Se tem algo que me incomoda quando penso em Série B, é a forma como grandes meios de comunicação ignoram, de forma absurda, uma das competições mais importantes do nosso calendário. Ontem, após os jogos da terça, vivemos até uma noite atípica e a emissora que detêm os direitos de transmissão, a SporTV, começou o seu programa troca de passes, falando muito dos jogos.
Se essa vem sendo considerada a maior Série B de todos os tempos, com certeza não estamos sentindo isso nos programas de debate em nossos principais meios de comunicação. Continua muito o mais do mesmo e vemos uma enorme quantidade de torcedores chateados e frustrados porque só falam do seu time se enfrentar um bem maior.
Bem, parei para pensar e vi que o canal em questão não tinha muitas opções de seguir o embalo da transmissão de CRB e Botafogo, já que a Copa América eles não passam. Claro, que o fato de ter Botafogo e Cruzeiro em campo já ajuda e explicar o porque do destaque. Com todo respeito, se o jogo fosse Brusque e Confiança, acho quase impossível eles não começarem o programa pela Eurocopa, por exemplo.
A grande verdade, é que se a emissora que transmite, em muitos casos não passa nem por alto pelo o que aconteceu na rodada, imaginem os canais que não transmitem. No último sábado (3), o troca de passes ignorou o jogo que o canal passou aberto para todo o Brasil, que foi CSA e CRB, mal falou do Sampaio Corrêa que venceu o Londrina e eu fico aqui sempre imaginando a carência de muitas torcidas da B em ver os principais canais dando ao menos algum destaque. Falaram do Sampaio 30 segundos, com metade desse tempo citando se o clube maranhense terá força para seguir no topo.
A questão não é qualidade da informação, mas sim o tempo que se dedica aos clubes que não são de maiores torcidas e que tanto os outros, precisam de patrocinadores fortes e assim fica difícil conseguir. Ontem, se o Caio Ribeiro não dá algum destaque ao CRB, só iriamos ouvir do porque o Botafogo perdeu.
Vejam o caso do programa Linha de Passe, da ESPN Brasil, uma referência do nosso jornalismo esportivo. Fazem edições de quase duas horas, passam quase uma falando de um jogo apenas e na outra hora restante a Série B, mesmo com rodada cheia, é ignorada. E estamos vivendo uma competição que contam com camisas muito pesadas, como assim nem dez minutos?
Estamos falando de mercados como Salvador, Florianópolis, Goiânia, Maceió, Recife, Belém, Curitiba, Rio de Janeiro, entre outros. São milhares de torcedores que hoje depende das mídias alternativas para se ter o mínimo de debate sobre a competição de uma forma mais abrangente.
Em Maceió, por exemplo, os torcedores de CRB e CSA tem a sorte de contar com resenhas esportivas no rádio e, também, o trabalho em canais do Youtube como o excelente TV Esporte Alagoano do jornalista Alberto Oliveira ou Na Rede Oficial, com o comando espetacular da jornalista Charlene Araújo. Eles garantem, sem dúvidas, que os torcedores de Alagoas tenham onde seguir o pós-jogo com qualidade. Fora isso, podemos contar com as resenhas esportivas das rádios no Youtube, o que seríamos sem os programas de rádio?
Se isto garante ao nosso nicho ter o que ver, não é raro encontrar por aqui torcedores de outros clubes participando dos nossos programas locais. Programas de ótima qualidade, mas que chegam lá em outros estados, também, porque o torcedor do Sampaio que tá no G-4, quer ouvir falar do time dele e os canais de TV ignoram.
As afiliadas da Globo têm excelentes profissionais, mas a rede não aproveita o potencial de grandes histórias que podem ser contadas. Eu entendo que Vasco, Cruzeiro e Botafogo são prioridades, o que não entendo é ver parte da nossa imprensa falar mais do Sunderland, do que do Londrina.
E se isso não vai mudar esse ano, vai mudar quando?
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