Quando o ano começa e nós vamos debater CSA e CRB os temas são os mais variados. Seja qual for a linha que você preferir, um caminho é obrigatório: A Série B do Brasileiro. Ir bem no Nacional é obrigação e a maior missão dos nossos representantes, sobretudo garantir sua permanência na elite do futebol brasileiro. Um problema que surge no caminho de ambos e muitos ignoram, é o nosso querido Campeonato Alagoano de Futebol.
Ele não é visto como parâmetro, ganhar o título é obrigação e perder para o rival é jogar os primeiros quatro meses de trabalho no lixo. E é aí que quero chegar, porque o CSA vive uma fase terrível hoje, muito porque quando foi eliminado pelo CRB, acreditou que manter o trabalho era o caminho a seguir. E não sei como explicar bem isso, mas o nosso futebol, infelizmente, manter trabalho que vem de derrota, por mais certo na teoria que isto seja para a situação, é lutar contra a nossa cultura esportiva. Não sabemos, não gostamos e não conseguimos conviver com a derrota.
Vou tentar explicar melhor...no dia 20 de fevereiro, o CSA com reservas atropelou o Náutico pela Copa do Nordeste, 3 a 1, fazendo três gols rápidos e naquele momento voando, com um ataque formado por Osvaldo, Didira e Dalberto. Um pouco depois, entre 23 de março e 7 de abril, o CSA foi eliminado da Copa do Nordeste e do Alagoano, duas vezes nos pênaltis e em jogos que ele poderia ter tido outra sorte (futebol tá nem aí com isso, sei bem!). Contra o Galo, Osvaldo acertou a trave, a bola correu na linha e saiu no último lance do jogo.
Duas eliminações, sendo a segunda para o maior rival (que depois levantou a taça) em um intervalo de 40 dias após atropelar o Náutico. Pego esse jogo do Náutico, para lembrar que nessa época o CSA liderava tudo que disputava, tinha vencido o CRB por 1 a 0 em jogo que foi muito dominante e ainda se reforçava com Osvaldo, por exemplo.
Mas foi em 7 de abril, justamente nessa noite de eliminação que o caldo azedou e o CSA teve o erro de não querer demitir o Chef. Nesse dia, o Mozart deveria ter sido demitido e o elenco ter sido bem mudado. Mas, Boroni, você sempre acredita que resultado no futebol sempre vem acompanhado de processo? Sim, na teoria o CSA não errou ao tentar manter o seu projeto. O problema está em nós, em nossa cultura esportiva, não sabemos perder e nessa hora, o único remédio é cortar fundo na carne ou voltar a vencer muito na sequência. E o CSA não fez nada disso!
Eu trabalhando no CRB senti isso na pele em 2018. Uma derrota na final por 2 a 0 e todo o ano foi por água abaixo em um jogo. Para escapar da Série C, foi preciso trabalhar quieto, “apanhar” muito das mídias sociais e mexer e remexer no time até algo funcionar, porque nada parecia dar certo. Mas, conseguimos!
Olho o CSA hoje, e só vejo similaridades com o meu 2018. Tinha um projeto na teoria bem elaborado dentro de campo, mas perder para o rival exige mais do que fazer o que projeto pede, não podemos esquecer da nossa cultura esportiva, ela é forte e manda mais do que quem trabalha com o futebol acha que pode controlar.
CSA manteve o Mozart e em junho o treinador decidiu pedir demissão. Não o julgo, mas ele com essa decisão empurrou o clube para uma situação terrível. O time foi montado para o estilo dele, até onde os jogadores o queriam no comando e ainda assim, acho que ele cansou de lutar contra os maus resultados e a nossa cultura esportiva. Me chamou a atenção quando o CSA venceu o Sport na Série B, time jogou bem, gol no finzinho e o Mozart saiu quase que correndo de campo, não quis comemorar e puxar o torcedor para o seu lado. Foi para mim um claro sinal de cansaço, sem falar suas entrevistas que não eram boas, sempre falando que o adversário era pior e etc.
E nesse samba todo que tento explicar, o CSA venceu apenas dois jogos em 17 rodadas! Chegamos em julho e o caos está armado. Quem tem culpa? Como explicar um elenco caro desse, ter um desempenho abaixo da crítica? Eu não sei todos os motivos, sei que o exemplo que usei do Mozart é apenas uma parte do problema.
Mas, grande parte ou não, para mim com certeza foi o início de tudo. No dia 7 de abril deste ano, o CSA tinha que ter chutado o seu projeto para longe, mandado o técnico embora e começado de novo. Seriam cinco dias para a primeira janela fechar, o início da Série B seria confuso, mas quem sabe agora o time não estaria nos trilhos de novo!?
Dizem que o Campeonato Alagoano não vale nada!? Perde ele para você ver! No momento a comunidade derrotada pode até minimizar o fato, mas a ferida é profunda e só cicatriza com um remédio chamado vitória. Duas pílulas dela em 17 rodadas, não cura nada, só mostra sua necessidade.
Estamos em 8 de julho, o CSA precisa cortar rápido na carne e voltar a vencer. Com qual treinador e com quantos reforços não sei, mas a ferida criada na queda do Alagoano ainda está inflamada, a fase de soprar para melhorar e por band-aid no local já passou.
Lamento pelo projeto, ou pelas ideias, podiam ser boas. Nossa cultura esportiva esmaga tudo isso e não adianta tentar explicar ou falar que as intenções eram boas, é preciso voltar a vencer.
Sempre digo, trabalhar com futebol é uma cachaça meus amigos....mas, dar uma dor de cabeça forte! Em um clube desse tamanho, com uma torcida apaixonada gritando na porta, não tem chá e sono que curem, tem que ser o remédio controlado e mais forte que você conseguir comprar.
Que a janela de 18 de julho venha logo, do jeito que está, não dá para continuar!
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