As mulheres alagoanas estão adiando a maternidade e tendo menos filhos, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na última sexta-feira (27). A tendência acompanha o movimento nacional de queda da taxa de fecundidade, com impactos diretos na configuração das famílias e nas políticas públicas voltadas à saúde reprodutiva e à equidade de gênero.
Um dos principais sinais dessa transformação é o aumento da idade média ao ter o primeiro filho: passou de 26-27 anos, em 2010, para 29 anos em 2022. Em Alagoas, o cenário é semelhante. A maternidade deixa de ser um destino esperado para se tornar uma escolha mais consciente, construída com base em outras prioridades como a formação acadêmica, a estabilidade financeira e o crescimento profissional.
Segundo a médica especialista em reprodução humana, Eugênia Câmara, esse adiamento da maternidade não é apenas reflexo das novas possibilidades das mulheres, mas também do desejo de viver a experiência de forma planejada e segura.
“Hoje, muitas mulheres priorizam a carreira, os estudos, a independência financeira. Ser mãe deixou de ser uma imposição e passou a ser uma escolha mais consciente e planejada”, afirma Eugênia.
Ela ressalta ainda que esse novo cenário tem sido fortalecido pelo maior acesso a informações sobre saúde reprodutiva, pelo uso de métodos contraceptivos modernos e pelo aumento da autonomia feminina sobre o próprio corpo.
O congelamento de óvulos
A busca por mais tempo e liberdade para decidir o momento de ser mãe tem levado muitas mulheres a considerarem o congelamento de óvulos como alternativa de planejamento. Segundo um levantamento recente da Anvisa, o número de mulheres que passou por ciclos de congelamento de óvulos cresceu 76% no país apenas entre 2020 e 2023. O aumento foi ainda mais expressivo entre mulheres com menos de 35 anos, faixa etária em que o crescimento chegou a 98%.
“Com o aumento do número de mulheres que adiam a maternidade por motivos pessoais ou profissionais, o congelamento de óvulos se torna uma ferramenta importante de planejamento reprodutivo”, explica Eugênia.
Segundo a médica, o procedimento representa protagonismo e autonomia sobre o futuro. “Preservar os óvulos em idade fértil amplia as chances de sucesso em uma gravidez futura e traz mais liberdade para que cada mulher decida quando é o momento certo para ser mãe.”
Eugênia destaca que, a partir dos 35 anos, a fertilidade feminina tende a cair mais rapidamente, tanto em quantidade quanto em qualidade dos óvulos, o que pode dificultar a gestação e aumentar os riscos de complicações.
“Por isso, o congelamento ainda na faixa dos 30 anos tem se tornado uma escolha cada vez mais comum entre mulheres que desejam preservar a possibilidade de ser mãe no futuro, sem a pressão do relógio biológico”, conclui.
Fonte: Assessoria
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