As décadas de 1960 e 1970 foram notabilizadas, especialmente, por um período no qual grande parte das preocupações dos economistas voltou-se para a questão das desigualdades, seja no que se refere ao comércio internacional, seja quanto ao desenvolvimento econômico de modo geral. Economistas de inspiração marxistas, a exemplo de Samir Amin e Arghiri Emmanuel, passam a questionar fortemente a visão liberal, predominante à época, sobre o subdesenvolvimento descrita por Walt Rostow.
Ideia liberal vigente à época
Segundo Rostow, todos os países subdesenvolvidos precisavam alcançar inicialmente a etapa de decolagem (take-off), considerada a etapa que marca a transição de uma economia atrasada para uma economia industrial. Numa primeira etapa, os países subdesenvolvidos, cuja base produtiva era sustentada em produtos agrícolas e de alto emprego de mão-de-obra, perderiam quando da troca com os países desenvolvidos industrialmente, porém logo desenvolveriam o seu parque industrial, atingindo um consumo em massa, equilibrando as trocas entre eles. Para ele, o estágio de subdesenvolvimento de um país seria apenas uma etapa para se chegar ao desenvolvimento.
A tese de Rostow está estruturada em cinco etapas do desenvolvimento econômico: sociedade tradicional, pré-condições do arranco, arranco, fase da maturidade e consumo em massa. Segundo Rostow os países subdesenvolvidos precisam passar inicialmente a etapa de decolagem (take-off), considerada a etapa que marca a transição de uma economia atrasada para atingir uma economia industrial desenvolvida. Nessa fase, vai ocorrer a troca desigual.
A reação dos marxistas
Para outros, como Henri Denis, Arghiri Emmanuel, Charles Bettelheim, Samir Amin e Christian Palloix, vai existir, sim, a troca desigual no sistema capitalista, perpetuando, assim, um processo de subdesenvolvimento nos países periféricos. Para eles, o subdesenvolvimento é fruto da exploração histórica e contínua realizada pelos países desenvolvidos face aos países em vias de desenvolvimento. Na verdade, essa exploração se configura como uma forma de neocolonialismo, na qual os países ricos mantêm a sua hegemonia econômica e política sobre os países pobres, sem necessariamente recorrer à colonização formal.
Trump e o neocolonialismo
O recém-empossado presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou o seu plano de relançar a economia dos EUA. Para atingir o seu intento, Trump disse que irá incorporar o Canadá, tomar o Canal do Panamá e a Groenlândia e que pretende "assumir" a Faixa de Gaza. Apesar das falas, não houve nenhum movimento concreto por parte do republicano. Trump também rebatizou o Golfo do México para "Golfo da América".
Como política comercial, Trump oficializou, entre outras, a adoção de tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio feitas por todos os países. Existe a ameaça de ampliara o “tarifaço” para outros produtos, inclusive brasileiros.
O caso Brasil
Os Estados Unidos representam hoje o segundo maior parceiro comercial do Brasil, ficando abaixo apenas da China. Para se ter uma ideia, em 2024, O Brasil exportou U$ 40,3 bilhões e importou U$ 40,5 bilhões, provocando um déficit de U$ 300 milhões na balança comercial brasileira. O Brasil vem mantendo, nos últimos anos, as balanças de serviço e de pagamento (remessa de lucro) deficitária. Além disso, o principal produto exportado pelo Brasil para os Estados Unidos são petróleo bruto, seguido por produtos semiacabados de ferro e aço, aeronaves e café não torrado. Em outra, o Brasil importou dos americanos produtos industrializados e processados, principalmente motores e máquinas, e aeronaves, entre outros. Uma vez efetivada, essas medidas adotadas pelo governo americano, só tem a deteriorar o desempenho da nossa economia.
Reflexão
Pelo que se observa, caso não haja uma reação em cadeia por parte dos países afetados, podemos assistir a um aprofundamento das 'trocas desiguais' entre os EUA e o resto do mundo.
No seu ponto de vista, será que os economistas marxistas dos anos 1960-70 estavam certos em criticar as desigualdades sociais e econômicas geradas pelo capitalismo liberal?
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