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Maceió/Al, 05 de fevereiro de 2025

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Jorge Luiz Bezerra Jorge Luiz Bezerra
É professor universitário, advogado, Mestre em Direito pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), delegado de Polícia Federal aposentado, especialista em Política Criminal, Segurança Pública e Privada, além de autor de diversos livros e artigos jurídicos.
14/01/2025 às 15:54

Caxias e Churchill contra o crime organizado no Brasil

Churchill e Caxias Churchill e Caxias

Hipótese

Imaginemos que em algum local paradisíaco na Eternidade, se encontraram um dos maiores estrategistas da humanidade, o Primeiro-Ministro britânico Winston Churchill, que dispensa maiores apresentações, com o maior estrategista brasileiro, Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, um dos heróis da Guerra do Paraguai. Nesse encontro de comensais no Além, Caxias, queixava-se que estava muito preocupado com o insucesso das autoridades brasileiras diante dos altos índices da criminalidade no Brasil, principalmente com a hegemonia das facções criminosas, cada vez mais agressivas usando o nosso país com um dos maiores entrepostos do narcotráfico mundial. Na ocasião, Churchill solicito, disse que poderia sugerir algumas medidas a serem encetadas contra o Crime Organizado e contra a Guerra às Drogas, pois afinal de contas, de conflito bélico ele entendia, já que fora um dos grandes vencedores da II Grande Guerra. Também na ocasião, Churchill lembrou a Caxias, que já havia ouvido falar das vitórias dele contra os paraguaios e estimulou a Caxias, o nosso Patrono do Exército que também teria muito desses conhecimentos a posteridade. Considerando esse raciocínio hipotético, será que as estratégias de Churchill e Caxias não poderiam ser aproveitadas na luta contra os bandos armados que comandam o crime a partir de favelas cariocas e da periferia paulista?

Certamente que sim. Dessa conversa entre Churchill e Caxias numa paisagem edênica, entre várias xícaras de chás, torradas e geleias, discutiram táticas para enfrentar o crime organizado e o tráfico de drogas no Brasil, suas experiências e insights poderiam ser extremamente valiosos. Aqui estão algumas estratégias inspiradas em suas abordagens históricas:

Estratégias de Winston Churchill

1.  Unidade e Colaboração Internacional

- Churchill foi um mestre em formar alianças. No contexto brasileiro, isso poderia traduzir-se em maior colaboração internacional para combater o tráfico de drogas, incluindo cooperação com agências de inteligência estrangeiras e organizações internacionais.

- Criar parcerias com países vizinhos para controlar as fronteiras e impedir o fluxo de drogas.

2. Comunicação e Propaganda

- Churchill era conhecido por seu uso eficaz da propaganda para manter o moral e a determinação. Uma campanha de comunicação robusta poderia ser utilizada para mobilizar o apoio público contra o crime organizado, promovendo a importância da colaboração comunitária.

- Utilizar mídia e redes sociais para educar a população sobre os perigos do tráfico de drogas e incentivar a denúncia de atividades suspeitas.

3. Operações de Inteligência

- O uso extensivo da inteligência militar foi uma marca registrada de Churchill. Implementar operações de inteligência sofisticadas para identificar e desmantelar as lideranças das facções criminosas.

- Investir em tecnologias de vigilância e análise de dados para monitorar atividades criminosas e prever movimentos das quadrilhas.

4. Operação Coordenada e Decisiva (Comparável à Evacuação de Dunquerque)

Aplicação no Brasil: Realizar operações conjuntas envolvendo todas as forças de segurança (Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Federal, Guarda Nacional e Forças Armadas). Assim como em Dunquerque, a coordenação precisa ser precisa para minimizar perdas e maximizar os resultados.

• Exemplo: "Operação Cerco Integrado": Mobilizar forças para isolar completamente áreas críticas do tráfico. Utilizar bloqueios logísticos para evitar entrada e saída de drogas, armas e dinheiro.

5. Inteligência e Tecnologia (Análogo à Batalha da Grã-Bretanha)

• Aplicação no Brasil: Investir em tecnologia, como drones de vigilância, câmeras com reconhecimento facial e sistemas de monitoramento de telecomunicações. Assim como o radar foi decisivo contra a Luftwaffe, o uso de big data e inteligência artificial pode prever e desmantelar atividades do crime organizado.

Exemplo: Criar um "Centro de Comando Inteligente" regional que centralize informações das polícias e das Forças Armadas, com apoio de ferramentas como o Muralha Paulista e algoritmos preditivos.

6. Controle de Recursos Críticos (Equivalente à Operação Mers-el-Kébir)

Aplicação no Brasil: Destruir a capacidade operacional das organizações criminosas, confiscando bens, interceptando fluxos financeiros e destruindo laboratórios de produção de drogas.

Exemplo: "Operação Fluxo Zero": Impedir a movimentação de recursos financeiros por meio de monitoramento bancário e bloqueios de contas ligadas a traficantes.

Estratégias do Duque de Caxias

“Sigam-me os que forem brasileiros” (Duque de Caxias)

A frase acima foi dita em 06 de dezembro de 1868, num momento dramático da batalha, quando os paraguaios infligiam muitas baixas aos brasileiros durante a Batalha de Itororó, na Guerra da Tríplice Aliança. O Marechal Luis Alves de Lima e Silva, então, Marquês de Caxias, com 65 anos, em seu cavalo, tomou a dianteira, atravessou a ponte acompanhado de toda a tropa, e venceu a batalha.

