Dia 7 de junho é realizado o Dia Mundial da Segurança dos Alimentos. Os dados, criados pela Organização das Nações Unidas (ONU), têm como objetivo chamar a atenção para a importância de escolhas conscientes e da informação clara sobre aquilo que consumimos. E um exemplo bem presente no nosso dia a dia está nas prateleiras dos supermercados: os produtos com a expressão “sabor chocolate” estampada nas embalagens.
Você sabe o que isso significa? É chocolate de verdade ou só lembra? E, mais importante: há impactos na saúde e no bolso do consumidor? De maneira bem direta, os produtos com a descrição “sabor chocolate” são alimentos que imitam o gosto do chocolate, mas que não são, de fato, chocolate. Isso acontece porque eles não seguem os critérios mínimos estabelecidos pela legislação brasileira e, por isso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exige que os alimentos informem claramente quando são apenas “sabor chocolate”, justamente para não enganar o consumidor.
A explicação é da nutricionista Anete Mecenas, coordenadora do curso de pós-graduação em Nutrição da Estácio e doutora em Bioquímica com ênfase na química dos alimentos, antioxidantes e biotecnologia. Segundo ela, no Brasil, a Anvisa determina que, para um produto ser chamado de chocolate, ele precisa ter pelo menos 25% de sólidos de cacau na composição. "Isso inclui massa de cacau, cacau em pó e manteiga de cacau. Sem isso, o produto não pode legalmente receber esse nome e, por isso, surge a necessidade de utilizar na embalagem o termo 'sabor chocolate', baixa que aquele alimento apenas lembra o sabor, sem atender às exigências da categoria chocolate", alerta.
A regra está prevista na Resolução RDC nº 264/2005 da Anvisa, que diz que abaixo desse percentual de 25%, o produto precisa ser rotulado obrigatoriamente como "sabor chocolate", conforme estabelecido também pela RDC nº 429/2020 e pela Instrução Normativa nº 75/2020, que trata da rotulagem nutricional de alimentos no Brasil.
Na prática, explicado a nutricionista, a diferença está tanto na composição quanto na qualidade. O verdadeiro chocolate carrega o cacau como protagonista. Já o produto o sabor chocolate traz na fórmula uma série de substitutos, como: Aromatizantes artificiais ou naturais de chocolate; Gorduras vegetais mais baratas (como óleo de palma, soja ou coco) no lugar da manteiga de cacau; corantes e intensificadores de sabor; e menor quantidade, ou quase nada, de cacau verdadeiro.
Para o consumidor, isso significa um produto com gosto que lembra o chocolate, mas com uma composição bastante diferente. "É o que vemos, por exemplo, em coberturas de bolinhos, biscoitos recheados e sorvetes 'sabor chocolate'. Eles têm muito mais gordura, açúcar e aditivos do que cacau", alerta Anete.
Outra questão que atrai o consumidor é o preço mais barato. A resposta está justamente nos ingredientes. "O cacau, especialmente a manteiga de cacau, é um dos componentes mais caros na fabricação de chocolate. Ao substituir essa matéria-prima por gorduras vegetais e aromas artificiais — que custam centavos na indústria —, o custo de produção cai bastante", explica o coordenadora do curso de pós-graduação em Nutrição da Estácio.
Anete acrescenta que o processo industrial do chocolate é mais complexo e caro, com etapas como conchagem (processo que melhora textura e sabor) e temperagem (que dá brilho e firmeza). Já os produtos sabor chocolate costumam pular essas etapas, economizando tempo, energia e maquinário.
“Embora sejam mais acessíveis no preço, esses produtos costumam ter alta quantidade de gordura de má qualidade, açúcar e aditivos químicos, com pouco ou nenhum dos benefícios do cacau, que é rico em antioxidantes naturais”, destaca. A nutricionista explica que isso não quer dizer que não é para consumir esses produtos, mas é importante saber o que você está levando para casa.
Olhar o rótulo é um ato de autocuidado e segurança alimentar — reforce Anete. “Sempre vale olhar o rótulo e entender a diferença entre um chocolate de verdade e um alimento que só tem 'sabor chocolate'”, orienta. Outra dica é observar a lista de ingredientes, que deve ser organizada em ordem decrescente. "O primeiro item da lista é aquele que está presente em maior quantidade no produto. O último é o que está em menor quantidade. Muitas vezes, o primeiro da lista é açúcar, seguido de gordura vegetal, e o cacau aparece só no final, o que significa que tem muito pouco dele na composição", finaliza.
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