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Maceió/Al, 13 de julho de 2025

Colunistas

Arnóbio Cavalcanti Arnóbio Cavalcanti
Doutor em Economia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, HHESS, França. Professor da Universidade Federal de Alagoas com linhas de pesquisa em Finanças Públicas, Economia do Setor Público, Macroeconometria e Desenvolvimento Regional.
12/07/2025 às 10:12

A produção econômica em Alagoas: economia para não economistas

Definição de produção

Em economia, produção econômica refere-se à criação de bens e serviços que possuem valor de mercado e visam satisfazer as necessidades humanas. Geralmente, a produção é gerada a partir da transformação de matérias-primas e bens de consumo intermediários em produtos finais. Existem vários indicadores para medir o processo produtivo, sendo o Produto Interno Bruto (PIB) o mais conhecido.

Adicionalmente, convém salientar que qualquer processo produtivo demanda a combinação de trabalho (mão de obra) e capital (equipamentos e ferramentas).

Função de produção

A função de produção mostra como os fatores de produção – ou seja, o trabalho humano e o capital – se relacionam tecnicamente para criar produtos finais.

Na economia, a função de Cobb-Douglas é uma das mais usadas, principalmente na teoria da produção. Criada pelos economistas Paul Douglas e Charles Cobb, ela ajuda a definir a quantidade ideal de pessoas e máquinas a serem usadas na fabricação de bens. Em resumo, se num país ou região o custo do trabalho estiver alto, a automação é a melhor saída; caso contrário, usa-se mais mão de obra.

Os setores da atividade econômica

As empresas organizam suas atividades de produção em três setores econômicos fundamentais: primário, secundário e terciário. A proposta dessa classificação veio de Colin Clark (1905 – 1989), um renomado economista e estatístico britânico e australiano. Embora cada setor tenha uma função distinta, todos são cruciais para determinar o desenvolvimento econômico.

Setor primário

O setor primário da economia abrange as atividades de empresas envolvidas diretamente na extração de matérias-primas, pecuária e exploração de florestas. Embora os produtos desse setor frequentemente apresentem baixo valor agregado, sua relevância para o país é considerável. Ademais, este setor é um grande empregador de mão de obra.

Setor secundário

O setor secundário engloba, em sua essência, as empresas responsáveis pela produção de bens econômicos que atendem às necessidades de famílias ou de outras empresas. Constituem-no as diferentes indústrias e o segmento da construção civil. É para este setor que parte dos recursos obtidos no setor primário é direcionada.

Setor terciário

Já o setor terciário é composto por empresas que oferecem serviços, seja para outras empresas ou para pessoas comuns. Ele se baseia na prestação de serviços e na venda de bens. Dos três setores, é o que mais cresceu recentemente. Uma boa parte desse aumento se deve à chegada de tecnologias cada vez mais modernas nas outras áreas.

Relação entre os setores primário, secundário e terciário

Wassily Leontief (1906-1999), laureado com o Prêmio Nobel de Economia em 1973, notabilizou-se por conceber e utilizar um modelo econômico que, fundamentado na álgebra matricial, possibilita o cálculo do Valor Bruto da Produção de cada ramo de atividade nos setores primário, secundário e terciário.

O Modelo de Leontief, ou Matriz Insumo-Produto, é capaz de representar o fluxo completo da produção entre os diferentes setores que compõem a economia. Essa metodologia foi divulgada em 1941 na obra seminal "The Structure of the American Economy".

Os indicadores da produção no Brasil e em Alagoas: um panorama detalhado

De acordo com dados e projeções do IBGE e de outras instituições baseadas em informações do IBGE, as atividades do Brasil e de Alagoas apresentaram, em 2024, os seguintes indicadores:

Com base nos dados analisados, a economia de Alagoas apresenta características distintas em comparação com a média nacional, refletindo tanto desafios quanto particularidades regionais.

Contribuição de Alagoas para o PIB Nacional

A participação de Alagoas na economia brasileira é modesta. Os dados mostram que o estado produz menos de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.

Setor Primário: A Força Rural

A agropecuária ainda é um pilar significativo para Alagoas, representando cerca de 14,2% do PIB estadual. Esse peso é notável pela produção de cana-de-açúcar, setor no qual Alagoas se destaca como o quinto maior produtor nacional. Essa forte dependência do agronegócio reforça a percepção de que Alagoas tem uma estrutura econômica mais rural do que o Brasil em geral.

Setor Secundário: O Vazio Industrial

Em contrapartida, a indústria alagoana demonstra uma baixa representatividade no panorama econômico do estado. Embora haja atividades como usinas de açúcar e o setor químico e plástico, a indústria corresponde a apenas 13,8% do PIB de Alagoas. Essa cifra contrasta fortemente com a média nacional, onde a indústria representa 21,3% do PIB brasileiro, evidenciando um vazio industrial no estado.

Setor Terciário: Similaridade no Tamanho, Diferença na Composição

O setor de serviços domina a economia alagoana, respondendo por aproximadamente 70% do PIB do estado. Essa proporção é similar à representatividade do setor de serviços em nível nacional. Contudo, uma análise mais profunda revela uma concentração particular em Alagoas: os serviços estão fortemente baseados na administração pública, previdência, forças armadas, saúde e educação.

Essa forte concentração do setor de serviços em áreas relacionadas ao governo e ao bem-estar social sugere que a economia alagoana pode ser menos diversificada em serviços de mercado e, possivelmente, mais dependente do gasto público e de transferências. Isso pode impactar a geração de empregos no setor privado e a resiliência econômica diante de flutuações nas políticas fiscais ou orçamentárias.

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