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Maceió/Al, 30 de abril de 2025

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28/04/2025 às 12:26

Sudene destaca papel da Caatinga na redução do aquecimento global e amplia ações de preservação do bioma

Indicadores comprovam potencial do bioma na redução dos níveis de CO2 na atmosfera Indicadores comprovam potencial do bioma na redução dos níveis de CO2 na atmosfera

À primeira vista, o chão por vezes com aspecto seco e a vegetação rala da Caatinga podem enganar os desavisados. Mas por trás da aparência supostamente inóspita e resistente que ainda permeia a imaginação de senso comum sobre o bioma tipicamente nordestino, pulsa um dos maiores trunfos ambientais do Brasil na luta contra o aquecimento global. Estudos recentes revelam que o bioma semiárido, único do mundo exclusivamente brasileiro, é surpreendentemente eficiente na captura de carbono — processo fundamental para reduzir os níveis de CO₂ na atmosfera. E é exatamente nesse contexto que a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) tem se colocado na linha de frente da proteção e valorização desse patrimônio natural, cuja importância é celebrada nesta segunda (28), Dia Nacional da Caatinga.

Ao contrário do que se poderia sugerir para um bioma que carimba a paisagem de uma região semiárida, a vegetação da Caatinga é altamente eficiente no processo de fotossíntese. "Mesmo sendo um bioma de clima seco, a Caatinga tem mostrado uma capacidade extraordinária de ajudar nesse equilíbrio climático. As plantas são verdadeiras especialistas em aproveitar cada gota de chuva: quando chove, elas rapidamente "acordam", crescem e realizam uma intensa fotossíntese, retirando grandes quantidades de CO₂ da atmosfera em pouco tempo", explica o professor John Elton Cunha, do Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

O pesquisador também destaca a Caatinga como um dos ecossistemas mais eficazes da América do Sul neste serviço ambiental. “Enquanto a Amazônia é reconhecida por sua capacidade contínua de absorver carbono ao longo do ano, a Caatinga se notabiliza pela velocidade e eficiência com que realiza esse processo em seus ciclos sazonais”, comentou.

Desde 2010, o Observatório Nacional da Caatinga — uma rede multidisciplinar integrada por 13 universidades brasileiras, seis institutos de pesquisa e cinco instituições internacionais —, parceiro da Sudene, monitora a dinâmica do carbono, da água e da energia no Semiárido brasileiro, por meio de torres instaladas em áreas de vegetação nativa e pastagens. Os resultados indicam que, em áreas de Caatinga hipoxerófila (mais úmidas), o sequestro de carbono pode chegar a 5 toneladas por hectare/ano. Já em áreas hiperxerófilas (mais secas), a média varia entre 1,5 e 2,5 toneladas. Outro dado diz respeito à eficiência no uso do carbono: a Caatinga retém, em média, 45% do CO₂ absorvido, superando todos os outros tipos de florestas estudadas até hoje. Em termos de eficiência hídrica, o bioma também se destaca, fixando entre 2,7 e 5,2 kg de CO₂ por metro cúbico de água transpirada.

Reconhecendo essa importância estratégica, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste colocou a preservação da Caatinga como prioridade no Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE), política que regionaliza as ações de desenvolvimento social e econômico previstos no Plano Plurianual (PPA) do Governo Federal. A autarquia também está na linha de frente da revisão dos Planos Estaduais de Combate à Desertificação, investindo R$ 1,5 milhão em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Essas ações visam fortalecer os instrumentos de gestão e preparar o Brasil para debates internacionais cruciais, como a COP30, garantindo que a voz em defesa do bioma seja ouvida.

“Estamos lidando com um patrimônio natural estratégico para o Brasil e para o mundo. A Caatinga não é sinônimo de escassez, mas de potência: de biodiversidade, de inteligência adaptativa e de inovação com potencial de escala planetária. Nosso trabalho é fortalecer políticas públicas que preservem esse bioma e promovam um desenvolvimento justo e sustentável no Semiárido”, afirma Danilo Cabral, superintendente da Autarquia.

Paralelamente, a Sudene também aposta na bioeconomia como vetor de desenvolvimento sustentável. Através de iniciativas como a Rede Impacta Bioeconomia, lançada com as universidades federais de Pernambuco (UFPE) e do Vale do São Francisco (Univasf), a superintendência vinculada ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional busca valorizar a rica biodiversidade local e aperfeiçoar o manejo praticado por agricultores familiares e cooperativas instaladas no território. O projeto visa identificar e utilizar plantas da Caatinga para a produção de bioinsumos e até medicamentos, gerando renda e fortalecendo cadeias produtivas baseadas no uso sustentável dos recursos naturais.

Riqueza ambiental

Este esforço se justifica pela riqueza ainda subestimada do bioma. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, a Caatinga abriga uma diversidade impressionante: o bioma abriga 4.963 espécies de plantas e 1.182 espécies animais, muitas delas não encontradas em nenhum outro lugar do planeta. Essa biodiversidade única, contudo, está sob ameaça constante do desmatamento, da degradação do solo e dos impactos das mudanças climáticas, tornando as ações de conservação ainda mais urgentes.

“A integração de políticas, ciência e conhecimento tradicional constroem um caminho para garantir que a Caatinga continue a oferecer seus múltiplos benefícios ao Brasil e ao mundo, sendo a Sudene parte fundamental neste processo”, conclui Danilo Cabral.

Ascom Sudene

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