“Hoje fazemos o xangô rezado alto, para que os nossos atabaques não venham parar, para que não venha mais existir essa discriminação para com o nosso povo de matriz africana, com a nossa religiosidade e cultura”. Foi assim que Adeilson Alexandre, ogã alagbê da Casa de mãe Miriam, localizada na Ponta da Terra há mais de 50 anos, falou sobre a celebração dos 111 anos do “Quebra de Xangô” em Alagoas.
O fato ocorreu em 2 de fevereiro de 1912, em Maceió, quando vários terreiros de candomblé em Alagoas foram destruídos por milícias atuantes no estado.
O Centro de Memória e Cultura (CCM) do Poder Judiciário preserva um importante acervo sobre o fato histórico, com documentos, relatos e vídeos sobre o acontecimento.
A diretora do CCM, Irina Costa, destacou que o “Quebra de Xangô” tem sido fonte de pesquisas por parte de vários pesquisadores de todo o país, como da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro.
O coordenador da coordenadoria de direitos humanos do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), desembargador Tutmés Airan, enfatizou a obrigação do estado permanecer vigilante em relação à intolerância religiosa.
“O que explicou o Quebra em 1912, e que explica qualquer intolerância religiosa, é exatamente a arrogância de imaginar que o seu deus é melhor do que o do outro, e em nome disso perseguem, humilham, ofendem. Religiões nada mais são do que caminhos para encontrar deus, mas os caminhos, e até os deuses, são escolhas. Por isso, o estado brasileiro tem o dever de ficar vigilante com relação à intolerância e ao ódio religioso”.
O acervo sobre o "Quebra de Xangô" pode ser conferido no Portal da Memória do TJAL. O Centro de Memória e Cultura do Poder Judiciário de Alagoas funciona de segunda a sexta das 9h às 16h, na Praça Deodoro, centro de Maceió.
Thássia Leite - Dicom TJAL
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