Dr Peri Brandão é um médico alagoano que (em 2004) resolveu dar um
tempo na medicina para arrumar a casa, como prefeito de Viçosa. Cumpriu sua
missão, dando uma lição de probidade, mas o povo não compreendeu. Ciente que
teria dificuldades no pleito seguinte, o médico nem quis disputar a reeleição –
mas saiu pela porta da frente.
O cardiologista Aliomar Lins também se viu vítima do sistema político vigente. Eleito vereador em Maceió, pelo PT, nas eleições de 1996, logo percebeu que o “mundo paralelo” da política tem como base revelar seres humanos. Também decepcionado, não disputou o segundo mandato e entrou no seleto grupo dos que entraram e saíram pela estreita porta da frente.
Os dois casos fazem parte das exceções da política. Para a quase totalidade dos que estão no exercício do mandato a vitória foi consequência do histórico familiar ou da compra de votos. São minoria os que chegaram lá com a força e vontade do povo.
No sistema político brasileiro, que de democrático tem apenas a nomenclatura, a vitória é importante, mas o que fazer com vitória é muito mais importante. É ainda onde está o nó.
Políticos como os médicos Peri Brandão e Aliomar Lins (nos casos mais recentes), Graciliano Ramos (prefeito de Palmeira dos Índios), Dilton Simões (prefeito de Maceió), Lamenha Filho e Luiz Cavalcante (governadores de Alagoas), só para citar alguns exemplos, conta-se na palma da mão.
Sistema corrompido
O desejo de cuidar das pessoas não tem sido a
base que norteia a política. Na contramão da decência, a maioria (geralmente) -
como aconteceu com os conceituados médicos Beto
Baía (prefeito de União dos Palmares) e Zé Márcio (prefeito de Maribondo) - entra “limpo” e logo se lambuza
- ou porque se revelam ou porque não tem a expertise de desmascarar o sistema
político corrompido. Beto Baía e Zé Márcio nem tiveram a oportunidade de
abdicarem do direito à reeleição; foram afastados dos cargos, acusados de
corrupção.
Politicamente, Alagoas é uma vergonha nacional. Na maioria das vezes porque os “vitoriosos” não compreendem que: na política a vitória é importante, mas o que fazer com a vitória é muito mais importante.
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