As estratégias militares do Duque de Caxias, Patrono do Exército Brasileiro e um dos maiores estrategistas militares da história do país, podem ser adaptadas para o combate

ao crime organizado e ao tráfico de drogas no Brasil. Suas campanhas durante as Guerras de Pacificação no Brasil e nos conflitos externos, como a Guerra do Paraguai, oferecem lições que podem ser contextualizadas para enfrentar desafios modernos de segurança pública. Abaixo estão os principais aspectos de sua abordagem militar e como podem ser aplicados:

1. Inteligência Estratégica e Conhecimento do Terreno

Como Caxias fazia: Durante as pacificações de províncias rebeldes, Caxias estudava profundamente o terreno e utilizava informações detalhadas para planejar suas ações, garantindo superioridade tática.

• Adaptação no combate ao crime organizado:

o Mapear detalhadamente as comunidades-alvo, identificando rotas de tráfico, áreas de influência e líderes criminosos.

o Utilizar inteligência artificial, drones e big data para substituir o reconhecimento físico.

o Criar centros integrados de inteligência que cruzem dados entre Polícia Federal, Forças Armadas, polícias estaduais e PRF.

2. Ação Coordenada e Mobilização de Forças

Como Caxias fazia: Ele promovia integração entre forças regulares e locais, alinhando estratégias de curto e longo prazo.

• Adaptação no combate ao crime organizado: o Promover operações conjuntas entre a Guarda Nacional, as polícias estaduais, a Polícia Federal e as Forças Armadas.

o Criar protocolos claros para evitar conflitos de competência e garantir eficiência operacional.

3. Controle Logístico e Bloqueios

Como Caxias fazia: Ele cortava suprimentos e rotas de comunicação do inimigo para enfraquecê-lo antes de um ataque direto.

• Adaptação no combate ao crime organizado:

Implementar bloqueios logísticos nas entradas e saídas de comunidades dominadas por traficantes, impedindo o fluxo de drogas, armas e dinheiro.

Fiscalizar rotas estratégicas, como o Porto de Santos, entre outros portos, aeroportos, campos de pouso e rodovias que conectam áreas produtoras de drogas a grandes centros urbanos.

4. Discurso de Pacificação e Presença Sustentada

• Como Caxias fazia: Após vencer as batalhas, ele buscava reintegrar as regiões rebeladas ao controle central, com diálogo e medidas de estabilização.

Adaptação no combate ao crime organizado:

o Após operações repressivas, implementar programas sociais,

infraestrutura e serviços básicos nas comunidades.

o Criar um programa de reinserção de jovens em situação de vulnerabilidade por meio de educação, esporte e emprego.

5. Gestão do Moral e Conquista da População Local

Como Caxias fazia: Ele tratava as populações locais com respeito, evitando saques e abusos por parte de suas tropas.

Adaptação no combate ao crime organizado:

Garantir que forças de segurança respeitem os direitos humanos durante operações, evitando abusos que alienem a população.

Promover campanhas de comunicação para engajar as comunidades no esforço contra o tráfico.

6. Ofensivas Cirúrgicas e Eficiência Operacional

Como Caxias fazia: Ele preferia ações rápidas e cirúrgicas, evitando batalhas prolongadas e desnecessárias.

Adaptação no combate ao crime organizado:

o Planejar operações de entrada, apreensão de líderes e saída, minimizando o impacto sobre moradores inocentes.

o Priorizar inteligência para neutralizar líderes do tráfico sem necessidade de ocupações prolongadas.

7. Parcerias e Reforço de Alianças

Como Caxias fazia: Ele mantinha alianças com tropas e lideranças locais para garantir apoio em suas campanhas.

Adaptação no combate ao crime organizado:

Estabelecer parcerias entre governos estaduais e federal, além de colaboração internacional para combate ao tráfico transnacional.

Criar redes de cooperação com organizações civis e ONGs que atuem em áreas de vulnerabilidade.

Metas a serem alcançadas

1. Redução do Poder do Tráfico: Isolamento logístico e perda de influência dos traficantes.

2. Conquista da Confiança Local: Populações das comunidades começam a cooperar com as forças de segurança.

3. Sustentabilidade: Ações repressivas são seguidas por políticas sociais de longo prazo.

4. Prevenção de Retaliações: Operações bem planejadas evitam violência desnecessária, reduzindo conflitos posteriores.

Considerações Finais

A eficácia das estratégias de Caxias decorre de sua combinação de força militar e ações políticas. No combate ao crime organizado, o mesmo equilíbrio é necessário: ações repressivas isoladas não são suficientes; é preciso reestruturar as comunidades e reintegrá-las ao tecido social. Caxias, em sua visão de longo prazo, mostrou que a força, quando usada com planejamento e inteligência, pode criar as bases para uma paz duradoura.

Essas táticas combinariam a habilidade diplomática, de planejamento e de comunicação de Churchill com a experiência militar e reformista de Caxias, criando um plano abrangente para enfrentar o crime organizado e o tráfico de drogas no Brasil. Resta agora, torcer que um dos nossos líderes sonhem este mesmo nosso “sonho sonhado” como disse o poeta e/ou que tenha a mesma imaginação assimilando as lições desse dois gigantes da História. Enquanto, não atentarem que no passado há grandes lições para uso na atualidade, segue o baile ou melhor o chá!

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