Publiquei, no ano passado, que Arthur Lira havia entrado no
ringue com Renan e não tinha como sair, mas a validade do que eu defendia terminaria
com o resultado das eleições gerais, que acabaram sendo favoráveis para os respectivos
guerrilheiros. Renan ganhou tudo, mas Arthur conseguiu a improvável reeleição
na Câmara.
Foram mais de três anos de silêncio profundo, até que Renan decidiu apostar todas as fichas na improvável eleição de Lula, quando o amigo ainda estava encarcerado. Renan foi na PF, no hospital e mantinha contato contínuo com o alto clero do PT e lideranças que, juntos, formariam um novo exército de coalizão. Para voltar à cena política, Renan Calheiros mirou e buscou Arthur Lira como alvo. O provocou e conseguiu o palanque que precisava para sair do isolamento. Na articulação, Renan é genial.
Renan conhece muito bem sua presa. Sabe que há dois Arthu’s que não se bicam. O que age em Alagoas é deficiente, mas ´o que atua em Brasília é proativo e poderoso - até demais. No item inteligência política Renan leva muita vantagem. Foi por isso que conseguiu atrair a atenção do presidente da Câmara Federal e colocá-lo no seu ringue. Foi graças aos erros constantes de estratégia de Arthur que Renan também conquistou o posto de garoto propaganda da Globo (após mais de uma década sendo castigado pelo grupo) e comandar a oposição ao presidente Bolsonaro. Foi Renan que colocou Lula no jogo da volta à Presidência da República.
Jogo reverso
Experiente, sagaz, mas ferido. Renan voltou como uma fênix, mas talvez não tenha
se livrado dos pesadelos da solidão política. Apenas isso explica a insistência
em passar dos limites da política com seu adversário. Desta vez percebo que é Renan
que não consegue sair do seu próprio ringue. Em Brasília o capital político de
Arthur permanece em alta e cada vez mais valorizado. Arthur é o dono da bola,
do campo de jogo e das regras, na Câmara Federal, pelo menos até o final do ano
que vem.
É preciso ter responsabilidade no que se faz, fala e no que se escreve. Alagoas tem um governador bem avaliado, os prefeitos das duas principais cidades do Estado bem avaliados, um ministro com protagonismo no Governo Federal e Renan jogando entulhos fedorentos no ventilador.
Está valendo a máxima: Ninguém é perfeito.
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