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Maceió/Al, 04 de julho de 2025

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02/07/2025 às 13:05

“Umbigo” abre programação do Palco Giratório em Alagoas com dança, memória e ancestralidade

Espetáculo alagoano mergulhando nas raízes afro-indígenas por meio do coco de roda e da dança contemporânea Espetáculo alagoano mergulhando nas raízes afro-indígenas por meio do coco de roda e da dança contemporânea

Por Sarah Azevedo

Nessa terça-feira (1º), foi inaugurada a edição 2025 do Palco Giratório em Alagoas. A abertura aconteceu no Teatro Jofre Soares (Sesc Centro), com o espetáculo “Umbigo”, da companhia alagoana Ozinformais. Dirigida por Carlos Alberto Barros e interpretada pelos bailarinos Jailton Oliveira e José Marcos “Topete”, uma obra que investiga as relações entre identidade e memória por meio do movimento.

Tendo como ponto de partida o coco de roda alagoano, “Umbigo” propõe uma imersão na ancestralidade afro-indígena do Brasil, conectando corpo, território e tradição. O espetáculo também conta com a trilha sonora de Iury Limão e um cenário minimalista, que reforça a relação entre som, chão e gesto.

O título faz referência à "umbigada", gesto em que os participantes se tocam com a região do umbigo, movimento típico do coco de roda e de outras danças afro-brasileiras. Para o bailarino Jailton Oliveira, esse gesto carrega um simbolismo profundo: “A referência do corpo, a referência afro-indígena traz uma relação do que é que o umbigo é: qual é o meu umbigo? Eu estou ligado a quê? A quem? Mesmo sendo contemporâneo, eu tenho uma consciência, eu tenho uma presença naquilo que me moveu até aqui”.

O diretor Carlos Alberto Barros complementa: “Para esse espetáculo buscamos trazer o 'nosso umbigo', a nossa ancestralidade e a nossa lembrança do coco de roda, e é aí que trazemos a poética: quando mergulhamos dentro de nós e trazemos o nosso coco de roda para o palco”.

A professora de artes Joelma Ferreira, que assistiu à apresentação, destacou a força territorial da obra: "Eu consigo localizar o coco, consigo localizar a dança contemporânea. Tem momentos em que o espetáculo também se dilui, não fica o tempo inteiro amarrado no passo, o que é bem interessante de observar". Ela também ressaltou a importância do projeto: "O Palco Giratório é incrível porque traz o Brasil inteiro pra cá, pro nosso lugar. É uma oportunidade de ver, de conhecer, não só a nossa dança, feita de uma nova maneira, pensada para o teatro, mas também de conhecer os 'Brasis' que existem aqui, no nosso país".

Sobre o Palco Giratório


Criado em 1998, o Palco Giratório é reconhecido por fomentar a diversidade e a circulação das artes cênicas em todo o território nacional. A cada edição, grupos de todas as regiões do Brasil percorrem diferentes estados, levando ao público espetáculos de circo, dança, teatro e ações formativas. A curadoria do projeto é feita por uma comissão integrada pelos Departamentos Regionais e Polos do Sesc, sob forma cooperativa do Departamento Nacional, assegurando um processo de seleção democrático e representativo.

O bailarino José Marcos “Topete”, que divide o palco com Jailton, falou sobre a experiência de integrar o projeto: “Estar nesses lugares é desbravar. Por estarmos mergulhados em nossa arte da tradição, achamos que ela é vista, e nem sempre é. A gente sente que está levando uma novidade. Existe uma curiosidade no público, um encantamento e um desbravar do que é a cultura alagoana. Perguntam o que é a umbigada, o trupé... Não é só sobre a narrativa que construímos, mas também sobre como ela é atravessada em cada um”.

Próximos espetáculos


A temporada do Palco Giratório em Alagoas segue até dia 24 de julho, com espetáculos em Maceió e Arapiraca, todos com entrada gratuita. “Umbigo” ainda será apresentado no Teatro Hermeto Pascoal, em Arapiraca, no dia 3 de julho, às 20h.

Confira a programação:

UMBIGO


Grupo: Ozinformais (AL) / Gênero: dança / Classificação: livre

Dia 3/7, às 20h, no Teatro Hermeto Pascoal (Sesc Arapiraca)

Inspirado no toré, ritual sagrado indígena, e no coco de roda alagoano, com ênfase no trupé, o espetáculo une movimentos circulares à cadência rítmica que ecoa memórias de resistência negra e indígena. "UMBIGO" é uma experiência que vai além da dança: é uma experiência corporal e espiritual que propõe uma reflexão sobre a herança cultural e o papel de cada um na continuidade da história.

ANÉ DAS PEDRAS


Coletiva Flecha Lançada Arte (CE) / Gênero: performance / Classificação: livre

Dia 2/7, às 17h, na Praça Sinimbu

Dia 4/7, às 10h, no Sesc Arapiraca

"Ané" (sonho vivo, em kariri) é um ritual performático inspirado nas práticas do povo Kariri. Nele, a artista Bárbara Matias Kariri percorre a cidade com uma cuia de pedras, convidando o público a entregar seus sonhos à terra. Unindo arte, espiritualidade e coletividade indígena, a performance transforma memória e desejo em força criadora.

APTÁ


Esparrama! (MG) / Gênero: dança/teatro / Classificação: livre

Dia 8/7, às 20h, no Teatro Jofre Soares (Sesc Centro)

Dia 10/7, às 20h, no Teatro Hermeto Pascoal (Sesc Arapiraca)

Por meio de uma narrativa sensível que une dança, teatro, palavra e silêncio, o espetáculo aborda relações familiares no contexto do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Inspirado em vivências pessoais, “Aptá” valoriza o afeto e a escuta como ferramentas de conexão entre gerações.

A FABULOSA HISTÓRIA DO GURI-ÁRVORE


Grupo Fulano Di Tal (MS) / Gênero: teatro-poesia / Classificação: livre

Dia 15/7, às 20h, no Teatro Jofre Soares (Sesc Centro)

Dia 17/7, às 14h30, no Teatro Hermeto Pascoal (Sesc Arapiraca)

Livremente inspirado na obra de Manoel de Barros, o espetáculo celebra a infância por meio da brincadeira, do teatro de animação e de canções autorais. Os irmãos Abílio (Douglas Moreira) e Palmiro (Edner Gustavo) reúnem histórias de quintal, tecendo uma narrativa sensível e poética.

FIANDEIRO DE TEMPO


Com Coletivo Iluminar (AC) / Gênero: monólogo híbrido experimental / Classificação: livre

Dia 22/7, às 20h, no Teatro Jofre Soares (Sesc Centro)

Dia 24/7, às 20h, no Teatro Hermeto Pascoal (Sesc Arapiraca)

Este monólogo teatral retrata o modo de vida dos ribeirinhos do Acre, trazendo à cena suas histórias, músicas, referências e saberes tradicionais. A peça destaca o som do “espanta-cão”, instrumento típico da região, e mergulhador nas rezas, benzeduras e na religiosidade católica-popular, elementos centrais da cultura amazônica acreana.

Ascom Sesc Alagoas 

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