No auge da pandemia, o home office foi declarado como o futuro do trabalho. Porém, cinco anos depois, muita coisa mudou. Em 2025, muitas empresas estão abandonando o modelo remoto, como é o caso da Amazon, que exigiu o retorno dos funcionários em regime totalmente presencial.
No Brasil, a tendência de retorno ao trabalho presencial tem ganhado força, especialmente em grandes cidades. Apesar disso, o modelo híbrido ainda é o mais adotado, com 57% de adesão entre as empresas brasileiras, de acordo com uma pesquisa realizada em 2024 pela KPMG.
Outro dado que demonstra a força que vem ganhando o regime presencial, é a retomada positiva do mercado imobiliário corporativo, com a vacância de escritórios no Brasil atingindo o nível mais baixo desde 2020. Porém, muitas empresas estão buscando alternativas para reter talentos e veem o trabalho híbrido como um benefício atrativo.
Outro dado relevante é o levantamento realizado pela Gupy, em parceria com a LCA Consultoria Econômica, publicado em 2024, 87,2% das vagas abertas no país são presenciais, 5% são para trabalho remoto e apenas 7% seguem o formato híbrido. Esses números evidenciam que, embora o trabalho híbrido seja frequentemente citado como a grande tendência, a realidade ainda é dominada por modelos tradicionais de trabalho presencial.
Assim, a tendência parece ser a de um equilíbrio entre o trabalho presencial e o híbrido, mas com desafios que precisam ser enfrentados pelas organizações para garantir a eficiência e a satisfação dos colaboradores.
Desafios na implementação do trabalho híbrido
Mas, se é um anseio dos trabalhadores, por que as empresas relutam em adotar esse modelo? Ocorre que a transição para o modelo híbrido enfrenta diversos desafios, tanto do ponto de vista estrutural quanto organizacional. A resistência de muitos empregadores é um dos principais obstáculos. Após a pandemia, quando as empresas foram obrigadas a adotar o home office, muitas começaram a experimentar o trabalho híbrido. Contudo, a implementação efetiva desse modelo exige adaptações significativas nas políticas internas, infraestrutura tecnológica e na organização dos contratos de trabalho.
Segundo Mourival Boaventura Ribeiro, sócio da Boaventura Ribeiro Advogados Associados, "depois da pandemia, as empresas passaram do trabalho remoto para o híbrido, e agora precisam adaptar-se às novas regras legais". A sanção da Lei nº 14.442/22, que regulamenta o trabalho híbrido e remoto, trouxe mudanças importantes, mas a adaptação a essas novas regras tem sido lenta para muitas empresas, que enfrentam dificuldades em ajustar suas estruturas para garantir a eficiência do modelo híbrido.
Infraestrutura e segurança: desafios essenciais
Entre os principais desafios da implementação do trabalho híbrido, destaca-se a questão da infraestrutura. Para garantir um modelo híbrido funcional, é necessário revisar políticas de trabalho, oferecer tecnologia adequada para a comunicação remota e presencial, e garantir que contratos de trabalho estejam adaptados às novas exigências legais. A segurança da informação também é uma preocupação central, especialmente quando os colaboradores trabalham remotamente e acessam sistemas corporativos de casa. A empresa precisa garantir que as ferramentas e os dispositivos usados pelos colaboradores estejam protegidos contra riscos cibernéticos.
Carol Lagoa, co-founder da Witec, alerta: "Quando um colaborador trabalha remotamente, a empresa precisa garantir que seu equipamento esteja protegido contra vírus e outros riscos. Caso contrário, o risco de ataques cibernéticos pode comprometer a segurança da companhia."
Resistência dos empregadores e reconfiguração da gestão
Muitos líderes de empresas ainda não se sentem confortáveis com a ideia de não estarem fisicamente presentes para supervisionar suas equipes. Além disso, a falta de contato constante pode gerar uma sensação de desconexão, dificultando o engajamento e a colaboração entre os membros da equipe.
Tatiana Gonçalves, CEO da Moema Medicina do Trabalho, afirma que a escolha de quem vai para o modelo híbrido de trabalho deve ser feita pelos gestores diretos de cada equipe, avaliando as condições do ambiente de trabalho de cada colaborador. A adoção do trabalho híbrido exige autonomia, responsabilidade e uma compreensão detalhada das condições em que cada colaborador se encontra.
A importância de adaptar-se às novas normativas
Além das questões estruturais e culturais, as empresas também precisam adaptar-se a novas normativas legais. A Lei nº 14.442/22, que regulamenta o trabalho híbrido e remoto, trouxe mudanças que flexibilizam o controle de jornada para trabalhadores remotos. No entanto, a implementação dessas mudanças tem sido um processo lento e difícil para muitas empresas, que precisam garantir que seus contratos de trabalho e suas políticas internas estejam em conformidade com as novas exigências.
Tatiana Gonçalves também destaca a importância de cumprir as Normas Regulamentadoras (NR), especialmente a NR 17, que trata de ergonomia no ambiente de trabalho. "Laudos com a NR 17 e o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) são fundamentais para garantir a segurança dos colaboradores, minimizando os riscos de acidente de trabalho ou doenças ocupacionais", explica.
O futuro do trabalho: um equilíbrio entre presencial e híbrido
Apesar dos desafios, o trabalho híbrido continua a ser uma opção promissora para muitas empresas que buscam reter talentos e melhorar a satisfação de seus colaboradores. Contudo, é claro que a adoção do trabalho híbrido exige paciência, adaptação e aprendizado contínuo por parte das organizações.
O futuro do trabalho está sendo redesenhado em 2025, no entanto, o caminho para uma transição efetiva ainda está repleto de desafios. Adaptar-se às novas normas legais, garantir infraestrutura adequada e criar políticas internas que atendam tanto às necessidades da empresa quanto às dos colaboradores são passos essenciais para o sucesso de qualquer modelo de trabalho.
Em última análise, a flexibilidade e a adaptação serão fundamentais para que as empresas consigam equilibrar o trabalho híbrido e presencial, garantindo produtividade, segurança e bem-estar para todos.
Fonte: Assessoria
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