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Colunistas

Myla Fernandes Myla Fernandes
É jornalista por formação, assessora de comunicação que cobre entretenimento no estado de Alagoas
05/05/2022 às 21:17

As Cangaceiras Guerreiras do Sertão

Fotos de Adriano Dória Fotos de Adriano Dória

Sucesso de crítica e público, o espetáculo tem texto e letras de Newton Moreno, direção de Sergio Módena, direção musical de Fernanda Maia e elenco formado por Marco França, Vera Zimmermann, Luciana Ramanzini, Luciana Lyra, Rebeca Jamir, Jessé Scarpellini, Marcello Boffat, Milton Filho, Pedro Arrais, Lola Fanucchi, Nábia Villela, Carol Bezerra, Eduardo Leão.

As Cangaceiras Guerreiras do Sertão estreou em 2019 no Teatro do SESI e é uma fábula inspirada nas mulheres que seguiam os bandos nordestinos atuantes contra a desigualdade social da região. A trama narra a história de um grupo de mulheres que se rebelam contra mecanismos de opressão encontrados dentro do próprio Cangaço, e encontram, umas nas outras, a força para seguir. Além de reflexões sobre o conceito de justiça social que o Cangaço representava, o espetáculo também reflete sobre as forças do feminino nesse espaço de libertação e sobre a ideia de cidadania e heroísmo.

Um pouco sobre a encenação

As canções originais foram compostas por Fernanda Maia (música) e Newton Moreno (letras), inspirados em ritmos da cultura nordestina. “Nas canções usei várias referências da música nordestina e tive uma abordagem afetiva desse material, por ser filha de paraibano e por ter morado no Nordeste enquanto fazia faculdade de música. Nessa época, pude entrar mais em contato com a cultura do Nordeste, que é de uma riqueza ímpar, cheia de personalidade, identidade, poesia e, ao mesmo tempo, muito paradoxal. Esse trabalho foi a união das vozes de todos. Não há como receber um texto de Newton Moreno nas mãos e não se encantar com o universo que existe ali”, conta Fernanda Maia.

Além dos atores cantarem em cena, o espetáculo traz cinco músicos para completar a parte musical (baixo, violão, guitarra, violoncelo e acordeão). Texto e música se misturam, palavra e canto se complementam, como se tudo fosse uma única linha dramatúrgica. “Optamos por uma narrativa que realmente seja uma continuação da cena e não um momento musical que pare para celebrar, ou para criar umas aspas dentro da história. Isso só é possível com canções compostas para o espetáculo. Buscamos um DNA totalmente brasileiro para a peça, tanto na embocadura, na fala, na construção do texto, como na interpretação dos atores. Não tem um modelo importado, não tem uma misancene importada, é uma investigação a partir de códigos que pertencem a uma estética do nosso país e do teatro brasileiro”, comenta o diretor Sergio Módena.

Como tudo começou

O produtor Rodrigo Velloni, o diretor Sergio Módena e o dramaturgo Newton Moreno queriam fazer uma parceria no teatro há tempos. Em 2018, o produtor Rodrigo Velloni sugeriu que colocassem um projeto no edital do Sesi-SP, juntos decidiram falar do feminino dentro do Cangaço. Assim nasceu As Cangaceiras, Guerreiras do Sertão: um musical brasileiro inédito autoral.

Tanto a questão do protagonismo feminino como a questão da cultura e da história do Nordeste sempre foram muito presentes na dramaturgia e no teatro feitos por Newton Moreno. “Eu achei que falar sobre as Cangaceiras unia essas duas fontes. Uma escuta sensível a várias vozes femininas, quebrando o silêncio e falando sobre tantas violências, isso me fez pensar sobre os espaços onde não imaginamos que existam lutas silenciosas ou que não são mostradas. Simultaneamente, acessamos documentários, materiais de internet, notícias de jornal e o livro “Maria Bonita: Sexo, Violência e Mulheres no Cangaço”, da Adriana Negreiros, que discute a trajetória de Maria Bonita, falando que, apesar de o Cangaço ser um espaço de liberdade para algumas mulheres, era também um lugar violento. O cangaço reproduzia alguns mecanismos de violência do Sertão – abusos, estupros, desmandos. Enfim, ficou relativizado esse lugar de liberdade. Então, o Cangaço acabou virando um trampolim, uma janela, para falarmos sobre a situação de hoje. Por isso, fizemos a opção de não contar – elas são inspiração, mas não contamos a biografia de nenhuma dessas mulheres. Não há registro histórico de um bando dessa natureza. Mas, e se houvesse?”, explica Newton.

