OPINIÃO E INFORMAÇÃO Facebook Twitter
Maceió/Al, 21 de dezembro de 2024

Colunistas

Jorge Luiz Bezerra Jorge Luiz Bezerra
É professor universitário, advogado, Mestre em Direito pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), delegado de Polícia Federal aposentado, especialista em Política Criminal, Segurança Pública e Privada, além de autor de diversos livros e artigos jurídicos.
20/12/2024 às 05:26

Quem não tem medo do Lobby mau( intencionado?)

A questão do lobby por parte de juízes na Câmara Federal tupinambá contra o fim dos supersalários levanta importantes reflexões sobre a separação dos poderes e a ética na atuação de magistrados. Ao considerarmos as ideias de pensadores como Montesquieu, Rousseau, Adam Smith, Ruy Barbosa, Sobral Pinto, Clarence Thomas e Thomas Sowell, achamos bases doutrinárias para criticar essa conduta à luz de princípios fundamentais da filosofia política e da economia.

Montesquieu e a Separação dos Poderes

Montesquieu, em sua obra "O Espírito das Leis", enfatiza a importância da separação dos poderes como um meio de evitar a tirania e a concentração de poder em uma única esfera governamental. A atuação de juízes como lobistas na esfera legislativa fere este princípio, uma vez que compromete a independência do Judiciário ao interferir nas deliberações do Legislativo. Essa imiscuição pode gerar um conflito de interesses, prejudicando a imparcialidade que se espera dos magistrados.

Rousseau e a Vontade Geral

Jean-Jacques Rousseau, em "O Contrato Social", argumenta que a verdadeira legitimidade política vem da vontade geral, que representa o bem comum da sociedade. O lobby dos juízes em defesa de supersalários pode ser visto como uma ação que prioriza interesses individuais ou de uma casta, em detrimento da vontade geral da população, que clama por justiça social e equidade. Essa defesa de privilégios pode perpetuar desigualdades e enfraquecer a confiança da sociedade no sistema judicial.

Adam Smith e a Ética

Adam Smith, frequentemente associado ao liberalismo econômico, também discutiu a importância da ética nas relações sociais e políticas. A defesa de supersalários por parte dos juízes pode provocar a percepção de que a classe judicial está desconectada das realidades econômicas enfrentadas pela população. O avanço de uma agenda que prioriza interesses corporativos em detrimento do bem-estar geral pode corroer a legitimidade da Justiça e fomentar a desconfiança nas instituições.

### Ruy Barbosa e a Moralidade na Política

Ruy Barbosa, defensor da moralidade na política brasileira, sempre buscou a transparência e a ética nas relações entre poderes. A conduta dos juízes em fazer lobby por seus próprios interesses fere o princípio da moralidade que Barbosa tanto defendia, criando um ambiente propício à corrupção e à imoralidade nas esferas públicas.

Sobral Pinto e os Direitos Fundamentais

Sobral Pinto, conhecido por sua luta pelos direitos humanos e pela justiça, nos lembra que a verdadeira função do Judiciário é a proteção dos direitos fundamentais, não a defesa de privilégios. O envolvimento ativo dos juízes em processos legislativos que visam defender seus próprios interesses financeiros vai de encontro à sua função primária de garantir justiça e equidade.

Clarence Thomas e a Imparcialidade Judicial

No contexto americano, o honoravel Juiz da Suprema Corte dos EUA, Clarence Thomas tem sido um exemplo do papel dos juízes como guardiões da Constituição, sem se deixarem influenciar por pressões externas. A ideia de que juízes possam fazer lobby para proteger seus próprios interesses salariais sugere uma falta de compromisso com a imparcialidade e a responsabilidade de atuar como servidores da lei, não como protagonistas políticos.

Thomas Sowell e a Análise Crítica

Por fim, Thomas Sowell, com suas análises sobre as consequências não intencionais de políticas públicas, nos lembra que a defesa de supersalários pelos juízes pode ter repercussões negativas na percepção pública da Justiça e no funcionamento do Estado. Essa prática pode levar a uma maior insatisfação e desconfiança nas instituições, dificultando a confiança necessária para a coesão social.

Conclusão

Em suma, a conduta dos juízes ao se imiscuírem no Poder Legislativo para defender supersalários é criticável sob várias perspectivas. A intersecção de interesses, a falta de compromisso com a ética e a moralidade, e a violação dos princípios fundamentais da separação dos poderes e da vontade geral são formas de enfraquecer a integridade do sistema judicial e, consequentemente, a própria democracia.

Comentários

Siga o AL1 nas redes sociais Facebook Twitter

(82) 996302401 (Redação) - Comercial: [email protected]

© 2024 Portal AL1 - Todos os direitos reservados.