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Maceió/Al, 22 de dezembro de 2024

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Jorge Luiz Bezerra Jorge Luiz Bezerra
É professor universitário, advogado, Mestre em Direito pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), delegado de Polícia Federal aposentado, especialista em Política Criminal, Segurança Pública e Privada, além de autor de diversos livros e artigos jurídicos.
06/09/2018 às 15:31

A cultura do apreço ao civismo e as civilidades

Os casos de corrupção têm tomado conta dos noticiários brasileiros nos últimos anos, com mais intensidade após a denúncia do Mensalão do PT e do Escândalo da Petrobras, este apontado como o maior caso de corrupção da história do País, quiçá, do Mundo, nos Séculos XX e XXI.

Apesar do foco em casos mais estrondosos e midiáticos, convêm lembrar que a corrupção se alastrou ao longo da nossa história desde o Descobrimento como uma epidemia nas diferentes esferas do poder público, incluindo repartições federais, órgãos estaduais e municipais.
De forma alarmante, casos de improbidade administrativa e crimes contra a administração pública estão presentes até em unidades escolares e postos de saúde. Um dos fatores que mais chamam atenção é o baixo índice de condenações quanto a essas situações, atingindo cerca de 30% dos réus nas justiças estaduais, segundo estudo das entidades oficiais.

Trata-se de uma matéria tão problemática que, na última eleição presidencial, ganhou grande espaço nos debates entre os presidenciáveis. Não foi por menos que os principais candidatos prometeram austeridade nas investigações de denúncias na esfera federal. 
A presidente eleita (Dilma Rousseff) prometeu medidas para acabar com a impunidade nos casos de corrupção, com liberdade para apuração com rigor. Como se fosse ela que comandava a Policia Federal, Ministério Público Federal e Estadual e o Judiciário nas investigações e prisões contra os corruptos, em sua imensa maioria do partido governamental e seus aliados. 

Não é bem assim. Essas instituições numa democracia têm vida própria. A isso chamamos ideais republicanos.

Aliás, não podemos olvidar que a própria presidente foi cassada pelo Congresso Nacional por conta de desvios de conduta. Nesta mesma toada, a Justiça determinou a prisão e condenou quase todos os corruptos envolvidos no Escândalo do Petrolão, inclusive o ex-presidente Lula, apontado como o chefe da organização criminosa que governou o país durante 14 anos do governo petista.

De fato, os governos em todas as esferas, têm um grande desafio pela frente, levando-se em conta que casos de improbidade administrativa e crimes contra a administração pública estão enraizados na cultura da sociedade brasileira.

Quem não se lembra do jargão: "rouba, mas, faz", em alusão a gestão do ex-governador paulista Ademar de Barros, que muito construía, mas, pelo que consta, muito também desviava.

O maior desafio é além de pôr freios na corrupção sem limites no País, ir até o fim das investigações e julgamentos envolvendo o Mensalão da Petrobras, passando pela implantação de uma filosofia, de um verdadeiro evangelho da ética, moral e civismo face a todos os tipos de incivilidades como: abuso de drogas, inclusive do álcool por menores, corrupção, depredação, pornografia na internet, pedofilia, exploração sexual, homofobia, violência doméstica, consumo de produtos piratas entre outras mazelas da vida moderna.

Disseminar nas escolas, clubes esportivos, associações culturais e de serviços uma cultura de apreço pela prática de civilidades como verdadeiro antídoto contra maus hábitos, anticorrupção em prol da formação de futuros cidadãos.  Inoculando no sangue novo dos estudantes através de cartilhas, HQs (histórias em quadrinhos), peças teatrais e outras atividades lúdicas e recreativas, a doutrina de dizer *NÃO A TODAS AS FORMAS DE INCIVILIDADES, INCLUSIVE A TOLERANCIA A CORRUPÇÃO*. 

*A proposta é incentivar que o cidadão consciente não tolere os menores deslizes como forma de não estimular a incidência de crimes sérios, como roubos, estupros, tráfico de drogas e armas ou de impacto econômico, como os crimes de colarinho branco*. Dizer *NÃO*, inclusive a “CERVEJINHA” dada ao guarda de transito, quando somos flagrados numa infração, assim como denunciar quaisquer golpes no erário dados por políticos e outros mal-intencionados, bem como, todas as condutas criminosas que afetam a qualidade de vida das comunidades.

Como é sabido, *civilidade* é o conjunto de formalidades, de palavras e atos que os cidadãos adotam entre si para demonstrar mútuo respeito e consideração; boas maneiras e apego ao cumprimento das normas de convivência.

A seu tempo, normas de convivência são as regras interiorizadas e majoritariamente aceitas como requisitos de uma vida social organizada, integrando não só os valores, princípios que orientam o comportamento dos indivíduos, mas também as normas de conduta que disciplinam a atividade desses indivíduos.

O *Civismo* refere-se a atitudes e comportamentos que manifestam os cidadãos na defesa de certos valores e práticas assumidas como os deveres fundamentais para a vida coletiva, visando a preservar a sua harmonia e melhorar o bem-estar de todos.

Em outras palavras, *CIVISMO* consiste no respeito aos valores, às instituições e às práticas especificamente políticas de um país. Dessa forma, o civismo é uma questão de cultura política.

É justamente desse binômio *Civismo* como cultura política a ser seguida em conjunto com o apreço as *Civilidades* que acreditamos está o melhor caminho para a construção de uma nova mentalidade da juventude, buscando uma consciência cidadã, evitando o flerte com as incivilidades e práticas criminosas. 

A *Cultura do Civismo e da Civilidade* será o meme (O Gene Egoísta – R. Dawkins) a ser introduzido nas mentes das crianças e adolescentes, de modo a criar anticorpos contra essa corrente de pensamento nefasto e sofismático que o brasileiro “gosta de levar vantagem em tudo, certo!”, a tristemente conhecida “Lei de Gerson”.

*A partir dessas estratégias combater-se-iam desde cedo qualquer tendência a admirar golpistas, traficantes funkeiros que ostentam peças de ouro e armas automáticas e outros delinquentes, festejar picaretagens e outros comportamentos criminosos através da propagação de atitudes éticas e politicamente corretas*.

A luta a ser travada pela frente será gigantesca, mas, os governos não podem fugir dela, devendo enfrentá-la com coragem e mostrando que a impunidade não pode mais ser tolerada. A população não deve se omitir, em rigor tem de ser a primeira não só a cobrar e acompanhar, mas, lutar junto com as autoridades por mudanças nessa realidade deletéria que corrói a nossa sociedade e denigre a história de lutas libertárias de nossa Pátria. Essa transformação para melhor, começará com a *viralização* da *CULTURA DO APREÇO AO CIVISMO E A CIVILIDADE*.

Vamos todos *VIRALIZAR* o *CIVISMO* e a *CIVILIDADE*!     

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