Em um evento promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil nesta terça-feira, 29, o presidente do Senado Renan Calheiros defendeu mudanças radicais no sistema político brasileiro. O parlamentar enfatizou que o Senado está fazendo sua parte ao aprovar uma profunda reforma política para acabar com o que qualificou de “ eterna desconfiança da sociedade”.
Renan destacou o fim das coligações proporcionais, a criação da claúsula desempenho, e o fim instituto da reeleição, que será votado, ainda esta semana pelo Senado, como inovações que poderão dar uma nova configuração ao panorama politico brasileiro. “O Senado tem atuado. A dificuldade reside exatamente nesse sistema político caquético. Assumimos a responsabilidade de fazer mudanças radicais em um sistema que está falido, fedido e provoca desconfiança da sociedade. O atual sistema político é uma usina de crises", alertou Renan.
O presidente do Senado também criticou o excesso de partidos na democracia, o que segundo ele dificulta a construção de entendimentos e favorece as crises políticas. “A proliferação de legendas - hoje se não me engano já são 36 partidos - é essencialmente fragmentadora e dificulta a formação de maiorias proporcionando crises políticas recorrentes. Imaginem os senhores o que significa, do ponto da administração do Executivo, a negociação de uma proposta controversa com 36, 40 líderes de nanolegendas. É quase inadministrável”, enfatizou.
Crise política
Renan disse que 2016 ficará marcado como o ano que não terminou e alertou para os efeitos da atual crise no país. “A crise política, econômica e social bagunçou o Brasil e está punindo nossa economia, gerando um desemprego assustador”, advertiu. Ao encerrar o discurso Renan Calheiros reiterou que o atual modelo político é fonte de grave instabilidade, ancorada numa legislação político-eleitoral ultrapassada.
“O dito presidencialismo de coalizão é uma tentativa semântica de atribuir estabilidade numérica a governos que não têm estabilidade alguma. A caixa da Pandora, fonte dos desalinhos contemporâneos, está na legislação político-eleitoral-partidária, licenciosa e caduca. Eleições a cada biênio têm se mostrado muito dispendiosas, além de engessar administrações e provocar o esvaziamento dos legislativos. Por isso, a necessidade de enfrentarmos a coincidências de mandatos e tantos outros itens espinhosos da reforma política”, finalizou.
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