Projeto leva formação em acessibilidade audiovisual do litoral ao sertão de Alagoas

Inclusão cultural ganha reforço com capacitação acessível em audiovisual

Flávia Lima

A democratização do acesso à cultura ganhou um novo impulso em Alagoas. O projeto “Permear a inclusão: Acessibilidade audiovisual do litoral ao sertão”, promovido pela empresa Permear Arte e Acessibilidade, realizará cursos de formação voltados à acessibilidade comunicacional com foco em audiodescrição, janela de Libras e legendagem para surdos e ensurdecidos (LSE).

A proposta é inédita no estado: oferecer aulas 100% online, acessíveis e gratuitas, com vagas para moradores de todas as regiões de Alagoas, incluindo o Agreste, Sertão e Baixo São Francisco. Serão oferecidas 40 vagas por curso, com 5 vagas reservadas para cada região, e parte delas é destinada a pessoas com deficiência, negras, mulheres e povos tradicionais.

Cada curso terá carga horária de 40h, com aulas aos sábados pela plataforma Google Meet. O conteúdo será ministrado com recursos de acessibilidade conforme a demanda dos inscritos. Serão ofertados cursos de interpretação em Libras, audiodescrição integrada e legendagem automática.

“Nosso objetivo é descentralizar a formação e movimentar o mercado de acessibilidade cultural no estado. Hoje, há uma carência enorme de profissionais preparados para atender à demanda crescente do audiovisual”, explica Bárbara Lustoza, fundadora da Permear e responsável pelo projeto.

Além do conteúdo técnico, os cursos se destacam por envolver diretamente pessoas com deficiência como consultores e ministrantes, reforçando o compromisso da Permear com a fruição cultural acessível, sem abrir mão da qualidade artística. “Valorizamos a estética e a experiência do público com deficiência, e por isso fazemos questão de ter pessoas usuárias desses recursos liderando parte das aulas”, reforça Bárbara.

Ampliação do mercado e inclusão real

Com quase 5 anos de atuação, a Permear é referência na produção de recursos de acessibilidade comunicacional, como audiodescrição poética, Libras e legendagem LSE. A empresa atua em festivais, espetáculos, mostras audiovisuais, e agora aposta na formação de novos profissionais como caminho para fortalecer o setor cultural com mais equidade.

A crescente demanda local por profissionais de Audiodescrição, Libras e Legendagem LSE impulsionou a criação dos cursos. Desde a aprovação da Lei Brasileira de Inclusão (LBI), a exigência por acessibilidade em produtos culturais aumentou, especialmente com as regulamentações da Ancine e da Lei Rouanet. Com a chegada da Lei Paulo Gustavo, que passou a destinar 10% do valor de cada projeto à acessibilidade, o mercado se expandiu ainda mais evidenciando a falta de formações específicas nessa área, sobretudo no audiovisual.

Os cursos seguem as diretrizes do Guia para Produções Audiovisuais Acessíveis do Ministério da Cultura. A formação em Audiodescrição abordará a roteirização e narração de descrições que tornem filmes e vídeos acessíveis a pessoas com deficiência visual. O curso de janela de Libras focará na interpretação em Libras para produções audiovisuais, e o de LSE ensinará as normas e práticas da legendagem voltada ao público surdo e ensurdecido, com foco em clareza e identificação sonora.

Inscrições

As inscrições para o curso de Legendagem para Surdos e Ensurdecidos estarão abertas de 29 de junho a 4 de julho. Já os cursos de Libras e Audiodescrição terão inscrições entre os dias 14 e 25 de julho.

Os interessados devem preencher um formulário disponível no link bit.ly/inscricoespermearlse. As inscrições são acessíveis para leitores de tela e demais tecnologias assistivas.

O projeto é realizado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), do Governo Federal, através do Ministério da Cultura (MinC), operacionalizado pelo Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa.

"Acredito que o acesso à cultura só é pleno quando todas as pessoas podem participar ativamente dela. O projeto Permear a Inclusão é um marco nesse sentido, porque leva formação qualificada a quem mais precisa e prepara profissionais para um mercado que ainda carece de representatividade e equidade", destaca a secretária de Estado da Cultura e Economia Criativa, Mellina Freitas.

"É uma ação que fortalece o audiovisual e reafirma nosso compromisso com uma cultura verdadeiramente inclusiva e acessível para todos os alagoanos", reforçou a gestora.



Fonte: Assessoria