A nova corrida do ouro na América do Norte não é nos Estados Unidos, mas no Canadá, que com a iminente legalização da maconha transforma-se no Eldorado dos plantios e uso legais da droga.
Dentre as maiores empresas voltadas ao comércio legal do cânhamo destacamos três: a Hempco que está há mais de 12 anos produzindo, inclusive alimentos a base da marijuana, CanniMed Therapeutics, a maior empresa exploradora da maconha legal do mercado, a qual tem patentes, relacionamentos com diferentes universidades, pesquisas e testes clínicos, além de relações comerciais com outros países e a Aurora, que deverá se tornar com a aquisição da CanniMed, a maior empresa produtora de maconha no globo.
A Aurora Cannabis Enterprises Inc., é uma produtora licenciada de maconha medicinal que é cultivada no Canadá de acordo com os Regulamentos de Acesso a Cannabis para Uso Médico do Ministério da Saúde daquela país ("ACMPR"). A Companhia opera numa instalação de produção de última geração de 55.200 f² (5128.247808m²) em Mountain View County, Alberta, conhecida como "Aurora Mountain", e uma segunda instalação de produção de alta tecnologia de 40.000 f² (371.612.16m) conhecida como "Aurora Vie" em Pointe-Claire, Província de Quebec..
Em janeiro de 2018, foi licenciada a principal instalação de cultivo de 800.000 f² (74322432m²) da Aurora, a Aurora Sky, localizada próxima ao Aeroporto Internacional de Edmonton. Uma vez em plena capacidade, espera-se que a Aurora Sky produza mais de 100.000 kg por ano de Cannabis. A Aurora está concluindo uma instalação em Lachute, Quebec, utilizando sua subsidiária integral Aurora Larssen Projects Inc.
A Aurora está prestes a concluir a aquisição de todas as ações da CanniMed Therapeutics Inc, a mais experiente produtora licenciada de Cannabis sativa medicinal do Canadá, somando mais de 20.000 kg por ano, sendo a marca de cannabis medicinal mais forte do Canadá.
Aurora também é proprietária da Pedanios, com sede em Berlim, principal importadora, exportadora e distribuidora de maconha medicinal da União Europeia. A empresa detém 51% da Aurora Nordic, que construirá uma estufa híbrida de 1.000.000 f² (9290304m²) em Odense, na Dinamarca.
A Aurora, a segunda maior produtora canadense, anunciou que vai adquirir a CanniMed Therapeutics por aproximadamente US $ 1,1 bilhão com base no preço da ação implícita da Aurora de US $ 12,65. Grande parte deste arrojo deve-se a expectativa da legalização da maconha para uso recreativo no Canadá até julho deste ano (2018). A transação vai alavancar a Aurora, a condição de maior produtora de maconha do mundo, e elevará o valor da empresa no mercado a cerca de US$ 6 bilhões.
O negócio é o maior já realizado pela indústria da maconha do mundo, e leva o montante de transações do setor este ano para US$ 1,2 bilhão, mais do que o dobro do recorde registrado em 2017. Ao comprar a CanniMed, a Aurora quer ampliar sua capacidade de atender a demanda doméstica por maconha, mas também ampliar a distribuição no mundo.
Os produtos derivados da cannabis vão desde medicamentos — com foco em dores crônicas e produzidos em diferentes formas, como óleo e comestíveis, como pão e queijo — a roupas, sapatos e cosméticos. É um mercado que cresce a taxas de dois dígitos — a expansão foi de 35% em 2016, frente aos US$ 4,8 bilhões de 2015 —, ritmo pouco visto em outros setores.
O Canadá será o segundo país a legalizar a maconha para uso recreativo no mundo, atrás apenas o Uruguai. Há expectativa de que o sinal verde seja dado ainda em 2018. No ano passado, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, defendeu a legalização, regulação e restrição do acesso a maconha no país, com o objetivo de combater o mercado ilegal.
Na Austrália e na Alemanha, por exemplo, a maconha é legalizada, mas para uso medicinal. Nos Estados Unidos, ainda há proibição pela lei federal dos Estados Unidos, mas os estados têm legislações próprias. O uso medicinal já é legal em 29 estados e na capital, Washington DC, mas em alguns deles ainda falta a implementação. Contudo, o governo Trump planeja uma ação coordenada para endurecer contra essa onda de legalização.
Isto posto, certamente muita gente após uma leitura superficial poderia concluir: “*Eis aí a solução para o atraso do Norte e Nordeste brasileiro, plantar maconha*!”
Não é! Explico:
O Peru criou em 1949, a ENACO- Empresa Nacional da Coca, empresa estatal peruana dedicada ao controle do plantio, comercialização da folha de coca e seus derivados. É a única empresa estatal que detém o monopólio da comercialização e derivados da folha de coca.
O governo tem uma lista de 31.000 produtores legais de folha de coca no Peru, mas não controla a produção que grande parte ia para a indústria farmacêutica.
Há mais de 40 anos sabemos que nunca funcionou, jamais houve controle do plantio e comércio da Coca no Peru. Isso deve-se principalmente ao fato que os preços pagos pelo governo peruano aos agricultores (cocaleros) é irrisório, pagos após o plantio e ainda parceladamente na moeda nacional. Já, os traficantes colombianos pagam adiantados com dólares e em números muito acima do preço oficial no Peru.
É a lei do mercado, no caso específico, do mercado negro. Pensar que no Brasil, país de Terceiro Mundo, assim como todos os vizinhos latinos, com altos índices de analfabetismo, miséria, prostituição, tráfico de drogas, corrupção em todos os níveis da sociedade, no funcionalismo público federal, estadual e municipal, terríveis cifras da criminalidade em geral, que poderíamos ser bem-sucedidos se liberássemos o cultivo de maconha, seria um erro crasso.
Canadá, assim como as demais nações superdesenvolvidas têm altos níveis de educação, pleno emprego e baixíssimas taxas de criminalidade. Imaginar que em nosso país, após a legalização da maconha que a vida iria melhorar ou que reduziríamos o abuso e tráfico de maconha é um devaneio.
Se não temos órgãos suficientes nem para exercer a vigilância e segurança das fronteiras, portos, aeroportos, cidades etc., como poderíamos fazer essa fiscalização de plantio, comércio legal da maconha etc.?
Quem garantiria que o atravessador não iria comprar uma quantidade maior de “maconha sem nota fiscal” pagando mais ao produtor? É assim que ocorre no Peru, Bolívia etc.
Demais disso, as cifras bilionárias expostas acima deixam claro a altíssima rentabilidade da indústria dos derivados da maconha, o que nos leva a um questionamento: o Canadá e os demais países industrializados envolvidos nos megaprojetos mencionados, têm interesse em não avançar nas políticas de guerra as drogas ( há décadas comandada sem muito êxito pelos EUA) legalizando o cultivo da maconha pela percepção da falha generalizante desse projeto, ou simplesmente querem criar um novo nicho de mercado?
Fica a advertência: *nem sempre o que é bom para os gringos é bom para o Brasil*.
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