OPINIÃO E INFORMAÇÃO Facebook Twitter
Maceió/Al, 28 de março de 2024

Colunistas

Myla Fernandes Myla Fernandes
É jornalista por formação, assessora de comunicação que cobre entretenimento no estado de Alagoas
07/04/2022 às 20:51

Instituto Cultural Vale apresenta “Cura”, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura

Divulgação Divulgação

Deborah Colker dedicou seu tempo, nos últimos anos, a buscar uma cura. No caso, uma solução para a doença genética que seu neto tem, a epidermólise bolhosa. Dessa angústia pessoal nasceu o novo trabalho da Cia. Deborah Colker, um espetáculo que vai muito além do aspecto autobiográfico. “Cura” trata de ciência, fé, da luta para superar e aceitar nossos limites, do enfrentamento da discriminação e do preconceito. A dramaturgia é do rabino Nilton Bonder e a trilha original é de Carlinhos Brown.

O espetáculo estreou em 6 de outubro de 2021, na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, e passou por nove cidades, com um total de 48 apresentações, e um público total de 50.000. Já a turnê 2022 iniciou com temporada no Teatro Casa Grande, no Rio de Janeiro entre 27 de fevereiro e 20 de março. Durante o ano de 2022, todas as apresentações do espetáculo “Cura” contarão com audiodescrição para deficientes visuais.

A coreógrafa concebeu o projeto em 2017, mas foi no ano seguinte, com a morte de Stephen Hawking, que encontrou o conceito. Embora acometido por uma doença degenerativa, a ELA (Esclerose lateral amiotrófica), o cientista britânico viveu até os 76 anos e se tornou um dos nomes mais importantes da história da física. Deborah percebeu que há outras formas de cura além das que a medicina possibilita.

– Quando foi diagnosticado, os médicos deram a Hawking três anos de vida. Ele viveu mais 50, criativos e iluminados. Entendi o que é a cura do que não tem cura – conta.

A estreia aconteceria em Londres em 2020, mas a pandemia não permitiu. O adiamento deu ao espetáculo mais um ano de pesquisas, transformações e reflexões.

– A pandemia me fez ter certeza de que não era apenas da doença física que eu queria falar. A cura que eu quero não se dá com vacina – afirma.

Há dores mostradas no palco, mas há esperança no final. Ela diz que procurou preservar a alegria necessária à vida. Um ingrediente para isso foi a semana que passou em Moçambique durante a preparação, quando conheceu pessoas que não perdiam a vontade de viver, apesar das muitas dificuldades.

 – Fui procurar a cura e encontrei a alegria.

Deborah incorporou ao espetáculo referências das três religiões monoteístas e elementos de culturas africanas, indígenas e orientais. Logo no início, conta-se a história de Obaluaê, orixá das doenças e das curas.

– A ponte entre fé e ciência me ajudou muito. Fui experimentar o invisível, a sabedoria do invisível – diz.

Numa cerimônia realizada quando da morte do seu pai, Deborah conheceu o rabino Nilton Bonder, autor de “A alma imoral” e muitos outros livros. Ao planejar “Cura”, decidiu convidá-lo para desenvolver a dramaturgia. Dentre tantas contribuições, ele ressaltou que “pedir é curar”, ideia que gerou uma cena. Também apontou que “a grande cura é a morte”, o que motivou uma coreografia com dois bailarinos dançando ao som de “You want it darker”, de Leonard Cohen.

– O espetáculo apresenta todos os recursos imunitários e humanitários em aliança pela cura. A ciência, a fé, a solidariedade e a ancestralidade são o coquetel de cura do que não tem cura. Concebido antes desta pandemia, o título não é um “conceito”, mas um grito! – afirma Bonder.

Carlinhos Brown foi convidado, inicialmente, para compor apenas o tema de Obaluê. Acabou criando praticamente toda a trilha, inclusive a canção inicial, dos versos “Traga meu sorriso para dentro” e “Sou mais forte do que a minha dor”.

