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Maceió/Al, 23 de novembro de 2024

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Arnóbio Cavalcanti Arnóbio Cavalcanti
Doutor em Economia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, HHESS, França. Professor da Universidade Federal de Alagoas com linhas de pesquisa em Finanças Públicas, Economia do Setor Público, Macroeconometria e Desenvolvimento Regional.
06/12/2023 às 14:01

Energia e desenvolvimento de Alagoas: À procura de um modelo

Desde a segunda metade do século passado, quando do aparecimento das teorias econômicas de desenvolvimento, as formas de medir e comparar o desenvolvimento regional têm apresentado modificações.

Entre os anos 1950 até os anos 1980, os organismos internacionais utilizavam a renda per capita como indicador para medir o desenvolvimento de país ou de uma unidade subnacional. Uma região era considerada mais rica que outra, desde que apresentasse uma renda per capita maior que a outra.

A partir dos anos 1980 até hoje, a ONU e as demais agências de desenvolvimento passaram a utilizar o índice de desenvolvimento humano (IDH) como instrumento de mensurar o estágio de desenvolvimento nas diversas regiões do planeta. Trata-se de mix de indicadores de riqueza, alfabetização, educação, esperança de vida, natalidade e outros, com o intuito de avaliar o bem-estar da população de um país, estado ou município. Portanto, quanto maior o IDH de um país, maior é considerado seu desenvolvimento.

Em função da importância que o consumo de ENERGIA vem assumindo na última década, o indicador tonelada equivalente de petróleo (TEP), por ano, está cada vez mais presente nas discursões sobre as estratégias quando a temática é a questão do desenvolvimento econômico de um país. Atualmente, um país ultrapassar a barreira de consumo de 1 TEP/capita, parece ser essencial para se garantir um estágio mínimo de desenvolvimento de um país. Na proporção em que o consumo de energia per capita de um lugar aumenta para valores acima de 2 TEP, as condições sociais melhoram e, essa região, passa a ser considerada, em desenvolvimento. Para se ter uma ideia, atualmente o consumo médio per capita nos países industrializados ultrapassa de 3 TEP/capita por ano. Todavia, o consumo médio mundial está abaixo de 2 TEP/capita.

No tocante ao uso de fonte de energia, os países que têm adotado uma matriz energética baseada em fontes não renovável, não têm garantido um processo desenvolvimento sustentável, devido principalmente a emissão de carbono. Com isso, a descarbonização da economia se torna fundamental não somente para combater as mudanças climáticas que hoje assola todas as regiões do mundo, como também para se garantir a sustentabilidade do modelo de desenvolvimento a ser adotado na região.

Desenvolvimento econômico sustentável, atualmente, está associado a transição para produção e consumo de fontes de energia limpas e renováveis, como energia solar, eólica, hidrelétrica e biomassa.

Nessa perspectiva de desenvolvimento, o Brasil tem uma perspectiva bastante privilegiada. Enquanto que, a matriz energética do mundo é composta de apenas 15% de energia renovável, a matriz brasileira está próxima de 50%.

A situação de Alagoas é ainda mais promissora, haja vista que mais de 80% da matriz energética alagoana é composta de energia renovável, com ampla possibilidade de aumentar ainda mais o uso dessa fonte. Para se ter uma ideia dessa perspectiva, apenas para a geração centralizada de energia solar, há previsão de instalação de duas usinas fotovoltaicas, em Delmiro Gouveia, que juntas terão somados 700 MW de potência instalada, investimento de R$ 3,5 bilhões, que pode proporcionar a abertura de cerca de 21 mil postos de trabalho. Além disso, ainda sem ter projetos iniciados, estudos indicam que o estado de Alagoas tem um potencial para implantação de parques eólicos de cerca de 8.000 MW, com velocidade média dos ventos em 6,2 m/s, notadamente nas regiões do Piaçabuçu (Pontal do Peba), serras de Mata Grande/Água Branca e Maragogi. 

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