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Maceió/Al, 20 de abril de 2024

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Wadson Regis Wadson Regis
Jornalista profissional, formado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), é editor-geral do AL1.
28/09/2016 às 16:29

Julgamento da Taturana é piada midiática com efeito devastador

Quando o Tribunal de Justiça de Alagoas fez questão de emitir nota à imprensa, para que estendesse o convite à população, para que assistisse a sessão que julgaria alguns réus da Operação Taturana, aquela que há nove anos virou o Poder Legislativo de Alagoas de cabeça para baixo, muita gente deve ter acreditado que a Justiça estava prestes a punir um bando de parasitas que, segundo a Polícia Federal (PF), desviaram mais de R$ 300 milhões dos cofres da Assembleia Legislativa. Os profissionais da imprensa precisariam fazer cadastro para ter acesso à sessão, que seria aberta à população. Uma cena perfeita. Uma decisão pertinente. Seria...

O espetáculo (justifico no final deste post) começou como o Ministério Público Estadual (MPE) imaginava. Afinal, o procurador-geral Sergio Jucá fez um excelente relato do que foi o esquema desmontado com a Operação Taturana. Tenho certeza que nem o procurador-geral imaginava que um balde de água fria estava de prontidão, bem ali, pertinho dele.

A sessão começou com o relator Domingos Neto, da 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça mantendo a condenação em primeiro grau de nove réus, pela 18ª Vara Cível da Capital. É agora, disse um amigo jornalista que assistia ansioso aquela sessão. Mas a euforia da plateia foi rapidamente interrompida, quando o desembargador Fernando Tourinho pediu vistas, alegando ter pouco conhecimento dos mais de 13 mil volumes do processo. É óbvio que ele sabia que pediria vistas. É evidente que o Pleno do TJ/Al sabia que seria pedido vistas.

O pedido de vistas, senhoras e senhores, permitam-me a franqueza, foi um ato pensado e muito infeliz. Para que colocar em pauta um processo onde um dos três membros da corte sabia que não teria condições de emitir decisão? Para quem esperou nove anos, mais alguns dias não mudaria nada.

O problema – na verdade UM PROBLEMÃO – é que entre os réus da vez estão os deputados Paulão (PT) e Cícero Almeida (PMDB), que disputam a Prefeitura de Maceió. Como havia sido ventilado, em caso de confirmação da condenação os dois ficariam inelegíveis e perderiam os direitos políticos pelos próximos oito anos. Ou seja: em caso de condenação estariam fora da eleição.

Aquele julgamento não era um qualquer, o nobre desembargador sabe muito bem disso. Avisar na hora do voto foi um ato errôneo, se me permite Dr. Tourinho. Afinal, dentre os réus estão dois candidatos a prefeito da nossa Capital, em plena campanha.

Mas o pior ainda estava por vir... e veio. Com o pedido de vistas o voto seria proferido na quinta-feira, 29. Foi o que disse o nobre desembargador. Mas hoje, um novo adiamento foi confirmado e pelo mesmo motivo: pouco tempo para análise do processo.

Bem... como todos sabem, segundo as investigações e o posicionamento do Ministério Público Estadual, houve dolo, sim; houve má-fé, sim; houve corrupção, sim. Se serão punidos são outros quinhentos, mas é preciso que haja, em Alagoas, alguém que levante a bandeira da coragem de punir verdadeiros corruptos.

A vida, para muitos, continua sendo um grande espetáculo. (está explicado o espetáculo).

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