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Maceió/Al, 21 de novembro de 2024

Colunistas

Arnóbio Cavalcanti Arnóbio Cavalcanti
Doutor em Economia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, HHESS, França. Professor da Universidade Federal de Alagoas com linhas de pesquisa em Finanças Públicas, Economia do Setor Público, Macroeconometria e Desenvolvimento Regional.
15/06/2024 às 10:14

A escola econômica “institucionalista”: o equilíbrio econômico se dá através das ações individuais ou institucionais?


Durante o final do século XIX e o início do século XX, surgiu uma escola de economistas oferecendo uma análise dinâmica e interdisciplinar da sociedade com base nos seus aspectos organizacionais, jurídicos e, de forma mais geral, institucionais. Esta análise utiliza, portanto, a sociologia, a história, por exemplo, para explicar as formas como os indivíduos devem e podem se comportar: trata-se da corrente “institucionalista”.

Os institucionalistas rompem completamente com a visão dominante da teoria economia, à época, que era baseada no individualismo metodológico, onde apenas o “indivíduo” pode adotar valores, fazer escolhas e conhecer a realidade econômica. Esses economistas acreditam que essa máxima da teoria neoclássica – individualismo - está incompleta e uma abordagem multidisciplinar será necessária para compreender a evolução e comportamento da nossa sociedade.

Diferentemente dos neoclássicos (liberais) que acreditam que o comportamento do indivíduo define o resultado da economia, para os institucionalistas, são as “instituições” que moldam o comportamento do indivíduo e da economia. Para os institucionalistas, a presença das instituições, nas relações humanas, permite aumentar a assertividade dos indivíduos nas tomadas de decisões.

Para eles, as instituições são construções sociais que elegem o comportamento econômico e social dos indivíduos, como também seus costumes, leis, códigos de conduta, normas e regras de comportamento. O crescimento econômico de um país resulta do comportamento coerentes dos indivíduos alinhado com as “instituições sociais” em que o mesmo está inserido.

Os institucionalistas

Em 1899, T. Veblen, um dos fundadores dessa escola, publicou a obra “Teoria da Classe de Lazer” Essa obra é considerada uma das obras mais importantes na interpretação do papel da nossa sociedade na decisão dos indivíduos. Segundo T. Veblen, o homem manifesta suas ações influenciado pela sociedade que vive. Cada grupo social tende estabelecer seu modo de vida buscando sempre atingir o grupo superior em termos de hierarquia social. O indivíduo não age sozinho. No passado, os burgueses imitavam os nobres. Ultimamente, os empregados desejavam a vida dos seus chefes e os chefes desejam chegar o estado de seu patrão. Essa busca das pessoas de ascensão a uma nova classe social explica porque certos produtos, quando aumentam de preço, tem seu consumo elevado.

Para W. E. Atkins, os comportamentos dos grupos sociais deveriam ser o centro da análise econômica., não os indivíduos. A atividade econômica está organizada em costumes, tradições e leis de seus interesses, enquanto que o comportamento econômico das evoluem a cada geração, levando em conta o tempo e o lugar que se aplicam. Para ele, são os comportamentos de grupo e não os preços que devem estar no centro da análise econômica.

As contribuições essenciais do economista J. R. Commons estão nas áreas da economia do trabalho, da economia monetária e da economia pública. Segundo Commons, na sua obra Economia Institucional (1934), o erro dos economistas neoclássicos foi ignorar a importância da ação coletiva, concentrando-se apenas nas ações individuais. Além disso, estes mesmos economistas concentraram-se nas relações entre os humanos e a natureza onde, de acordo com Commons, são as relações entre os humanos que importam.

Neo-institucionalistas

R. Coase, O. Williamsom e E. Ostron, considerados fundadores da corrente neo-institucionalista, desenvolveram estudos sobre os custos de transações e gestão dos bens comuns, o que proporcionou a prêmio Nobel de Economia de 2009.

Seus estudos se baseiam do arranjo institucional que, geralmente, é composto de vários elementos como: assembleias, empresas, famílias, negociações, decisões, acordos, monitoramentos, sanções e instâncias de fácil acesso para a resolução de conflitos. Os estudos deles mostraram que, a resolução de conflitos nas instituições envolvendo transações econômicas acontecem não só através dos mercados, mas também dentro das empresas, associações e famílias.

Para você, a melhor maneira de se resolver a instabilidade da economia alagoana seria através de ações individuais ou institucionais?

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