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Maceió/Al, 14 de março de 2025

Colunistas

Arnóbio Cavalcanti Arnóbio Cavalcanti
Doutor em Economia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, HHESS, França. Professor da Universidade Federal de Alagoas com linhas de pesquisa em Finanças Públicas, Economia do Setor Público, Macroeconometria e Desenvolvimento Regional.
28/05/2024 às 14:09

A “polêmica” distribuição de renda no Brasil no período do ‘MILAGRE BRASILEIRO’: 1968-1973.

Uma das principais controvérsias do período do milagre se refere à questão da distribuição de renda no país. Apesar de a economia brasileira ter apresentado crescimento médio de 10,9% a.a. e a produção industrial ter registrado aumento de 12,2% a.a., assistimos, nesse período, um forte agravamento das desigualdades sociais. O Brasil conhece um elevado crescimento do produto interno bruto, todavia viveu um período de empobrecimento elevada caracterizada pelo aumento da taxa de mortalidade infantil e um recrudescimento da desigualdade da distribuição de renda.

AS EVIDÊNCIAS

Conforme se vê na tabela abaixo, os salários foram bastante influenciados pelas políticas econômicas adotadas pela reforma econômica de 1967, aprofundando o “fosso” social:


A figura abaixo ajuda a mostrar a ampliação do desvio na distribuição de renda durante o “milagre”. Pode-se perceber que, entre 1970 e 1972, por exemplo, a renda dos 50% da população mais pobre do Brasil diminuiu cerca de 30%, enquanto o rendimento dos mais ricos cresceu próximo de 25%.


AS EXPLICAÇÕES PARA O FENÔMENO

Duas escolas econômicas concorreram para explicar o aparecimento do aumento da desigualdade de renda nesse período: os “neoclássicos” e os “estruturalistas”.

Os neoclássicos, liderados pelo economista e ex-presidente do Banco Central, Carlos Langoni, se basearam na teoria do capital humano para explicar esse fenômeno. Os “estruturalistas, como os economistas Edmar Bacha, Albert Fishlow e Pedro Malan, pais do plano Cruzado, identificaram as políticas de ajustes estruturais, a origem do aumento da desigualdade brasileira, nesse período.

Langoni, baseou-se em fatores como idade e nível de escolaridade da mão-de-obra e, também, do aumento da inserção da mulher no mercado de trabalho,  para explicar o aparecimento da desigualdade no país. Segundo ele, nesse período, a massa salarial, no Brasil, teve uma importante mudança de perfil: a proporção de trabalhadores analfabetos teve uma sensível diminuição, enquanto a participação dos trabalhadores qualificados teve um crescimento importante. Para ele, esse agravamento da desigualdade no Brasil era “temporária” e provocada pelo aumento desenfreado da demanda da mão-de-obra qualificada.

Os estruturalistas, por sua vez, criticaram fortemente a tese da existência de desequilíbrio dos neoclássicos. Utilizando os números da economia apresentados no período, os estruturalistas mostraram que, para que as teses de Langoni fossem verificadas, o PIB per capita deveria dobrar, o que não se verificou. A origem da desigualdade brasileira, para eles, estava na adoção das políticas de “substituição das importações” implantadas no governo militar.

No seu ponto de vista? Como se deu a desigualdade nesse período?

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