos trabalhadores, o modelo ainda não é do interesse das maiorias das empresas.

O que se observa, na prática, é que a implementação efetiva do trabalho híbrido enfrenta uma série de desafios, tanto do ponto de vista estrutural quanto organizacional, e é bem menos presente do que a maioria imagina.

De acordo com um levantamento da Gupy, em parceria com a LCA Consultoria Econômica, publicado em 2024, as ofertas de vagas em modelos híbridos ainda são escassas. Enquanto 87,2% das vagas abertas no país são presenciais e 5% remotas, apenas 7% das vagas seguem o formato híbrido. Esses dados evidenciam que, apesar do crescente discurso sobre o trabalho híbrido, a realidade do mercado ainda é dominada por modelos tradicionais, nos quais a presença física continua sendo a norma.

A transição para o trabalho híbrido envolve uma série de desafios para as empresas, e a resistência de muitos empregadores ainda é um dos principais obstáculos. Para Mourival Boaventura Ribeiro, sócio da Boaventura Ribeiro Advogados Associados, "depois da pandemia, quando as empresas se viram obrigadas a adotar o trabalho remoto, esse tema evoluiu para o trabalho híbrido, e agora deve seguir regras legais".

A sanção da Lei nº 14.442/22, que regulamenta o trabalho híbrido e remoto, trouxe uma série de mudanças, mas a adaptação às novas regras tem sido lenta para muitos empresários, que ainda enfrentam dificuldades para implementar e ajustar a estrutura necessária para garantir a eficiência desse modelo.

Um dos principais desafios está na infraestrutura e na organização interna das empresas. “Para garantir um modelo híbrido funcional, é preciso revisar políticas de trabalho, garantir a tecnologia adequada para a comunicação remota e presencial, além de revisar contratos de trabalho e adaptar-se às novas exigências legais”, alerta Boaventura Ribeiro.

A resistência dos empregadores

São uma série de fatores, que vão desde a falta de confiança no desempenho dos colaboradores fora do ambiente de trabalho físico até a dificuldade de medir a produtividade no formato remoto, que surgem como empecilhos para esse modelo de trabalho.

Segundo Tatiana Gonçalves, CEO da Moema Medicina do Trabalho, "A escolha de quem vai para o modelo híbrido de trabalho deve ser feita pelos gestores diretos do time, fazendo uma pesquisa para entender a qualidade do espaço que o colaborador tem para desempenhar o papel".

Tatiana também explica que a empresa deve avaliar criteriosamente a infraestrutura do home office de cada colaborador para garantir que ele tenha um ambiente adequado e seguro para realizar suas tarefas. “A adoção do trabalho híbrido exige que os gestores compreendam o perfil de cada colaborador e as condições de trabalho em que ele se encontra. O modelo exige autonomia e responsabilidade, e esses são traços essenciais que precisam ser observados com atenção”, afirma a CEO.

A resistência por parte dos empregadores também está relacionada à necessidade de reconfigurar a gestão de equipes. Embora a flexibilidade seja atraente para os colaboradores, muitos líderes de empresas ainda se mostram desconfortáveis com a ideia de não estarem fisicamente presentes para supervisionar suas equipes. A falta de contato constante pode gerar uma sensação de desconexão, o que acaba dificultando o engajamento e a colaboração entre os membros da equipe.

A segurança da informação como preocupação central

Um dos pontos críticos na implementação do trabalho híbrido, especialmente quando há o uso de tecnologia e ferramentas digitais, é a segurança da informação. As empresas precisam garantir que seus dados estratégicos e confidenciais estejam protegidos, independentemente de onde seus colaboradores estejam trabalhando.

Segundo Carol Lagoa, co-founder da Witec, "Para empresas que trabalham com conteúdo estratégico ou confidencial dos clientes, qualquer risco de vírus pode ser fatal para o negócio. Assim, é preciso estar sempre atualizado com soluções de segurança, dando também suporte para o trabalho em casa."

Carol Lagoa destaca que, quando um colaborador está trabalhando remotamente, a empresa precisa oferecer suporte adequado para garantir que o equipamento utilizado esteja protegido contra vírus e outros riscos cibernéticos.

"O empregado que esteja em teletrabalho, ao acessar a rede da empresa, estando seu equipamento desprotegido e contaminado por vírus, fatalmente transmitirá isso para os computadores da companhia, trazendo problemas diversos, até ataque hacker nos sistemas da empresa", alerta ela. Isso exige uma colaboração constante entre a área de TI das empresas e os colaboradores, que precisam estar treinados para utilizar as ferramentas de segurança.

Questões legais e normativas: adaptando-se à nova realidade

Além da resistência dos empregadores e das questões estruturais, as empresas ainda precisam se adaptar a uma série de novas normativas legais para garantir que o trabalho híbrido seja implementado corretamente. A Lei nº 14.442/22, que regulamenta o teletrabalho e o trabalho híbrido, trouxe uma série de mudanças importantes. Entre elas, está a flexibilização do controle de jornada para os trabalhadores remotos, que pode ser feita de forma mais flexível, desde que as contratações sejam por produção ou tarefa.

Tatiana Gonçalves também alerta para a importância de respeitar as Normas Regulamentadoras (NR), especialmente a NR 17, que trata de ergonomia no ambiente de trabalho. "Laudos com a NR 17 e PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) são de extrema importância para garantir que o colaborador trabalhe em segurança, minimizando, assim, riscos de acidente de trabalho ou doença ocupacional." Essas questões precisam ser explicitadas no contrato de trabalho e gerenciadas adequadamente, seja no modelo híbrido ou remoto, para que os empregadores não se vejam diante de problemas legais ou de saúde ocupacional no futuro.

O trabalho híbrido pode ser uma realidade no futuro, mas, por enquanto, ele ainda é um modelo incipiente e de difícil implementação para grande parte das empresas no Brasil. O futuro do trabalho está, sem dúvida, sendo redesenhado, mas esse redesenho exige paciência, adaptação e aprendizado por parte das organizações.

Fonte: Assessoria

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