Um pouco da trama

Uma das grandes características dessa dramaturgia é seu caráter fabular e não de uma reprodução histórica e factual do que foi o Cangaço e o próprio Nordeste brasileiro da época.

O enredo começa quando Serena (personagem de Rebeca Jamir) descobre que seu filho, que ela acreditava ter sido morto a mando do marido, Taturano (personagem de Marco França), está vivo. Ela, então, larga seu grupo do Cangaço, chefiado por Taturano, para partir em busca de seu bebê. Neste momento ela não tem a dimensão de que sua luta para encontrar o filho se tornará uma luta coletiva, maior que seu problema pessoal. Outras mulheres que formavam o bando se engajam nessa batalha, além de futuras companheiras que cruzam seu caminho.

“A partir do momento que essa dramaturgia traz um bando de mulheres, que é algo que nunca ocorreu, temos uma liberdade para abrir várias janelas de reflexão, inclusive, fazendo um paralelo com o que estamos vivendo hoje. É uma reflexão sobre o sistema de opressão, no caso a mulher, mas você pode estender para qualquer camada social que está ali sendo historicamente oprimida”, completa o diretor.

FICHA TÉCNICA

MINISTÉRIO DO TURISMO E CHEVROLET SERVIÇOS FINANCEIROS APRESENTAM: Uma produção original do Sesi-SP, encenado em 2019, no Teatro do Sesi-SP, Centro Cultural Fiesp, Realização: Velloni Produções Artísticas.

Elenco: Marco França, Vera Zimmermann, Luciana Ramanzini, Luciana Lyra, Rebeca Jamir, Jessé Scarpellini, Marcello Boffat, Milton Filho, Pedro Arrais, Lola Fanucchi, Nábia Villela, Carol Bezerra, Eduardo Leão. Músicos: Pedro Macedo (contrabaixo), Bruna Duarte (contrabaixo), Daniel  Warschauer (acordeon), Carlos Augusto (violão), Abner Paul (bateria), Felipe Parisi (violoncelo) | Dramaturgia: Newton Moreno | Direção: Sergio Módena | Produção: Rodrigo Velloni | Direção Musical: Fernanda Maia | Canções Originais: Fernanda Maia e Newton Moreno | Coreografia: Erica Rodrigues | Figurino: Fabio Namatame | Cenário: Marcio Medina | Iluminação: Domingos Quintiliano | Assistente de Dramaturgia: Almir Martines | Diretor Assistente: Lurryan Nascimento | Pianista Ensaiador e Assistente de Direção Musical: Rafa Miranda | Designer Gráfico e Ilustrações: Ricardo Cammarota | Fotografia: Priscila Prade | Produção Executiva: Swan Prado | Assistente de Produção: Adriana Souza e Bruno Gonçalves | Gestão Financeira: Vanessa Velloni | Administração: Velloni Produções Artísticas | Assessoria de imprensa: Pombo Correio.

SERVIÇO:

Espetáculo: As Cangaceiras, Guerreiras do Sertão

Local: Teatro Gustavo Leite – Centro de Convenções de Maceió

Dia: 28 de maio de 2022

Horário: 21h

Duração: 120 minutos
Classificação: 12 anos

Ingressos:

Plateia: R$ 60,00 (meia-entrada) e R$ 120,00 (inteira)
Mezanino: R$ 40,00 (meia-entrada) e R$ 80,00 (inteira)
Link de vendas: https://bit.ly/3kzeSVW

OBS: Tem direito a meia entrada, desde que apresentem documento na entrada do teatro: estudantes, pessoas com deficiência, professores e maiores de 60 anos.

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