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Maceió/Al, 06 de maio de 2025

Colunistas

Arnóbio Cavalcanti Arnóbio Cavalcanti
Doutor em Economia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, HHESS, França. Professor da Universidade Federal de Alagoas com linhas de pesquisa em Finanças Públicas, Economia do Setor Público, Macroeconometria e Desenvolvimento Regional.
05/05/2025 às 11:50

As primeiras medidas “econômicas” de Trump e a instabilidade do sistema financeiro internacional

Bolsas em todo o mundo caem até 20% em meio à tensão gerada pela guerra comercial deflagrada desde a posse de Trump.

Os primeiros sinais de forte queda foram emitidos na Ásia. No Japão e em Taiwan, os investidores chegaram a inclusive suspender os negócios em meio à queda vertiginosa dos preços em um curto espaço de tempo. Esse movimento já era previsto pela teoria econômica?

Primeiras versões da teoria econômica: embate entre liberais e keynesianos

O problema da tomada de decisões econômicas e seu impacto nas Bolsas foi sempre tradicionalmente analisado tanto sob a ótica dos economistas liberais, como pelos keynesianos. Para a corrente liberal, o mercado financeiro se comporta como um mercado qualquer. Com o choque das tarifas, o mercado financeiro e as bolsas tendem a se autorregular ao longo do tempo. Os keynesianos, ao contrário, acreditam que as Bolsas atuam num ambiente onde imperam os “espíritos predadores” capitalistas, capazes de comportamentos irracionais, o que pode levar ao “crash” das Bolsas, como ocorreu em 1929 e 2008.

A contribuição de Minsky: paradoxo da tranquilidade

Durante a segunda metade dos anos 1980, o economista americano Hyman Minsky apresentou uma nova explicação das características para as crises financeiras e a instabilidade das Bolsas. Na sua obra “Stabilizing on Unstable Economy” (1986), o autor mostra que é a própria estabilidade econômica que gera a instabilidade dos mercados financeiros: paradoxo da tranquilidade.

A obra de Minsky é considerada, uma das maiores contribuições em teoria monetária e financeira. Essa teoria é inteiramente fundamentada no princípio do comportamento psicológico dos agentes financeiros.

Para Minsky, quando a economia inicia uma fase de expansão - como o período pós-COVID - os agentes econômicos adotam comportamento mais conservador, passando a financiar seus investimentos através dos seus lucros. Com a expansão se prolongando, os lucros tornam-se cada vez mais regulares, fazendo com que os agentes adotem um comportamento mais arriscado e especulativo, passando a adotar uma política de aumento do seu endividamento para financiar seus investimentos. Com isso, a inflação passa a crescer de forma descontrolada, as autoridades monetárias dos Bancos Centrais elevaram as taxas de juros para evitar o “superaquecimento” da economia. O aumento das taxas de juros irá diminuir o apetite dos agentes para investir, mergulhando a economia numa crise sem precedentes.

Reflexão

No seu entender, a possível crise econômica mundial que se avizinha pode ser atribuída a vários fatores, incluindo o "tarifaço" de Trump e o "paradoxo" de Minsky? Ou será que a combinação desses fatores que contribuem para a crise econômica mundial?

O "tarifaço" de Trump pode ser um gatilho para a crise, enquanto o "paradoxo" de Minsky pode ser um fator subjacente que aumenta a vulnerabilidade da economia a choques externos. Qual é a sua opinião?

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