Hoje, 25 de julho, é dia de celebrar dois pilares de resistência e imaginação. Além do dia das mulheres negras latino-americanas e caribenhas, a data também homenageia escritores e escritoras que transformam o mundo através da palavra. Responsáveis pela luta e a criação, autoras que já foram perseguidas, marginalizadas pelo machismo, sexismo e racismo de forma indissociável, como Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo, Lélia Gonzalez e Ana Maria Gonçalves, são celebradas no dia de hoje.
“Os livros não matam a fome, não suprimem a miséria, não acabam com as desigualdades e com as injustiças do mundo, mas consolam as almas e fazem-nas sonhar”, assim afirmava o poeta e jornalista Olavo Bilac. Mas a escrita é fonte de poder por muito tempo negada às mulheres negras latino-americanas e caribenhas na história, que foram arrancadas de suas origens, proibidas de se comunicar nas línguas e dialetos que conheciam, obrigadas a se inserir em uma cultura que não era a sua. As violências sofridas não as limitaram, elas se reinventaram, inicialmente através da oralidade, e, depois, também dominaram a escrita daqueles que as violentaram.
A baiana Regina Luz é neta de uma das mulheres que não desistiram do seu direito de fala. Motivada pelas histórias contadas por sua avó, ela se apaixonou pelos livros e hoje soma cinco publicações, três delas voltadas para o público infantil e com perspectiva antirracista, como a obra Alika, que narra a história de racismo vivido pela protagonista. Sua escrita aflorou ainda na infância. “Sempre gostei de narrativas, era encantada pelas metáforas, pelos símbolos e amava escrever nas redações escolares. Eu inventava histórias criativas, simbólicas e - sempre que podia - escrevia tudo que experimentava. A partir daí, fui me interessando pela escrita e passei a desejar ser escritora”, conta a escritora agenciada pelo Studio Palma.
Enquanto mulher negra, mãe de outra mulher negra, Regina luz entende que a escrita é o seu maior instrumento de poder. “Quando escrevo e sei que serei lida, compreendo que posso transformar o mundo. E isso me fortalece na esperança de dias mais honestos para todos e todas”, afirma a escritora baiana.
Com foco nessa voz negada e nas mazelas que ainda persistem, a escritora tem uma obra antirracista voltada para crianças. Como educadora, ela aposta que a infância é um terreno fértil. “As crianças absorvem melhor as mensagens. Minha obra é marcada por temas necessários à formação de um ser humano ético, abordo assuntos que fortalecem a educação pautada no respeito aos direitos humanos e, de forma leve, toco no machismo e na sociedade patriarcal, na Ancestralidade, no poder da arte”, destaca.
Assim como sua avó fez com ela, Regina Luz segue incentivando e buscando dar voz às mulheres que tiveram essa possibilidade negada, seja através da escrita ou de outras manifestações artísticas. Sua trajetória de resistência já vem dando outros frutos como sua filha Larissa Luz, cantora baiana que tem conquistado o Brasil com sua voz. “Minha filha é uma artista comprometida com a arte que produz e, para uma mãe professora de literatura, escritora e arte educadora, isso traz uma realização que me faz ainda mais forte. O prestígio de minha filha, através da arte, é fruto de muita dedicação. Ela acredita no que faz, confia no caminho que escolheu. E eu sou grata por isso”, conclui orgulhosa.
Fonte: Assessoria
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