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Maceió/Al, 01 de maio de 2025

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12/04/2025 às 14:01

Alexandre Nicolini diz que conceitos bons no Enade não significam taxas elevadas de acerto

Alexandre Nicolini Alexandre Nicolini

“A divulgação do Enade de 2023 feita hoje pelo MEC mostra que mesmo conceitos bons no exame não significam taxas elevadas de acerto. Como tenho alertado, os dados mostram apenas que determinada IES tem acertos mais do que as outras. Os melhores conceitos, 4 e 5, muitas vezes são alcançáveis com 45% de acertos no exame. Cabe perguntar, portanto, em que IES do planeta um estudante seria congratulado por não conseguir média para passar.

“A situação mais difícil é a das Engenharias, um dos pilares para a ciência, tecnologia e inovação no mundo contemporâneo. Nesses cursos, à exceção da Engenharia Ambiental, o índice de acertos se situou entre 39,5% (Produção) e 43,7% (Automação). Não é suficiente para um país que precisa de mais negócios e de mais produtividade.

“Na área da Saúde a situação é pouca coisa melhor, uma vez que a média de acertos se situou quase sempre abaixo dos 50%, salvo Medicina, com 65%. É pouco. Temos um país com grande população e uma oferta desigual dos serviços de saúde. Parece que a falta de preparo dos profissionais é mais democrática.

“Quando pensamos em quem oferta os melhores cursos superiores, temos as IES públicas federais com os melhores conceitos, seguidos das IES privadas confessionais e comunitárias. As faculdades privadas com fins lucrativos seguem apresentando os piores desempenhos.

“Ou seja, os dados revelam uma estória já contada tantas vezes, com algumas nuances diferentes pela melhor categorização dos dados. A política pública avança, e as novidades para o Enade 2025 são animadoras. A grande questão, no entanto, permanece há vinte anos: o que deve acontecer com as IES que tiveram os piores desempenhos, os conceitos 1 e 2, algumas contumazes nesta faixa?

“O INEP também revelou hoje que haverá três tipos de provas de Enade diferentes este ano: um para as Licenciaturas, um para os Tecnólogos e outro para os Bacharelados.

“A principal novidade refere-se ao aumento do número de questões nos tecnólogos e bacharelados, que serão 45 questões por prova agora, sendo 15 de Formação Geral (entre 25 elaboradas) e 30 de Formação Específica (entre 50 elaboradas para os bacharelados). As questões de FG inclusive mesclarão itens contextualizados por área.

“Ou seja, teremos provas dos mesmos cursos com questões diferentes e só haverá um tipo de item, o de múltipla escolha de alternativa correta única, e com apenas quatro distratores para escolher a resposta certa. Por óbvio, teremos o uso dos Blocos Incompletos Balanceados (BIB) e a regulação da dificuldade da prova pela Teoria da Resposta ao Item (TRI).

“Isso significa que acertar um maior número de questões não significa que uma IES terá melhor conceito contínuo no Enade. A vantagem competitiva ficará com as IES que apresentarem um comportamento mais consistente diante de questões com múltiplos níveis de dificuldade. Serão delas os conceitos 4 e 5.

“Em síntese: as melhores IES serão aquelas cujos estudantes tenham aprendido mais ao longo da sua formação. O IDD terá um espaço cada vez maior e mais importante no sucesso. O ensino precisará se aproximar mais do que acontece na prática. O design curricular precisa ser aprimorado em prol desta nova aprendizagem. Os professores precisam ser treinados em metodologias modernas de aprendizagem. A lista é longa!” Sobre Alexandre Nicolini

Doutor em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com estágio de doutoramento na Paris IX, Mestre em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Administrador de Empresas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Especialista em Design Curricular e Avaliação de Aprendizagem, desenvolve metodologias de trabalho e programas de formação para IES que sintetizam sua experiência como pesquisador e orientador no stricto sensu e como gestor acadêmico, inclusive como reitor. Foi também avaliador ad hoc do Ministério da Educação (MEC) e líder de pesquisa na Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (ANPAD).

Participa da construção das políticas públicas de avaliação do ensino superior desde 1996, tendo orientado com sucesso diversos clientes a alcançar os melhores resultados, além de fazer palestras inspiradoras e ministrar oficinas práticas para dirigentes, coordenadores, professores e estudantes em IES de todas as regiões do Brasil. Em sua atuação, publicou mais de 60 artigos científicos sobre o ensino superior, que geraram mais de 800 citações, cujas referências podem ser consultadas em Link.

Assessoria

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