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Maceió/Al, 12 de junho de 2025

Colunistas

Arnóbio Cavalcanti Arnóbio Cavalcanti
Doutor em Economia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, HHESS, França. Professor da Universidade Federal de Alagoas com linhas de pesquisa em Finanças Públicas, Economia do Setor Público, Macroeconometria e Desenvolvimento Regional.
10/06/2025 às 12:08

O futuro da economia em jogo: Governo e Congresso em disputa

Ao anunciar duas medidas provisórias, no final de maio passado, visando obter uma arrecadação extra de aproximadamente R$ 45 bilhões para “recalibrar” suas finanças públicas, o governo não contava que estava estabelecendo guerra com os setores produtivo e financeiro, assim como um novo confronto (e possível derrota) com o Legislativo. Foi uma grita geral.

Uma das bases dessa “nova” arrecadação consistia no aumento da alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 0,38% para 0,95% na contratação de crédito para empresas. Vale destacar que, desse total, R$ 30 bilhões ficariam com o governo federal, sendo o restante (R$ 15 bilhões) seria transferido para estados e municípios.

Depois desse primeiro impasse, foi acordado com as lideranças do Congresso que a equipe econômica teria um prazo de 12 dias para apresentar uma nova proposta de revisão do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre operações de crédito e câmbio.

O esboço de “novo” pacote fiscal, apresentado pelo governo na noite de domingo (8), trouxe uma efervescência no mercado, incomodou o Congresso e abriu novo flanco de embate com o governo, pois foi entendido pelo “mercado” como uma troca um imposto por outros: para compensar recuo parcial no aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), a equipe econômica do governo anunciou a intenção de cobrar 5% de Imposto de Renda sobre títulos como Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA) – hoje isentas;  elevar a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) de instituições financeiras, incluindo as fintechs - eliminando a alíquota mínima de 9% e mantendo as demais (de 15% a 20%); aumentar de 12% para 18% a taxação sobre as casas de apostas (bets); elevar a alíquota do IR que incide nos Juros sobre o Capital Próprio (JCP) de 15% para 20%; além de rever incentivos fiscais – o que, na prática, levaria a um aumento da carga tributária sem redução dos gastos públicos.

Essa nova diretriz foi compreendida pelos “operadores do mercado” que não apenas onera setores produtivos e investidores, como também inibe a necessária previsibilidade do ambiente econômico. Eles entendem que aumentos de tributos, sem redução de gastos, indicam uma queda de investimentos, que pode gerar desemprego, inflação e desaceleração da economia. O governo projeta, por sua vez, que esse novo incremento de receitas vai cobrir as dívidas sociais e turbinar a economia.

Há indícios de um novo impasse.

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