Ministério Público destaca agenda ambiental e refaunação da Mata Atlântica durante Semana da Sustentabilidade

Papagaio-chauá, papagaio-do-mangue, macuco e mutum-de-alagoas são espécies que, por muito tempo, coloriam e davam diversidade de sons às áreas de Mata Atlântica em Alagoas. Porém, as ações de caça e o desmatamento do bioma causaram a redução desses animais e praticamente a extinção de alguns deles em vida livre.

Para trazer de volta esses moradores ilustres e proteger aqueles que ainda estão na natureza, o Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) construiu e coordena o Programa Pró-Espécies, que se deriva em diversos Planos de Ação Estadual (PAE), os quais foram destacados, nesta terça-feira (17), pelos promotores de Justiça Alberto Fonseca (Defesa do Meio Ambiente) e Lavínia Fragoso (Recursos Hídricos), durante participação na Semana da Sustentabilidade da Usina Caeté, realizada no auditório do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), em São Miguel dos Campos.

“Queremos mudar a realidade dos desertos verdes que temos atualmente em Alagoas, que são matas sem os sons típicos dessas áreas justamente pela ausência de seus animais, como as aves que estamos trabalhando dentro dos Planos de Ação Estadual. Além disso, cada uma delas possui uma função ecossistêmica, ou seja, tem muito a contribuir com o equilíbrio do meio ambiente”, ressaltou o promotor Alberto Fonseca, que é titular da 4ª Promotoria de Justiça da Capital.

Inseridas no Plano Estratégico 2023-2029 do MPAL, as ações incluem não apenas a refaunação, isto é, a reinserção dos animais de volta aos seus habitats, mas também a conservação e ampliação dos fragmentos de Mata Atlântica e Caatinga que servem de abrigo para esses bichos. Para isso, o órgão ministerial criou o Pró-Reservas e o Pró-Manguezais. Como consequência, há o programa de incentivo à criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), áreas que, após regulamentadas, devem ser preservadas de maneira perpétua.

“São áreas que podem ser usadas para fins de soltura de animais, bem como atividades de pesquisa científica, educação ambiental e observação de espécies, de forma sustentável e em prol sempre da preservação, as quais permanecem como propriedades particulares. Nesse processo, temos tido uma adesão muito significativa do setor sucroalcooleiro”, acrescentou a promotora de Justiça Lavínia Fragoso, titular da 5ª Promotoria de Justiça da Capital.

A Semana da Sustentabilidade, promovida pela Usina Caeté, cuja matriz industrial fica em São Miguel dos Campos, também abordou a conservação ambiental como fonte de trabalho e renda, dando espaço para temas como apicultura e meliponicultura, reciclagem de materiais plásticos, óleo de culinária e até casca de siri, que resultam em produtos que geram renda para famílias vulneráveis.

“A Semana é uma oportunidade para a congregação dos nossos colaboradores, dos alunos do Ifal e da população local em prol de ações sustentáveis. Queremos todos eles como partícipes desses projetos, pois sozinhos não conseguimos dar dimensão e efetividade às iniciativas”, ressaltou Paulo Ramalho, diretor administrativo da Usina Caeté.

Coordenador de Sistema de Gestão Ambiental da empresa, Yuri Barbosa apresentou as principais ações da empresa nesse segmento. “Fazemos reúso da água dentro da indústria e trabalhamos com efluente zero, o qual é aproveitado na fertirrigação da própria lavoura. Também usamos tecnologia que reduz a emissão de gases para a atmosfera e aproveitamos o bagaço da cana para produção de bioenergia”, detalhou o coordenador. Ele também citou as ações de reflorestamento, a manutenção 12 mil hectares de áreas preservadas e a criação de sete RPPNs.

O evento contou ainda com palestra do Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) da Polícia Militar e uma apresentação teatral do Sesi sobre a temática de meio ambiente, reciclagem e sustentabilidade.

Ascom MPAL