A década de 1960 marcou um divisor de águas para a economia. A curva de Phillips, base da teoria keynesiana, não conseguiu explicar por que as taxas de inflação e desemprego aumentaram juntas, desafiando as políticas econômicas da época.
Dessa forma, a crise do keynesianismo se aprofundou em duas direções. Primeiro, as políticas econômicas falharam em combater a “estagflação” dos anos 70, aumentando a inflação. Segundo, os monetaristas trazem críticas ferozes à intervenção estatal, argumentando que a moeda não influencia a economia real.
Diante desse cenário, Robert Lucas, laureado com o Prêmio Nobel em 1995, propôs a Teoria das Expectativas Racionais. Ela afirma que as pessoas utilizam todas as informações disponíveis para prever o futuro econômico, ajustando suas expectativas conforme novas informações surgem. Os trabalhos de Lucas sobre expectativas racionais fundaram a Escola dos Novos Clássicos, uma corrente econômica que desafia as ideias keynesianas, oferecendo uma nova perspectiva sobre como os mercados funcionam.
Esse artigo resume os principais pontos e reflexão sobre a relevância da teoria das expectativas racionais na economia contemporânea.
A teoria das expectativas racionais
Em 1961, o economista John Muth apresentou a Teoria das Expectativas Adaptativas, contribuindo para o estudo da dinâmica de uma economia. Essa abordagem, todavia, pressupõe que agentes econômicos podem prever consequências de políticas econômicas governamentais com base em observações passadas. Todavia, as Expectativas Adaptativas apresentam limitações, pois, por exemplo, podem não capturar mudanças repentinas na dinâmica inflacionária, por exemplo.
Em "Expectations and the Neutrality of Money" (1972), Lucas, prevê que os agentes econômicos adaptam seu comportamento imediatamente às mudanças nas políticas econômicas, antecipando as consequências nas variáveis econômicas. O conceito de expectativas racionais se apresenta como uma extensão da hipótese do consumidor racional, representando tendências limitantes que permitem identificar padrões econômicos.
Expectativas racionais, para Lucas, não significam que os agentes (pessoas) sabem tudo, apenas que têm conhecimento semelhante ao do economista que modela o sistema.
Destacamos, por fim, que a Teoria das Expectativas Racionais em economia é também questionada por abordagens que incorporam insights da psicologia social, como: a Economia Comportamental, que analisa como fatores psicológicos influenciam decisões econômicas; a Socioeconomia, que estuda a interação entre fatores sociais e econômicos e a Neuroeconomia, que examina a base neural das decisões econômicas.
Induções do modelo de expectativas racionais
Lucas argumentou que, ao implementar políticas monetárias expansionistas, como emitir moeda para financiar gastos públicos, os agentes econômicos antecipam o impacto inflacionário, ajustando preços e salários. Em consequência, essa medida acabará por não ter impacto na economia real.
Por essa teoria, no Brasil, indivíduos e empresas demonstram compreensão dos mecanismos de política monetária do Banco Central, adaptando-se às decisões do COPOM sobre a taxa Selic.
Contribuição para a teoria do crescimento endógeno
O modelo de Solow, desenvolvido por Robert Solow (Prêmio Nobel 1987) em 1956, foi amplamente utilizado até os anos 1970 para explicar o crescimento econômico. Para Solow, o crescimento sustentável é obtido simplesmente pelo aumento da oferta de trabalho ou capital. Nos anos 1970, a estagnação econômica combinada com inflação, conhecida como "estagniflação", desafiou o Modelo de Solow. Desde então esse modelo passa a ser criticado, pois esse modelo não previu esse fenômeno.
No “On the Mechanics of Economic Development” (1988), Robert Lucas identificou a importância do capital humano (o stock de conhecimento, know-how e competências apropriados pelos indivíduos e economicamente valiosos) no crescimento, contribuindo, assim, para a construção dos modelos de crescimento endógeno. Na verdade, ao incorporar o capital humano nos modelos de crescimento, Lucas elucida o mistério que paira em torno do resíduo de Solow na explicação do crescimento econômico.
A “crítica a Lucas”
O artigo "Econometric Policy Evaluation: A Critique" (1976), de Robert Lucas, foi um marco na macroeconomia, desafiando os modelos keynesianos predominantes.
Robert Lucas argumentou que os modelos keynesianos apresentam limitações significativas, pois utilizavam dados econômicos do passado, ignorando mudanças futuras e, portanto, não consideram expectativas racionais dos indivíduos. Por consequência, suas previsões tornam-se imprecisas.
Robert Lucas argumenta que políticas econômicas baseadas em ações do Banco Central ou Governo pra controlar a economia causam flutuações econômicas prejudiciais. Políticas expansionistas artificiais estimulam demanda, influenciando investimentos, mas sua descontinuidade leva demissões, baixo crescimento e ineficácia das políticas temporárias. Lucas defende políticas estruturais para promover estabilidade econômica.
Legado: neoclássicos x keynesianos
A "Crítica de Lucas" (1976) marcou uma virada na macroeconomia, desafiando o consenso keynesiano. Robert Lucas questionou a eficácia das políticas econômicas, destacando expectativas racionais e choques tecnológicos. Em resposta, surgiram os Novos Keynesianos com a Teoria dos Ciclos Reais, incorporando fundamentos microeconômicos à econometria, através do Modelo de Correção de Erros (MCE) e do Modelo Vetorial Autorregressivo (VAR).
Reflexão
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