– A música veio na minha cabeça logo depois da primeira conversa com Deborah. Eu pensei: “Isso é um chamado, não é uma trilha normal”. É um trabalho muito mais profundo do que “Carlinhos está fazendo uma trilha” – diz o músico.

Ele canta em português, ioruba e até em aramaico. Os 11 bailarinos também cantam, em hebraico e em línguas africanas. É algo que acontece pela primeira vez nos 27 anos de história da companhia.

Fundador da companhia ao lado de Deborah, o diretor executivo João Elias vê em “Cura” um passo ainda maior que o dado pela coreógrafa no trabalho anterior, “Cão sem plumas” (2017), baseado no poema de João Cabral de Melo Neto.

– Quando começou a coreografar, Deborah era mais abstrata, formal. Depois, passou a contar histórias, aprimorar dramaturgias. “Cão sem plumas” já era um espetáculo visceral, emocionante. “Cura” é ainda mais, mostra um grande amadurecimento – analisa ele.

Companheiro de Deborah em toda a trajetória, o cenógrafo e diretor de arte Gringo Cardia é outro que destaca a importância de “Cura” para a artista.

– Ela era toda ciência. Passou por um crescimento espiritual. Foi conversar com Deus neste espetáculo – afirma.

Sua assinatura está nas duas rampas que dão aos movimentos dos bailarinos a sensação de desequilíbrio. E está nas caixas que, entre várias funções, formam um muro.

– O muro passa a imagem de um grande obstáculo, mas ele se divide em vários pedaços. Então, é possível atravessá-lo. É como a gente faz nas nossas vidas – diz Gringo.

Nos figurinos de Claudia Kopke – que esteve em “Cão sem plumas” – as pernas podem ter estilos bem diferentes, traduzindo o desequilíbrio que é um dos nortes do espetáculo.

– Os bailarinos têm as cabeças cobertas, usam balaclavas, mas o final é dourado, de alegria – explica.

O iluminador Maneco Quinderé, que só havia trabalhado com a companhia em “Vulcão” (1994), também criou uma luz fragmentada, como sugerem as ideias de “Cura”. O final tem brilho, indicando renascimento.

– Cada segmento tem suas características, e eles formam um caleidoscópio – diz ele.

FICHA TECNICA

Criação, Coreografia e Direção DEBORAH COLKER

Direção Executiva JOÃO ELIAS

Música CARLINHOS BROWN

Direção de Arte e Cenografia GRINGO CARDIA

Dramaturgia NILTON BONDER

Figurino CLAUDIA KOPKE

Desenho de Luz MANECO QUINDERÉ

Assessoria de Imprensa FACTORIA COMUNICAÇÃO

Realização JE PRODUÇÕES LTDA.

Duração 1h15 MINUTOS (sem intervalo)

Classificação LIVRE

SERVIÇO

CIA. DEBORAH COLKER – CURA 

Local: Teatro Gustavo Leite – Centro de Convenções de Maceió

Datas: 16 de abril às 21h

  17 de abril às 20h

Valores:

Plateia A: R$ 70,00 (meia-entrada) e R$ 140,00 (inteira)

Plateia B: R$ 55,00 (meia-entrada) e R$ 110,00 (inteira)

Mezanino A: R$ 45,00 (meia-entrada) e R$ 90,00 (inteira)

Mezanino B: R$ 25,00 (meia-entrada) e 50,00 (inteira)

Vendas: Viva Alagoas – Maceió Shopping

Link de vendas: https://bit.ly/3HDln38

OBS: Obrigatório uso de máscaras, álcool em gel e apresentação do comprovante de vacinação.

  Estudantes, pessoas com deficiência, professores e maiores de 60 anos pagam meia-entrada.

Comentários

Siga o AL1 nas redes sociais Facebook Twitter

(82) 996302401 (Redação) - Comercial: [email protected]

© 2024 Portal AL1 - Todos os direitos reservados.