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Maceió/Al, 26 de abril de 2024

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Roberto Boroni Roberto Boroni
Jornalista de formação e que tem a crônica esportiva no coração. Ex-assessor de comunicação do CRB, Vivi de perto a Série B para saber que ela pode ser tudo, menos fácil!
24/08/2021 às 08:21

Marcos Barbosa e Rafael Tenório tiraram nosso futebol do caos e lhe garantiram um futuro

Marcos Barbosa e Rafael Tenório, juntos e cada um com sua visão, salvaram o nosso futebol (Foto: Arquivo internet) Marcos Barbosa e Rafael Tenório, juntos e cada um com sua visão, salvaram o nosso futebol (Foto: Arquivo internet)

Em um distante 19 de setembro de 2010, o CRB vencia o ABC no Rei Pelé por 1 a 0, com um gol de Luciano Dias, e com isto conseguiu escapar do rebaixamento para a Série D, o que teria a acontecido se o jogo tivesse terminado empatado. Neste mesmo mês, o CSA empatava com o Sampaio Correâ, também no Rei Pelé, e era eliminado pela equipe maranhense na quarta divisão. Uma temporada caótica para os gigantes de Alagoas, nada de título estadual e claramente empacados nas divisões inferiores do futebol brasileiro, com o agravante de estarem repletos dívidas e sem perspectivas, o futuro era assustador.

Um quadro grave e quase irreversível, que começou a mudar em 2011. Foi neste momento que Marcos Antônio de Oliveira Barbosa, Deputado Estadual, virou presidente do Clube de Regatas Brasil. Dono de uma personalidade forte, juntou sua capacidade administrativa e a embalou com a coragem que sempre marcou sua carreira, para transformar, em uma década, um clube quase falido para um dos mais bem administrados do País.

É preciso traçar esse paralelo, pois em janeiro de 2011 o CRB estava dez anos sem títulos, não tinha conta bancária, não possuía uma marca licenciada, não tinha estrutura para treinamentos e uma dívida milionária forjada em centenas de dívidas na Justiça. Seus patrimônios estavam por um fio de serem leiloados. Era realmente preciso muita coragem para assumir um clube de massa nessas condições.

E logo em 2011 o CRB conquistou o acesso para a Série B. E mais importante, resgatou a dignidade dos seus funcionários, que estavam com setes meses de salários atrasados. A vaga na Série B pode não ter sido programada para vir tão cedo, mas jogar a competição em 2012 abriu os olhos do CRB e seu presidente, pois ficou claro que para jogar a elite do futebol brasileiro era necessário mais do que ter bons jogadores, era preciso ter estrutura e um clube saudável para brigar por patrocínios em um mercado tão competitivo.

E o CRB foi dando um salto atrás do outro. Caiu, subiu novamente, pagou suas dívidas, construiu um moderno CT e passou a ser referência nacional quando o assunto era salários em dia. Marcos Barbosa não deu apenas ao CRB uma conta bancária, tornou ela gorda para os padrões do nosso futebol e em pouco tempo o Galo tinha marca própria, TV oficial, revista virtual e uma série de produtos lançados com a marca do clube. Isto em apenas quatro anos de administração.

E chegamos em julho de 2015. O CRB se consolidava como um clube estável e já olhava para o futuro com esperança. Neste momento, o CSA vivia com eliminações e fracassos na Série D, sofrendo por não ter calendário e o pior, não via uma saída fácil dessa tempestade. Surgiu então o empresário Rafael Tenório, eleito para recuperar um gigante que estava adormecido e meus amigos, isso que é um despertar.

Nesse momento é o quanto vemos a importância de termos dois rivais querendo o sucesso, pois um puxa o outro, mesmo sem querer. Rafael Tenório sabia que para competir com o CRB no Estadual, era preciso montar times fortes. E assim foi feito, o CSA voltou a disputar finais em condição de igualdade, montando elencos que ao terem a força de enfrentar uma equipe de Série B, conseguiu com brilhantismo sair da Série D e mirar voos bem maiores.

Com sua visão empresarial, logo implementou mudanças que fizeram o CSA ter o aporte de um clube de divisões superiores a sua. Um investimento alto em concentração, estrutura de treinamento, equipe multidisciplinar e, principalmente, um elenco sempre muito forte.

E o CSA foi subindo de divisões, conquistou a Série C e depois, brilhantemente, chegou na Série A. Tudo em apenas três anos de administração. Outro acesso que de repente não estava programado para vir tão cedo, mas que de novo abriu os olhos do futebol alagoano sobre o que precisa ser feito, se quisermos estar entre os grandes.

Hoje, nossos dois clubes são referências administrativas e são desejados pela maioria dos jogadores do nosso País. O CRB segue com nova administração, agora sobre o comando do empresário Mário Marroquim, que vem fazendo um grande trabalho e mantém o clube competitivo, sem abrir mão da austeridade. O CSA segue com Rafael Tenório, que está prestes para entregar ao clube um moderno CT, que está sendo construído na parte alta de Maceió.

Tenório pegou um clube sem calendário e vai entregar um clube que de causar inveja para a grande maioria. E olhe que tanto Rafael Tenório, quanto Marcos Barbosa, foram muito criticados na má fases dos times de futebol, mesmo fazendo tudo o que fizeram. É o que digo, é preciso ter muita coragem para lidar com massa em época de linchamento virtual na internet.

Dizem que quando concluir e entregar o CT, Rafael Tenório irá passar o bastão para um novo presidente no CSA.

Vai ser aí, quando olharmos para 2010, vamos conseguir entender bem o que Marcos Barbosa e Rafael Tenório foram para o futebol alagoano. Era um mundo sem vitórias, repletos de fracassos, dividas e falta de esperança no futuro. Em 2021, os dois brigam pelo acesso a Série A, pagam seus vencimentos rigorosamente em dia e não param de crescer suas estruturas, sejam físicas ou em qualificação profissional.

Por falar em dirigentes, importante ressaltar o grande trabalho que faz o Presidente de Federação Alagoana, Felipe Feijó, buscando sempre modernizar e estar ao lado dos clubes em suas demandas. Um dirigente de visão e que escuta os seus federados.

Muitos podem não gostar, ou não darem os seus braços a torcer, mas a verdade mais absoluta que temos é: Marcos Barbosa e Rafael Tenório salvaram o futebol alagoano de um triste fim e, sem dúvidas, o tempo vai se encarregar de colocar os dois na mais alta prateleira. Homens de coragem, visão e que tiveram e tem a personalidade que poucos possuem, encarar de frente um clube de massa em época de mídias sociais repletas de ódio e falta de empatia.

Aos dois, de quem ama o futebol e viveu sua infância no Rei Pelé como eu, o meu muito obrigado! Quando o público voltar aos Estádios, teremos muito jogo bom para ver em nossa terra, o que não seria possível se o mundo fosse como era em 2010.

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